Capítulo 11

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Jung lia o jornal despreocupadamente. Como de costume, era o primeiro a chegar ao camarim na segunda-feira. Sempre gostou de levantar cedo e, se possível, assistir ao nascimento do sol. Este estilo diurno de vida se refletia também no seu profissionalismo, logo nunca estava atrasado para nada.

Folheando as páginas, começou a ler as notícias sociais. Por sorte, nada do BTS aparecia naquele dia. Depois de uma semana conturbada, pelo menos começavam os dias úteis sem nenhum percalço.

Ouviu o som da porta do camarim abrindo-se, e levantou os olhos. Surpreso, viu Kim entrar. O companheiro havia faltado às gravações na sexta-feira e um dia antes havia agido de forma muito agressiva. Por alguma razão, Hoseok acreditava que Namjoon não fosse aparecer.

Durante alguns segundos, o outro o observou, e então desviou os olhos. Namjoon semelhava estar mal humorado; mas, aquilo já não era uma novidade para Jung. Mesmo assim, tentou não deixar transparecer o quanto o clima ruim entre eles o abalava.

-Olá – murmurou.

Nada.

Namjoon não olhou em sua direção. Jung baixou a fronte constrangido por ter sido ignorado. Parecia que os dias afastados não haviam alterado em nada o sentimento de raiva que Namjoon mantinha para com ele.

Voltando os olhos para o jornal, Hoseok resolveu não insistir. Por mais que lhe doesse saber que Kim agora o tratava como um desconhecido, Jung tentava aparentar uma força que estava longe de sentir. Tudo que desejava agora era sair do camarim, e ir para casa chorar com privacidade.

Forçou os olhos ao jornal, e tentou se concentrar no que lia. Naquele instante, Hoseok não percebeu que era observado discretamente por Kim.

Namjoon não podia evitar sentir o coração disparar ao ver o loiro. Por que Jung tinha que ser tão bonito? Era provável que Hoseok fosse o homem nipônico mais belo do mundo, e talvez tivesse sido isso que fez com que Kim se sentisse atraísse por ele.

Lembrou-se da adolescência dos dois. A imaginação voltou aos anos em que percebeu que havia se apaixonado, e a forma com que se confessou a Jung numa noite enluarada. Quase sorriu ao recordar da forma com que, baixinho, Jung admitiu que também o amava. Namoraram de forma pura por meses, antes de começarem a ter um relacionamento mais profundo. O sexo com Hoseok fez Kim entender que não poderia viver relação mais completa com outra pessoa. Nunca ninguém o completaria como o amigo. Eram como almas gêmeas, encaixavam-se perfeitamente... Foram feitos um pro outro.

Contudo, o conto de fadas teve um fim.

Por mais que a perfeição física ocorresse entre eles, as personalidades opostas sempre causaram algum conflito. Até que não deu mais para voltar atrás. A briga que ocasionou o rompimento não foi à primeira. Durante mais de um ano, Kim insistiu para que Jung e ele assumissem o relacionamento publicamente. Não aguentava mais mentir! Não suportava mais ver mulheres e homens flertando com o namorado e não poder tomar nenhuma atitude. Cansou-se de ter que fabular aos pais sobre sua vida pessoal, e ter que vagar a noite – como um ladrão escondido – para ir até Hoseok.

Baixando a face, Kim começou a mexer numa sacola em cima da mesinha de centro do camarim. Não precisava de nada lá, mas queria alguma ocupação. Queria pensar e, ocupando as mãos, o cérebro sentia-se melhor para o raciocínio.

Levando-se em conta que Jung e ele não tinham absolutamente nada em comum a não ser a perfeição sexual, era provável que tudo que precisava para esquecer o loiro era arrumar alguém tão bom na cama quanto Hoseok.

Além de Melanie, a francesa com que transou em outra semana, Kim também se deitou com algumas garotas. Na ânsia de desprezar Jung, mal estava escolhendo. Precisava agir agora com mais cuidado e optar por uma pessoa mais admirável, alguém a quem pudesse realmente desejar com afinco. E quando arrumasse tal ser, esqueceria Hoseok facilmente.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora