Capítulo 9

49 9 2
                                    


Jimin encarou as paredes, ansioso. Lutando desesperadamente para manter os olhos abertos, o jovem suspirou.

Devia estar horrível, pálido e magro, deitado naquela cama como um quase morto.

A autoestima de Park havia praticamente desaparecido nos últimos anos. Junto com o declínio da relação, o rapaz havia perdido também o senso estético. Não conseguia mais ver beleza ao observar-se no espelho. A falta de elogios ou carinho de Jeongguk contribuíram para que seu estado se agravasse.

Erguendo as duas mãos ao rosto, cobriu a face. Sequer podia se lembrar da última vez que Jeon havia lhe beijado com amor. Mesmo antes dos dois pararem de fazer sexo definitivamente, as relações amorosas se resumiam a uma entrada rápida de Jeon no corpo de Jimin. Não havia muita preparação ou preliminar. Antes mesmo de Jimin sentir qualquer coisa, Jeongguk já havia acabado. E, apesar da revolta, Jimin não conseguia dizer absolutamente nada sobre o fato. Havia chegado a um ponto em que havia até alívio apenas por procurá-lo.

Assim, quando Jeon deu-lhe as costas pela primeira vez na cama, Jimin creu que a derrota era definitiva. Nas primeiras semanas, fingiu que não ligava para a indiferença do companheiro, mas depois do primeiro mês, acabou procurando-o. Diante da firmeza de Jeon, nada pôde fazer a não ser acreditar que realmente havia perdido completamente a beleza.

Antigamente, quando brigavam, Jimin vestia algo tentador, ou simplesmente esperava Jeon chegar em casa dentro de uma banheira de espuma. Convites quentes de sexo dentro d'água ou dentro do carro era rotina para ele. Entretanto, assim como a autoestima, a impetuosidade de Jimin se perdeu na passagem dos anos.

Ergueu os olhos, e percebeu Jeon entrando no quarto. O amante estava completamente assombrado por Jimin estar doente. Aquela reação causava um leve aquecimento no coração de Jimin. O desespero em achar que Jeongguk não havia se importado consigo havia sido a pior coisa que já havia passado. Assim sendo, estava aliviado por Jeon, ao menos, estar ali ao seu lado.

"Pelo menos somos amigos", pensou.

Mesmo que não o amasse mais, a atitude de ter aparecido no hospital de madrugada, e aceitado a incumbência dada por Jung em fazer companhia a Jimin, já demonstrava que o Riida ainda tinha, ao menos, sentimentos fraternos. Já era alguma coisa... Mesmo que não fosse exatamente o que Jimin sempre sonhou.

— Você precisa dormir... – A voz sussurrada de Jeon o tirou do devaneio.

Jimin mal conseguia manter os olhos abertos. Todavia, não queria dormir. Gostava de observar Jeongguk. E, aquele instante, era a primeira vez em meses que conseguia fazer isso sem ser agredido verbalmente.

Jeon sentou-se na cadeira de acompanhante ao lado da cama. Costumeiramente, era preguiçoso. Portanto, Jimin sabia que Jeongguk estava prestes a desabar de sono.

— Você pode ir pra casa, Jeon – disse, receoso.

Não queria ser mais um estorvo na vida dos amigos. Hoseok, anteriormente, estava lá quase dormindo em pé. Jeon, agora, tinha os olhos inchados e vermelhos.

—Vou ficar – a voz de Jeongguk era firme.

Não dava pra identificar o sentimento do mais velho por seu timbre. Ele era uma incógnita, e Jimin não tinha, em sua atual posição, disposição para desvendar os mistérios que envolviam o amante.

— Você está cansado – sussurrou mais uma vez. A aparência de Jeon o havia alarmado. – Aqui não tem nenhuma outra cama para que se acomode.

— Quer que eu vá embora? – a pergunta foi um tanto bruta.

Logo Jeon arrependeu-se. Estava ali para cuidar de Jimin, não para piorar seu estado. Encarou o rosto intranquilo de Jimin e, dessa vez, explicou de forma amena:

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora