Capítulo 13

36 8 7
                                    

Junior estava parado a soleira da porta, como se soubesse que o dono estivesse chegando. Assim que a porta se abriu, e o rosto redondo de Jeongguk Jeon surgiu, o cão começou a abanar o rabo, contente.

— Sentiu minha falta? – Indagou Jeon, olhando-o.

A resposta era óbvia. Agachando, Jeon começou a acariciar a cabeça do animal. Imaginava o quanto ele se sentia sozinho no apartamento, sem a família para animá-lo.

Caminhando até o sofá, Jeon deitou-se, permitindo que seu amigo repousasse a seu lado. Estava exausto, cansado, confuso e triste. Não gostava daquele silêncio. A ausência de Park deixava um oco em sua alma.

Mais que a saudade, o remorso não o abandonava. Amava Jimin, disso não tinha dúvida. No entanto, sua atitude para com o amante era de tamanha irresponsabilidade que Jeon não conseguia se perdoar.

— Vou recompensá-lo – murmurou para si. – Vou recompensá-lo de alguma forma – repetiu.

Olhou para o lado. Não sabia com exatidão quantos anos tinha Junior, mas como o cão o pertencia há no mínimo seis anos, e como já o adotara adulto, imaginava que tivesse mais de dez. Pela idade canina, Junior já era um respeitável senhor.

No fundo, era sorte. Não sabia o que faria se o cachorro resolvesse brincar àquela hora, estando Jeongguk completamente cansado. Mesmo assim, apesar de não ser tão impetuoso como um cachorro jovem, ele necessitava de cuidados físicos.

— Tio Hoseok o levou para caminhar? – indagou ao animal.

Jimin levava Junior para a área privativa de lazer do prédio todos os dias, à primeira hora. Uma tarefa que devia pertencer a Jeon, mas que Jimin cumpria sem reclamar.

Mordendo o lábio, Jeongguk percebeu que o amado era muito mais um tutor para Junior do que ele mesmo. Todas as tarefas que deviam ser cumpridas por Jeon, eram realizadas por Jimin. E aquilo incluía banho, comida, higienização e as visitas periódicas ao veterinário.

Desculpe – sussurrou ao cão. – Prometo ser um pai melhor a partir de agora.

De repente, como se pressentisse algo, o cão ergueu as orelhas pontudas, encarando a porta. Jeongguk sabia que a falta de audição era recompensada por uma incrível percepção. Naquele momento, soube que alguém parava à entrada.

Corretamente, alguns segundos depois a campainha tocou.

— Oh, não – gemeu.

Não queria visitas. Não agora! Tudo que ansiava era tomar um banho relaxante, e ir pra cama. Imaginou se devesse fingir que não havia ninguém em casa, mas sabia que, para passar pelo porteiro, a pessoa devia ser conhecida. Assim sendo, provavelmente era um dos amigos necessitando falar com ele.

Quando a porta se abriu, espantado, encarou Yuu Lee.

— O que faz aqui?

Sentiu o sangue ferver de raiva. Era verdade que Lee não tinha responsabilidade nenhuma por Jeon ter se esquecido do aniversário de Jimin, e também nada tinha haver pelo fato de Jeongguk ter deixado Jimin sozinho doente para ir ao seu encontro. O compromisso com Park pertencia a Jeon, e não a Lee. Todavia, ao mesmo tempo, imaginava que Yuu se congratulava por suas falhas.

— Não vai me convidar para entrar?

O corpo de Jeon não se moveu, impedindo qualquer passagem.

— Não quero ser desagradável, mas passei a noite toda acordado – explicou, a contragosto. – E pretendo ir dormir – finalizou.

— Imagino o quanto deve ter sido difícil. – Os olhos de Lee eram completamente inocentes. – Trouxe um vinho e gostaria de conversar um pouco – pediu. – Pouco tempo – completou. – Apenas quero ajudá-lo. Por favor, não me mande embora.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora