A brisa balançou os cabelos em desalinho. O menino correu desesperado pelo corredor em curvas, e adentrou na primeira porta que viu aberta.
Ouviu passos. Muitos. Os outros garotos riam enquanto o procuravam. Encostou o ouvido na porta, e ficou a vigiar. O som se tornou cada vez mais alto e, agora, ele já conseguia distinguir as palavras.
"Garotinha", "Menina", "bichinha"... Eram tantos os adjetivos, um pior que o outro, que ele simplesmente fingiu que era de outra pessoa que aqueles meninos falavam.
Sempre fora assim, desde que foi para o primário. Agora, com nove anos, e já há dois na agência, estava acostumado com aquilo. Tudo que precisava fazer era ficar escondido até que os garotos fossem embora, o que não devia demorar muito.
Todavia, sentiu um arrepio quando as vozes se cessaram subitamente. Segurou a respiração, o ouvido cada vez mais grudado na madeira fria. Aquele silêncio sinistro durou cerca de dez segundos e então as risadas voltaram, juntamente com um empurrão forte.
A sala que estava não tinha saída, e Jimin soube que havia sido pego. Tentou correr, mas o grupo tinha sete garotos com corpos muito mais fortes que o seu. Logo foi atirado contra a parede, as mãos deles agarraram suas partes baixas, e ele lutou desesperadamente para se livrar.
— Ji-min – ouviu zombeteiro. – Sei que você gosta! – O maior deles, um adolescente de dezesseis anos gargalhou. – Vamos, seja bonzinho.
Jimin sentiu-se sendo puxado para baixo, logo os garotos tentavam esfregar o quadril em seu rosto. Como ele esperneou, sentiu em seguida uma bofetada na face.
— Escuta aqui, seu putinho! – Outro disse, chutando-o no ventre. – Você vai fazer o que a gente quer, entendeu?
Park era acostumado a apanhar. Apanhava no colégio, até de meninas. Apanhava dos garotos da sua idade ou maiores na agência, e apanha – muito – em casa. Cada vez que aparecia com um machucado, o pai o surrava para aprender a se defender. Mesmo assim, o chute na barriga doeu mais do que costumava. Lembrou-se vagamente que ainda estava ferido ali, resultado de um castigo de Shu, por ter se recusado a comer.
— Ei!
Ele sentiu-se cair no chão. O grupo de garotos voltou-se para a porta, a encarar quem chegava.
— Como vocês se atrevem?
Era Namjoon. Ele reconheceria a voz do filho mais velho dos Kim em qualquer lugar. Namjoon costumava ser gentil com ele, sempre o tratando muito bem. Contudo, reservava aquele tratamento apenas aos membros do grupo BTS. O resto da humanidade sempre sentia seu tom irônico e sua total inclinação ao sarcasmo.
— Vamos embora! – O, aparentemente, líder do grupo se encaminhou para a porta.
Para sua surpresa, Kim a fechou.
— Por que sair? – indagou. – Não estava tão bom bater nele? Mas, hoje, vamos experimentar diferente – sua voz era demoníaca. – Hoje serão vocês que sentiram como é receber chutes e socos.
Jimin não viu. Só ouviu. O som dos gemidos e dos assopros assombrados se tornou cada vez mais intenso. Namjoon era forte, grandalhão e intimidante. E ele bateu em todos aqueles garotos, como era de se esperar.
Mas, Jimin mal conseguia olhar pra cima. Os olhos doíam, a visão nublada e inchada pelas agressões posteriores. Então, Jimin apenas esperou.
Pouco depois ele sentiu o colega se ajoelhar à sua frente.
— Você está bem, Ji-min?
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Rendição (Jikook)
RomanceA Pedidos - Versão BTS Jeon Jeongguk é descoberto na infância por um caça talentos. Artista nato, ao lado dos amigos tornou-se um dos maiores ídolos do Oriente. Porém, o rapaz que era o sonho de todas as mulheres amava outro homem...