Capítulo 4

160 21 8
                                    

Jung-kook quase podia ouvir as batidas do próprio coração. Aliás, cria ele ser capaz de sentir o órgão quase lhe saindo pela boca. Era como se, de repente, tornasse-se um adolescente novamente, cheio de dúvidas e anseios, cheio de medo e coragem, num misto de sentimentos conflitantes que o deixavam sem saber como reagir.

O sentimento, tampouco, era novo. Já havia sentido aquele desejo arrebatador diversas vezes, e por diversas vezes o reprimiu. Quantas vezes abraçou Ji-min enquanto este dormia, e ficava a lhe vigiar o sono como um anjo guardando seu protegido? Entretanto, numa tentativa desesperada de negar as próprias emoções, mentia a si mesmo e dava àquela afeição diversos nomes como amizade, ternura ou fraternidade. Porém, agora, sentado naquele sofá, naquela noite de outono e sentindo a respiração de Ji-min chocando-se contra sua face, ele não pode mais negar a si mesmo que o queria desesperadamente.

-Mostrar? – conseguiu indagar quando se recuperou do susto causado pela pergunta de Ji-min.

-Por que você finge que não entende? – Jimin cada vez se aproximava mais e agora seus lábios estavam a centímetros dos de Jeon. – O que quer fazer? Matar-me de ciúmes?

Ciúmes? Do que Jimin falava?

-O que você quer dizer? – Jeon murmurou.

Ji-min roçou de leve os lábios nos de Jeon, fazendo com que este ficasse alguns segundos sem respirar.

-Como pode ter coragem de me dizer que gosta de fazer fanservice com Min? – Apesar das palavras, Ji-min parecia concentrado apenas em tocar levemente os próprios lábios em Jung-kook. – Aproveitou muito Yoongi enquanto estive fora?

Jeon não conseguia responder aquelas afirmações ridículas. Era como se o próprio Jimin nunca tivesse feito fanservice com Min! Entretanto, um tremor tomava o corpo de Jeon e uma pequena dor no baixo ventre o impedia de devolver as acusações.

Jung-kook fechou os olhos ao sentir que a boca de Ji-min agora tomava a sua num beijo potente. Eles nunca haviam se beijado daquela forma. Jeon ficou confuso. O que Ji-min queria? Por que fazia aquilo?

-Você me deixa louco, Jeon...

A mão de Ji-min desceu pela lateral do corpo de Jeon e tocou-lhe o membro que já estufava a calça. Jeon percebeu-se endurecer rapidamente e, constrangido, tentou se afastar.

-O que quer fazer? – perguntou, em choque.

-Você não percebeu ainda? – A voz de Ji-min era maliciosa e quente.

-Está brincando comigo? – Temendo deixar-se agir pelos próprios desejos e impulsos, Jeon empurrou Ji-min e levantou-se do sofá. – O que deu em você?

Jeon estava de pé perante o amigo, e aquela postura era perigosa e embaraçosa, pois não havia como esconder o quanto ficou excitado com a investida do outro. No entanto, tentou agir com calma, raciocinando e ignorando o próprio membro endurecido.

-Por que está brincando assim? – voltou a indagar.

-E quem disse que eu brinco, Jeon?

-Isso só pode ser brincadeira!

-Está na hora de pararmos de fingir que não rola nada entre nós! – Ji-min disse, firme. – Há quanto tempo queremos nos entregar a este sentimento, mas, no entanto, disfarçamos...?

-Pare com isso!

-Por que não podemos viver isso, Jeon? Eu quero, você quer e até as fãs querem... – riu.

Aquilo parecia um sonho, mas existiam obstáculos. Jimin era inconstante e poderia acordar de manhã achando que não gostava de Jeon. Para Ji-min, ignorar algo era muito simples, mas Jeon não era assim. Assim, previa que poderia se machucar muito se agisse de forma equivocada. Também havia o boato não desmentido de que Ji-min havia saído com uma garota da produção do filme que estreara. Enfim, jogar a precaução as favas e entregar-se àquele desejo poderia causar marcas profundas em Jung-kook.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora