Capítulo 14

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O sol brilhava com força naquela manhã de verão. Apesar do calor, a cidade vivia um dia agradável. O ar estava úmido pela chuva que ocorrera na semana anterior, e os enormes prédios centrais, davam a sombra necessária.

Jimin olhou pela janela. Robustas árvores preenchiam o cenário idílico que via. Ironicamente, o hospital parecia muito mais um hotel familiar, com ar puro e confortáveis acomodações, do que um estabelecimento de saúde, repleto de pessoas a beira da morte.

Sorriu.

Era realmente cômico que estivesse naquele lugar, vivendo aquela situação embaraçosa. Voltou os olhos para o quarto, e os pousou sobre a mulher baixa, de aparência recatada e feminina. Sua mãe era muito bela, não aparentava de forma alguma a idade que tinha.

— Como está sua vida? – indagou, tentando puxar assunto.

Fazia cinco minutos que Jeon e Bae haviam saído do quarto. Ambos queriam proporcionar ao filho e a sua mãe privacidade para uma conversa que, sabiam, seria difícil.

Fazia muito tempo que Mayu não procurava Jimin ou permitia ao filho que fosse vê-la. Apesar de morar ao redor, ela gostava de ficar sozinha, sem contato. Também não fazia questão de ligar ou atender as ligações que Jimin insistia em realizar para seu aconchegante apartamento.

— Está boa – respondeu, seca.

Os olhos continuavam baixos. Jimin, todavia, manteve-se observando-na. Amava-a, e não iria perder a oportunidade de olhar suas feições, gravar cada detalhe da face feminina em sua mente.

— Encontrei seu pai – Bae anunciou, subitamente.

Jimin surpreendeu-se. No entanto, não a deixou perceber. Nunca mais havia visto seu genitor desde o infeliz encontro de seis anos atrás quando o pai havia lhe espancado, quase matando-o.

— Como ele está? – questionou.

— Ele vai se casar.

Então o pai havia encontrado um novo amor? Pelos olhos infelizes da mãe, aquela não era uma boa notícia.

— Encontrei-o no shopping. A noiva é uma jovem um pouco mais velha que você – a voz era recriminadora. – Estava radiante com o fato de estar grávida – completou.

Mayu havia conhecido Shu Park no ginásio. Apaixonou-se imediatamente por aquele rapaz frio, de intensos olhos castanhos. Ele era diferente dos outros homens. Um lobo voraz, que assustava aos outros garotos.

Poucos meses depois do início do namoro, engravidou. Ao contrário do que pensava, Shu havia ficado fascinado pela perspectiva de ser pai. Como a família dele era proprietária de uma fábrica os dois não precisaram abandonar os estudos para cuidar do bebê. Casaram-se e foram mantidos pelos familiares até formarem-se.

No âmbito familiar, Shu era ainda mais fascinante. Um macho protetor, claramente arrebatado por sua fêmea. Tratou-a com muito afeto durante os meses em que sua barriga dilatava-se cada vez mais. Queria um filho, dizia. Um varão era o seu maior sonho. Ansiava por ensinar o menino a jogar bola, lutar artes marciais, e praticar todo e qualquer exercício destinado aos homens.

Logo nos primeiros meses, Mayu percebeu que ter um filho homem era mais que importante para as mulheres da família Park. Todos a pressionavam para que a criança tivesse o sexo masculino. Entretanto, ao dar a luz, uma menina saiu de dentro de si.

Entrou em desespero, logo após sentir a decepção nos olhos de Shu. O homem se recusou a pegar a criança, e a culpou tremendamente pelo bebê feminino. Depois disso, tudo que importava para Mayu era engravidar.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora