Capítulo 18

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Jung observou a fachada do prédio. O hotel era um daqueles estabelecimentos baratos, e não aparentava muita segurança ou conforto. Suspirou alto e decidiu entrar, já que nunca fora seu feitio ficar preso a aparências.

-Com licença – chamou um rapaz na portaria.

O moço baixo o encarou, desconfiado. Provavelmente reconhecera algo de si, pois mesmo com o boné e os óculos, era difícil alguém que vivesse no país do oriente que não visse seu rosto todos os dias na televisão.

-Sim? – o homem indagou.

-Procuro uma moça francesa que se chama Melanie...

-A senhorita Vardin?

Hoseok coçou a cabeça:

-Não sei seu sobrenome...

Vendo o estado confuso do jovem a sua frente, o porteiro perguntou:

-Como se chama?

-Hoseok...

-Espere aí, vou telefonar.

Jung deu as costas ao homem e ficou a olhar para a portaria, como se lá tivesse algo de muito interessante para se observar. Para sua sorte, o telefonema não durou muito, e logo o rapaz chamou-lhe.

-Ela disse que o senhor pode subir.

Sorrindo em agradecimento, Jung foi à direção das escadas. O elevador do prédio parecia não funcionar, portanto, foi sorte sua que a moça residisse no segundo piso. Logo estava em frente a sua porta. Não chegou a bater, pois a mesma abriu-se antes mesmo que levantasse a mão.

-O que faz aqui?

A mulher vestia uma camiseta velha e uma calça jeans. Era linda, mesmo naquelas roupas. Jung enfim pode compreender o motivo de Kim ter tido uma noite de amor com ela. Logicamente, apesar da compreensão, o sentimento de traição ainda era intenso. Reprimiu-o tão logo o reconheceu.

-Eu trouxe um presente... – ele falou, discretamente.

Encarando Jung, Melanie notou que ele tinha uma sacola consigo. Deu, então, passagem ao rapaz, que entrou no apartamento rapidamente.

-Desculpe ter vindo sem avisar... – o loiro começou.

-Não tem problema... – A voz dela era macia, porém cética. – Pra que veio realmente?

Arregalando os olhos, Hoseok demonstrou surpresa:

-Eu já disse – murmurou, e então abriu a sacola. Tirou de lá um embrulho e entregou a ela. – Estava passando em frente a uma loja, e então vi isso – sua voz tornou-se amistosa. – Lembrei-me de você...

As sobrancelhas loiras da mulher ergueram-se. Seu semblante demonstrava espanto e ironia. No entanto, ela estendeu as mãos brancas para o embrulho. Assim que o teve nas mãos, sentou-se no pequeno sofá para abri-lo. Jung, mesmo sem ser convidado, sentou-se a sua frente em uma cadeira de madeira.

-É... bonito... – ela balbuciou assim que viu o que continha o embrulho.

Jung observou com curiosidade a mulher. Ele comprara sapatinhos de bebê com a óbvia intenção de emocioná-la. Queria, aos poucos, derrubar as defesas de Melanie, fazendo com que a mesma optasse pelo nascimento do filho e jamais pelo aborto.

-Sei que ainda é muito cedo, mas não pude resistir – sorriu.

Os olhos claros da loira voltaram para o rapaz. O moço falava como se a criança fosse algo de especial, e aquilo era muito estranho para Melanie. Normalmente os homens odiavam que as mulheres engravidassem, principalmente se não tinham vínculo com elas. E, mesmo os casados, muitas vezes passavam a desconsiderar as esposas. Jung, no entanto, agia de forma sensível e delicada.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora