Capítulo 6

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O ar úmido da noite outonal fez o rosto de Park gelar. Ele estava em pé, à frente do enorme prédio que residia há anos, ao lado de um automóvel caríssimo, subjugado por tal situação.

O que Jeon fazia ali? O que fazia parado ao lado do carro com o olhar transbordando raiva?

O rapaz pôs as duas mãos dentro do bolso do casaco enorme de veludo. O outro passageiro também saiu do carro, colocando-se ao seu lado.

— Quem é esse cara? – a entoação de Jeongguk demonstrava o quanto se sentia traído.

Contudo, por que traído? Já se passaram meses que não moravam mais juntos, faziam amor ou trocavam algum carinho íntimo. Era complicado para Jimin entender tais sentimentos, pois o mesmo não admitia senti-los.

Mesmo quando encontrou Yuu no restaurante, tudo que pensou era em não ser inconveniente para Jeon. Não queria atrapalhar a nova vida do ex-namorado. Queria que Jeongguk fosse feliz, não importava mais com quem. Se não era capaz de trazer luz a existência dele, então acatou a ideia de que outro alguém o fizesse.

— Sou Nowaki Suk – o homem maior se apresentou com um sorriso mortal nos lábios.

Suk era maior que Jeon. Se Jimin fosse justo, assumiria que o astro internacional era também mais bonito. Mas, por que então sentia vontade de rir do óbvio ciúme de Jeon? Não importava a aparência ou a fama, Suk jamais seria seu amor. Esse papel sempre foi de Jeon, só dele. Nunca haveria mais ninguém.

— Lamento por ter interrompido seu encontro – Park sussurrou, incomodado. – Não foi nossa intenção ir até o restaurante que Yuu e você...

— Do que diabos está falando? – Jeon permanecia furioso. – Saí a pouco do hospital e vim vê-lo.

O coração de Jimin disparou. Ele não queria ter esperanças, sabia que era inútil esperar que a relação com Jeon um dia voltasse a ser o que um dia já foi, mas... Jeongguk e Lee não estavam juntos no restaurante?

— Park? – Nowaki o chamou.

Jimin sentiu Jeon estremecer. A entonação "Park" era íntima demais para dois colegas que haviam acabado de se conhecer.

— Ah – Jimin tentou interceptar a áurea negra que surgia no horizonte. – Obrigado pelo jantar, foi realmente muito bom – agradeceu.

— Não vai me convidar para um café? – Nowaki dedicou a ele seu melhor sorriso.

O menor enrubesceu e Jeon deu dois passos em direção a Suk. Sentindo que a situação poderia se agravar, Jimin foi em direção ao líder, colocando-se a sua frente e impedindo-o de prosseguir.

— Sinto muito – desculpou-se. – Talvez na próxima vez – sorriu.

Nowaki curvou-se diante dele e segurou suas mãos. Perante o olhar enfurecido de Jeon, ele beijou as duas mãos de Jimin antes de voltar ao próprio carro.

***

— Não sei se você reparou – Jimin reclamou – mas eu não te convidei para entrar.

O cãozinho de pelos na cor de caramelo correu aos pés de Jeon, e o homem mais velho abaixou-se, afagando a cabeça do animal. Jimin observou a cena ao lado do sofá, sentindo falta dos momentos em que situações como aquela eram corriqueiras.

Pensou em Junior, e em como ele sempre os esperava à porta com o rabo balançando de um lado para o outro, oferecendo a eles o amor mais cúmplice que podia existir. Sorriu ao percebeu que Mago teria o mesmo hábito.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora