Capítulo 20

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-Meu Deus – Miroke Mayaki observou o jovem atentamente. – O que houve com você? Teve uma noite muito ruim?

O talentoso artista sorriu tristemente para o diretor de Thorns. Jimin realmente havia tido uma péssima noite. Dormiu mal, intercalando um sono pesado com a insônia invencível que o fazia pensar e repensar em sua vida desde que assumira sua paixão por Jeon.

Como culpar Jeongguk por tê-lo escorraçado? Faria o mesmo, ou talvez pior, caso fosse o contrário. Nunca gostara de ver o Riida se aproximando de alguém. Por Deus, quando era mais jovem tinha ciúmes até de Min! E agora apoiava a empresa na tentativa de manter uma mentira, sujeitando os sentimentos de Jeon ao ridículo.

Jeongguk estava certo. Aquilo tudo não tinha importância quando eram jovens e os dias passavam sem a pressa que a idade dava. Agora já tinham rugas e, até então, Jimin não havia feito nada para demonstrar seu amor. Ligeiramente pensou no ano anterior, quando Jeon expôs seus quadros em uma importante galeria. Durante a entrevista, Jeongguk deixara claro que toda a sua arte tinha apenas um muso inspirador: Jimin. Até citara seu nome, dedicando toda a exposição para ele. E Jimin, o que fizera? Mantivera silêncio, aconselhado pela agência a ignorar aquela demonstração de amor.

"Se você não falar nada, as pessoas logo esquecerão", indicou Karin, e ele cumpriu a risca a recomendação.

Jeongguk não lhe cobrou uma resposta pública, mas passara quase um mês trocando poucas palavras com ele. Não tardou muito para que mais uma crise começasse.

A culpa dominou Jimin no mesmo instante que percebera seus erros. Sim, ele havia renunciado e negligenciado aquele amor. Era sua culpa, e só sua, tudo que ocorreu depois.

E foi por isso que ele decidiu quebrar o silêncio.

Não de forma escandalosa, afinal, não tinha tamanha coragem. Mas, daria a Jeon a prova de amor que esperava.

— Preciso de um favor – balbuciou ao diretor, ignorando o comentário depreciativo.

O homem mexeu-se na sua cadeira alta. Em seu colo planilhas com marcações sobre Thorns, e em seu rosto um nítido interesse.

— Já trabalhamos juntos outras vezes, não?

— Eu interpretei um coadjuvante em um filme que fez – Jimin se recordou. – Também fiz uma participação em outra novela...

— Sim – Miroke assentiu. – E jamais me pediu nada, Ji-min. Estou curioso, do que precisa?

Park baixou a fronte. Sabia que quando as palavras saíssem de seus lábios não teria mais como voltar atrás. Ele estaria, definitivamente, afrontando a agência.

— Quando Thorns vai estrear?

— Próximo do Natal – o homem respondeu. – Você sabe dos inúmeros atrasos que tivemos por conta de alguns protestos pelo gênero do folhetim, não?

— Sim, e só próximo do Natal que teremos uma coletiva de imprensa para falar de Thorns, né? – Park parecia inseguro. – Bom, eu gostaria de antecipar essa entrevista... A minha entrevista. Se possível, gostaria de falar com a imprensa antes.

O homem arqueou as sobrancelhas.

— Você sabe que isso poderá ser encarado como um desrespeito a seus colegas, não? Alguns poderão considerar estrelismo de sua parte.

— Explicarei pessoalmente a todos mais tarde.

O homem estudou a postura do artista. Park não era de exigências. Na verdade, um ator do nível dele costumava exigir muito mais que um camarim e alguns minutos antes da cena para "entrar no personagem". Jimin, como era conhecido, contudo, agia com muita simplicidade. Nunca foi arrogante, sempre se mostrou como se precisasse do emprego muito mais do que o emprego precisasse dele.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora