Capítulo 11

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A realização de seu sonho mais antigo estava diante de seus olhos. Jung sorriu à entrada de sua mais nova aquisição. O sítio de alguns hectares, localizado nas montanhas, era um verdadeiro pedaço do paraíso na terra.

No centro da propriedade, uma casa de madeira era o ambiente perfeito para que Hoseok passasse as folgas. Já planejando construir canis em volta da habitação, o rapaz também pensou em todos os cães que iria adotar. E gatos! Ele amava gatos! O papagaio da mãe também adoraria aquele lugar.

Ficar próximo da natureza era seu desejo profundo. Ele amava aquela paz simples, sem a falsa ostentação da mídia. Ali, em meio aos animais e a mata, não precisaria interpretar nenhum personagem, seria ele mesmo.

— E então? O que achou, Shipou?

O pequeno chimpanzé levantou os olhos para o tutor. Um dia, dois anos atrás, Jung havia sido chamado para gravar um programa sobre animais órfãos. Perante todos aquelas pequenas criaturas sem pai e mãe, um, em especial, chamou sua atenção. Shipou, assim como Jimin, era órfão de pais vivos. Tanto a fêmea quanto o macho não haviam aceitado o filhote. Os veterinários tentaram uma aproximação, e diante das negativas dos animais, as entidades da época resolveram que o melhor seria sacrificar Shipou.

Isso era algo que Jung nunca entenderia: por que as pessoas que são tão afoitas em proteger os animais, não sentem compaixão na hora de mandar sacrificá-los? Ele sabia que havia argumentos, mas nenhum o convencia. A vida é algo inestimado demais para ser simplesmente apagada.

Enfrentando a todos na época, conseguiu na justiça a adoção do macaco. Foi um escândalo, e Karin, pela primeira vez em todos aqueles anos, havia ficado zangada com ele. O dono da agência até ameaçou demiti-lo, mas Jung permaneceu firme. Com o apoio das fãs e da sociedade, alguns meses depois, foi-lhe dada à chance de levar Shipou para casa.

Apesar das dificuldades óbvias em criar o animal, tudo valia a pena. E foi por causa do chimpanzé que Jung resolveu que devia antecipar seu sonho do sítio. O animal não havia crescido muito naqueles dois anos, mas Hoseok reconhecia que um apartamento urbano não era o melhor para o "filho".

Uma leve pressão para baixo o fez perceber que Shipou queria colo. Estendeu as duas mãos para ele, e voltou para o carro. A casa era um pouco longe da entrada, e precisava ir até lá de automóvel.

Cinco minutos depois, ele abria a porta da frente. Colocou Shipou no chão e deixou que o mesmo conhecesse o ambiente. Os móveis ainda estavam cobertos por lençóis brancos, e o lugar precisaria de uma reforma. No entanto, mal podia esperar para se mudar.

Sentou num sofá posto propositalmente próximo da janela com vista para as montanhas. Fechou os olhos e divagou sobre o futuro. Aquele lugar seria perfeito para seu relacionamento. Secreto, afastado e privativo, enfim Namjoon e ele poderiam sentar-se numa varanda e agirem como namorados.

Estava tão absorvido por suas fantasias, que o celular já havia chamado três vezes quando percebeu a música enjoativa.

— Kim? – indagou ao atender. – Conte-me: como foi?

— Agora você é o namorado do âncora do telejornal mais importante do país!

Jung saltou do sofá.

— É verdade, Kim?

Sim!

— Parabéns, meu amor! Você merece! Sempre lutou muito por isso...

— Gostaria de comemorar, mas não me sinto confortável com Jimin no hospital.

— Eu sei. Mas, a gente pode comemorar lá. Jimin vai ficar tão feliz.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora