Audrey Morgan sentia-se uma covarde, parada atrás de Kim Namjoon, numa fracassada tentativa de proteção. Logo ela, a antagonista principal da história daquela banda, agora parecia apenas uma mulher fraca, sem o fogo que a fez agir tantas vezes no passado.
A verdade? Aera Chin causava-lhe calafrios. A jovem de aparência pudica e bondosa conseguia ser, sem dúvidas, um demônio muito mais argiloso do que se imaginava. E Morgan se preocupava com isso. Após o fatídico encontro na casa dos Namjoon, a americana não sabia o que esperar da outra.
— O que faz aqui? – a voz de Kim parecia raivosa.
A oriental permanecia parada próxima à porta, pois assim que Jung a recebeu na entrada, não ocorreu convite para entrar ou sentar-se.
— Você realmente tem muita coragem, Namjoon – a voz delicada chegou-lhe aos ouvidos com extrema zanga. – Enfrentar sua família por causa de uma estrangeira.
Kim olhou para Jung, e então se voltou para Morgan. O namorado parecia inabalável pelas palavras, e a americana ainda permanecia amedrontada.
— Veio procurar mais uma surra? – A voz dele era ameaçadora. – Suma daqui, sua porca! Nada do que fale me interessa!
— Nada mesmo? – ela permaneceu firme, no mesmo lugar, como se não ligasse para suas ameaças. – Soube que seu pai pretende te deserdar?
Aquilo não atemorizava Kim. Tinha trinta anos e adquirira uma fortuna quase igual a da família, assim o testamento não importava. Não precisava do dinheiro do pai!
No entanto, admitia que estava decepcionado com a constatação de que a família estava ao ponto de excluí-lo por conta de um casamento com alguém que não suportava.
— Se ele me deserdar, é problema meu! – Kim rebateu.
Todavia, por mais que sua postura fosse firme, seu semblante deixava perceber o abatimento. Desde que saíra de casa, havia perdido o contato com a família e, em especial, com a mãe, a mulher mais importante de seu mundo restrito.
— Não é tão simples assim – Aera ridicularizou. – Pense bem: vai perder uma fortuna por causa de uma mulher como essa? – Apontou o dedo para Morgan. – Acredite em mim, vai se arrepender. O amor é um sentimento de tolos, que passa tão rapidamente quanto a beleza e a juventude.
Mesmo sem ser convidada, a mulher entrou na casa e sentou-se no sofá próximo a janela. Os demais que estavam presentes permaneciam em pé, encarando-a.
— Não desejo seu amor, Kim Namjoon – desdenhou. – Tampouco me preocupo se desejar ter um relacionamento com outra pessoa durante nosso casamento. Por mim, você pode comprar uma bela casa em algum lugar discreto e permanecer a viver essa ilusão romântica com a estrangeira que desejar. Nunca me verá reclamar por conta disso. De você, só quero o sobrenome e um filho.
Ninguém parecia respirar diante daquelas palavras. O trio se encarava surpreso e chocado demais perante tanta frieza.
— Tem consciência do que disse? – Jung por fim reagiu.
— Fui criada sabendo que jamais me casaria por amor. Meus pais foram bem francos em relação a isso, e eu concordo com eles. O privilégio de ser rica, também me traz deveres. O maior deles é permanecer inacessível e invejada pela sociedade. Pertencer a sua família me fará ser a mulher mais cobiçada deste país. Só de pensar no sentimento de frustração de minhas ditas "amigas" já me sinto recompensada pela traição que receberei.
Naquele momento, Kim sentiu um leve movimento atrás de si. Percebeu imediatamente que Morgan deixava seu posto, colocando-se ao seu lado. O olhar espantado dela começou, aos poucos, a se modificar por um risonho estranho, que no final eclodia com uma gargalhada.
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Rendição (Jikook)
RomanceA Pedidos - Versão BTS Jeon Jeongguk é descoberto na infância por um caça talentos. Artista nato, ao lado dos amigos tornou-se um dos maiores ídolos do Oriente. Porém, o rapaz que era o sonho de todas as mulheres amava outro homem...