Capítulo 10

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Jeon estava sentado no sofá da sala quando Jimin entrou no apartamento. Os olhos dos dois jovens se encontraram e, por alguns segundos, ficaram apenas medindo-se, enfrentando-se. Foi Park quem desviou primeiro o olhar, baixando a fronte.

Jeon levantou-se do sofá, ficando de frente ao namorado. Esperou pelas palavras de Park, mas o mais novo não dizia nada, parecendo incapaz de explicações. Sem saída, então, manifestou-se:

-Não sei por que ainda estou aqui – o tom da voz era baixa e melancólica. – Mas, precisava pelo menos saber o que está acontecendo...

-O quê está acontecendo? – A voz de Park parecia irônica. – O que eu poderia dizer?

O tom insensível da pronúncia machucou Jeon. Ele passou a língua sobre os lábios secos, enquanto tentava raciocinar. Esperava que pelo menos Jimin sentisse-se constrangido e querendo dar explicações, mas o outro parecia alheio aos desejos de Jeon.

-Quem é aquela mulher? De onde ela saiu? O que ela foi fazer no estúdio?

Apesar de ser final da tarde, a escuridão lá fora reinava. Haviam dito na televisão que choveria de forma intensiva aquele dia, e o vento sul, gelado, já soprava com furor. A fúria da natureza era sentida pelos vidros resistentes da sacada do apartamento de Park. Entretanto, nenhum dos jovens olhava para fora.

-Ela se chama Audrey... – Ji-min respondeu baixo. – Ela trabalhou na produção do "Latter Love" – pausa –, e nos conhecemos lá...

O silêncio voltou com força. Jeon aquiesceu com a fronte, como se compreendesse. Contudo, não sabia realmente o que estava ocorrendo. Por que Ji-min agia daquela forma? Por que não parecia constrangido em falar-lhe de uma terceira pessoa? Park não se importava com seu sofrimento?

-Vocês ficaram?

-Mais que isso.

Precisava sair dali! Precisava se retirar do apartamento antes que Jimin percebesse que iria chorar! Por que se deixou enganar daquela forma? Por que não ouviu a voz da razão, e se manteve afastado do amigo? Sempre soube que Park era o tipo de pessoa que não gostava de ver-se preso a ninguém, pois queria ser livre para odiar ou amar conforme sua vontade momentânea.

-Vocês estão juntos?

-Estava me sentindo muito sozinho nos EUA. Ela inicialmente foi uma boa companhia. É bonita e agradável.

-E então você resolveu transar com ela?

Park colocou as mãos no bolso.

-É... – foi tudo que disse.

Jeon era capaz de compreender tudo até ali. Jimin sentindo-se isolado em terra estrangeira, a companhia de uma bela mulher e algum sexo sem importância. Era típico dele! O problema começava a partir do momento em que Park voltou a Coreia do Sul e agiu de forma propícia a conquistar Jung-kook. E, quando enfim havia conseguido seu intento, simplesmente ignorava a relação, desmerecendo-a daquela forma.

-Ela disse que vocês...

-Que estamos namorando. – Ji-min completou. – Sim, é verdade – foi frio ao confirmar a informação. – A pedi em namoro na América.

-E por que nunca me contou?

-Por que devia?

Céus! Como ele podia ser tão cruel?

-Por que estamos juntos...

-Estamos? Achei apenas que éramos dois adultos a fim de experimentar coisas novas. Eu nunca disse que te amava de outra forma que não fosse como meu amigo.

Rendição (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora