Levantei nas pontas do pé abrindo a posta da forma mais silenciosa possível, indo em direção as escadas ainda não dava para ouvir absolutamente nada, então desci alguns degraus e finalmente consegui enxerga-los conversando na sala de jantar, porém não conseguia ouvir absolutamente do que estavam dizendo, mas era bem evidente de que Lourenço não estava nem um pouco feliz. Quando Henry se virou para sair dali eu finalmente consegui ouvir sua voz.
— Não é ela, é só uma garota qualquer, não se preocupe. — Henry falou de forma fria.
Eu soube que falavam de mim no mesmo instante e por mais que de alguma forma Henry ocultou ser eu, não consegui esconder meu desconforto ao vê-lo entrar novamente naquele quarto.
— Aonde você vai? — Perguntou, ao me ver colocando meu tênis.
— Para casa, já deu para notar que eu não sou bem-vinda aqui.
— Como assim? Do que está falando?
— Por que não contou para ele? Que era eu? Você tem vergonha ou está com medo do que ele vai falar?
— Claro que não, para com isso. — Henry tentou me fazer parar, mas me levantei o fuzilando com os olhos.
— Então me explique por que? Até onde eu sei minha mãe já deixou bem claro que apoia, mesmo ainda não termos conversado. Quer dizer, desde a época em que tudo aconteceu com Jason e você, ela sempre apoiou você.
— Não é questão dela, é ele. Você não entende e nunca me dá a chance de falar nada, você só consegue ouvir o que você quer. — Henry desistiu de me impedir e se afastou. — Quer ir? Pode ir, mas tenho certeza que sair agora só vai ser pior, não para você é claro.
Talvez eu possa ter sido egoísta por muito tempo. Isso é estranho ver que sempre o julguei assim, mas o tempo a única egoísta aqui era eu.
— Então me conte, o que está acontecendo?
— Eu vou te contar, mas nesse momento as paredes têm ouvido, agora eu só preciso que confie em mim, na hora certa eles vão saber.
Como eu consigo confiar nele? Ele nunca me passou uma confiança tão grande, agora eu não entendo qual motivos eu olho em seus olhos e confio. Talvez pelo fato da pessoa que eu mais confiei ter quebrado essa confiança e agora ele que sempre desconfiei nunca fez nada para quebra-la e a cada dia mostra estar disposto a não quebrar. Hoje eu posso confiar, sei que quando eu fechar meus olhos e abrir ele ainda vai estar aqui.
Sua companhia me faz tão bem eu conseguia me fazer esquecer que Jason havia me quebrado em milhares de pedaços e ficar ao lado de Henry era como se ele estivesse juntando todos os pedacinhos, com toda calma, paciência, carinho, atenção, zelo e amor.
— Você confia? — Henry continuou a perguntar.
— Não preciso responder isso, você sabe a resposta. — Falei, antes de colocar meus braços sobre seu ombro o puxando para um abraço forte, do qual eu com certeza não iria soltar tão cedo.
Naquela noite não fizéssemos nada do que não estava na hora, apenas ficamos ali um com o outro, envolvida em seus braços acabei adormecendo. Porque eu sabia que não faria diferença agora, eu sabia que na hora que eu acordasse ele estaria ali e que na hora certa ele ainda estaria ali.
No dia seguinte Henry me levou para casa e não hesitei em deixa-lo ficar lá comigo mesmo com minha mãe ao nosso lado, já que era sábado o dia do grande baile de formatura. Já prevejo que esse dia vai ser longo e me causar muita dor de cabeça.
— Então, como foi a noite? — Minha mãe perguntou, enquanto tomávamos nosso café da mãe.
— Meti a mão na cara de uma garota. — Falei sem medo algum, eu sabia que Lourenço contaria tudo para minha mãe sobre Henry não ir para sua casa comigo. Enquanto mais eu consegui evitar esse assunto, melhor.
Henry se engasgou antes de começar a rir da cara de desespero da minha mãe.
— Você o que? É sério isso? — Minha mãe olhou para Henry que deu de ombro. — Desde quando você é assim?
Eu e Henry se olhamos caindo na gargalhada o que fez com que minha mãe pensasse que poderia ser brincadeira.
Depois que Henry foi embora eu e minha mãe focamos o dia no Baile, ela com certeza estava mais ansiosa do que eu e isso era um bom sinal, eu acho.
— Será que Maitê vai vir para se arrumarem juntas?
Puta merda! Maitê! Eu esqueci totalmente da sua bebedeira de ontem!
Agora eu não sabia se ia até sua casa, ou se ficava ali esperando sua boa vontade de falar algo. Sua mãe deve estar empolgada assim como a minha.
— Acho que ela e a dona Lucia já devem estarem louca como você.
— Mas seria legal se as duas viessem para cá, não? — Fiz careta, ante dela continuar. — Por que não vai lá chamar?
— Que? Mãe sério, acho que é desnecessário.
— Para de ser chata Ayala, vai logo!
Não tinha como tentar discutir, ela não ia desistir disso. Eu não tinha escolha, mesmo que meu coração, minha cabeça afirmasse ser uma péssima ideia eu não tinha como não ir.
Ao chegar em frente sua casa já avistei o carro de Jason estacionado e automaticamente meu coração disparou e um vazio começou a tomar conta do meu corpo quase me fazendo desistir. Mas segui em frente, até porque não tinha motivos para me intimidar. Ai meu deus, eu tinha e ele estava parado diante de mim.
— Ja-Jason? — Arregalei os olhos esperando que qualquer outra pessoa abrisse aquela porta. — A Mai-tê está?
— Olha, não é uma boa hora. — Jason olhou para dentro e pude notar o Sr. Morris surtando com Maitê. — Ela chegou caindo de bêbada ontem com a Carla, então já dá para imaginar o que está acontecendo.
— Ok, só avisa que passei e que minha mãe queria que a Dona Lucia e ela fossem lá para casa. — Falei de cabeça baixa sem conseguir encara-lo.
Eu não deveria ter deixado Maitê sozinha naquela festa, isso estava na cara que ia dar merda e mesmo assim eu não fiz nada para mudar isso. Acho que já podem me considerar a pior amiga de todas.
Me virei para sair dali, mas Jason veio atrás.
Não, não, não faça isso.
— Será que a gente pode conversar? — Me virei bruscamente para ele.
— Não temos mais nada para conversar com você, Jason.
— Claro que temos Ayala, você não me deixa nem falar! — Jason parecia desesperado por atenção. — Uma hora ou outra vamos ter que conversar.
— Te deixar falar? Para você tentar arrumar uma desculpa pelo que você fez?
— É por causa daquele playboyzinho, não é?
Jason só pode estra de brincadeira com a minha cara, quem ele pensa que é por falar do Henry, quando o único errado nessa história toda é ele.
— Não ouça falar dele Jason Morris! — Apontei o dedo para dele e o mesmo deu um passo para trás.
— Ayala você não...
Sem deixar Jason terminar de falar comecei a me afastar ao notar que seus olhos se encheram de lagrimas e eu não consegui fazer mais nada, dizer mais nada, somente me afastar como uma fugitiva.
Eu não queria causar esse mal a ninguém, mesmo que Jason tenha me ferido primeiro eu não gosto desse joguinho de quem fere mais e não me acho no direito de fazer isso com ninguém, já fiz uma vez com quem não merecia, mas desta vez não vou errar.
Voltei para casa com meu coração parecendo que iria explodir, mas não iria me render a esse sentimento como uma manipulada frágil.
Mesmo voltando sem Maitê, minha mãe não questionou após afirmar que elas apareceriam mais tarde. Tudo que eu queria naquele dia era pensar em como eu queria ficar perfeita para Henry.
Com o dia passando rapidamente comecei a me questionar se a misteriosa mãe de Henry iria para a formatura de seu filho, e se fosse o que ela pensaria de mim e da minha mãe. Minha barriga chega a doer só de pensar.
(CONTINUA)
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Como Não Se Apaixonar
Ficção AdolescenteAyala Cristine está no último ano do ensino médio quando cruza seu caminho com Henry Stuart, um dos garotos mais populares do seu ano. Depois de muita negação Ayala assumi estar gostando dele, MAS tudo isso vira de ponta cabeça com a misteriosa cheg...