Eu finjo que acredito.

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Eu estou vendo você, majestosa e elegante, com sua paz e brilho, trazendo os ventos frios e a sonolência. A lua é uma rainha e nós, seres vivos, não somos nada mais que seus meros suditos. O silêncio da noite tem a capacidade de transformar meu humor. O som dos grilos formam minha trilha sonora em conjunto com os surrupios dos ventos. A varanda do meu quarto é o lugar perfeito pra pensar.

A água pula das nuvens e banha cada espaço alcançado, cada pessoa, cada monumento. A chuva me lembra o amor, te pega desprevenido, sem permissão ou consentimento, te enche aos poucos e, quando você percebe, já está perdido, afogado, sem salvação. E uma coisa que todos deveriam saber é que esses dois fenômenos podem dar vida mas também podem matar.

A iluminação causada apenas por um abajur dá destaque a Noah jogado em minha cama. Ele realmente sismou que vai me pôr pra dormir todos os dias... Até parece que eu sou a crias aqui! O bom disso é que posso grudar meu corpo ao seu, sentir seu calor, quero que se acostume a ter meu corpo por perto. Isso é bom, não é? Quer dizer, eu não estou fazendo nada de errado... Eu sou um amante de artes que quer contemplar uma magnífica obra que pede pra que isso seja feito.

Fecho a porta da varanda. Os barulhos noturnos são sufocados. O clima está a meu favor, vou poder dormir agarradinho com meu amor hoje. Tem coisa melhor?

- Finalmente fechou essa porta... - resmunga. Sua boca está palida e percebo que ele está tremendo um pouco. - Eu tô quasse morrendo de frio!

- Calma, Urrea, seu anjo da guarda acabou de chegar - brinco. Me enfio em baixo dos lençóis.

- Quando foi que você se tornou tão convencido? - sua voz sai quase como um sussurro.

- Quando descobri que tinha que ser a melhor versão de mim para, então, ser a melhor versão para você - admito.

- Você é ridículo...

- E você vai passar a noite abraçando esse ridículo - afirmo com orgulho.

- Apenas porque eu não estou afim de morrer - conta.

- Eu finjo que acredito.

- Não é mentira...

- Mas não chega a ser verdade!

- Para de tentar me persuadir com suas palavras e me abraça logo - pede.

- Depende - digo.

- Do quê?

- Você se masturbou hoje? - brinco. - Não quero o pequeno Noah arrastando em mim a noite inteira.

- Josh? - ele se encolhe dentro do lençol.

- Em? - insisto. Gosto de provocá-lo. - Se masturbou hoje?

- Para de repetir essa palavra!

- Que palavra? Masturbar? - pergunto.

- Sim - diz. - Pare de falar.

- Por quê? - me aproximo um pouco mais.

- Apenas pare. Não gosto de falar desse tipo de coisa - conta.

- Quantos você tem? 12? - sorrio.

- Não me julgue - pede.

- Como não? Noah, você já tem 18 anos - repito o que ele já deve tá cansado de escutar. - Repete comigo: Eu, Noah Urrea, me masturbei porque não quero ficar de pau duro perto do meu namorado.

- Você não é meu namorado!

- Sou, sim!

- Desde quando? - debocha.

- A gente mora juntos, dorme juntos e você se masturba por minha causa - vou levantando os dedos na medida que conto um motivo. - É claro que somos namorados.

- Eu não me mastur... - ele começa mas não chega a terminar a frase. Pura vergonha.

- Você não..? - incentivo ele a terminar a frase.

- Eu não me masturbo - finalmente! - Tá satisfeito agora? Falei palavras obscenas.

- Essa não é uma palavra obscena - afirmo.

- Claro que é!

- Eu não vou discutir com você - digo. - Agora vira de costa porque tem uma coisa que estou louco pra fazer com você.

- O quê? - ele arregala os olhos. - Eu não vou deixar que você tire minha inocência!

- Você não é nem um pouco inocente, Noah!

- Claro que sou... Até que provem o contrário.

- Uma prova de que você não é tão santo assim é que você acabou de pensar em promiscuidades - afirmo. Ajeito o travesseiro em minha cabeça.

- Não se faça de santo! Eu sei o que pessoa como você querem de garotos como você querem com garotos como eu? - senhor, que frase estranha, ele precisa dormir.

- E o que eu quero, Urrea? - ponho a mão em sua cintura, apenas para atordoá-lo.

- S - E - X - O - ele soletra, logo depois tira minha mão de sua cintura.

- Tem certeza que é eu que estou pensando nisso?

Ele fica calado, apenas me golpeia com um tapinha no ombro e finge se dá por vencido. Eu o conheço, ele só quer mudar de assunto. Entendo. Sorrio para ele é então ele sorri de volta. Me aproximo e passo meu braços em volta de seu corpo. Ele não concente meu abraço, mas também não nega. Sua respiração bate em meu pescoço. Sinto sua pele macia, sua mão em minha costa e suas pernas entre as minha.

O tempo está gélido. Eu fico imensamente feliz por poder esquentar meu pequeno Noah. Dou-lhe um beijo na bochecha e aperto mais seu corpo contra o meu. Ouço um breve gemido. Sorrio e fico pensando no quão sortudo eu sou, até adormecer por completo.

Flowers & Ice Cream   ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora