Flowers & Ice Cream ✰ Nosh ❖ Now United

Você consegue levantar?

Josh me abraça apertado ao sair apressado, alegando que, se a Shivani o ver por aqui, ela o faria sair pela janela com um chute - nada mais que uma de suas hipérboles -. Sua forma física vai mas me deixa como presente seu cheiro doce em minhas roupas, seu gosto em meus lábios pois lhe beijei na bochecha antes que fosse e seu sorriso que estava tão inigualável hoje vez ou outra aparece em meio aos meus devaneios. Estou bobinho hoje.

Como se fosse planejado, não muito tempo depois da saída do Josh, a Shiv chega. No começo ela até ficou um pouco reservada mas mostrou a verdadeira face quando viu que Josh não estava aqui. Honestamente, não entendo a briga desses dois.

Pesquisas, anotações e ensaios orais foi o que ocupou nossa tarde inteira. Seminários sempre foram o meu forte pois, quando eu estava na quinta série, tive uma professora que obrigava a gente a fazer esse tipo de trabalho. No começo eu odiava ela por isso - mero drama de criança porque era algo novo pra mim -, mas depois acostumei e agora são os meus trabalhos favoritos.

Nos jogamos no sofá quando terminamos de fazer tudo e, pro meu azar, deu tempo de assistir um filme. Romance adolescente deveria ser proibido nos Estados Unidos, nunca vi coisa mais chata. As meninas estão super emocionadas e eu não sei se choro pela chatice que está aqui ou se sorrio do emocional frágil delas.

Quando o vento frio começou a entrar pela janela, mostrando que a noite está chegando, liguei para Josh e perguntei se estava tudo bem e onde ele estava, fiquei tranquilo quando sua resposta foi que ele ainda estava na sorveteria. Claro, só perguntei porque não quero que ele fique bêbado de novo, me preocupo com seu bem-estar.

- Nossa, essa lasanha está maravilhosa, eu vou querer mais um pedaço - Diarra, sentada no sofá e com um prato na não, diz ao acabar a lasanha que lhes dei como recompensa por me aguentar querendo que tudo saia perfeito quanto ao trabalho.

- Hm, eu também vou querer - Sabina olha pra mim e, num ato instintivo entorto o nariz.

- Lamento ter que dar a má notícia mas... - vou enrolando pra fazer drama. - Só tem mais um pedaço.

Diarra, Sabina e Shivani se olharam e, quase que ao mesmo tempo, gritaram um "quem pegar primeiro ganha". E no mesmo instante ambas, sem pensar em ética ou moral, saíram correndo até a cozinha. Eu senti que iria dar merda.

A primeira pessoa que vi com a lasanha, ainda na vasilha que eu tinha colocado, foi a Sabina. Depois disso a Diarra conseguiu pegar e veio correndo pra sala. Daí as três estavam correndo em volta do sofá. Me senti até privilegiado por ter três pessoas brigando loucamente por uma coisa que fiz mas elas estão precisando de limites.

- Gente, chega! - grito pra chamar atenção.

Diarra, a que estava na frente na corrida, para no mesmo instante, mas o problema é que a Shivani se atrapalhou na hora de parar e esbarrou nas duas à sua frente, fazendo-as cair. Elas poderiam apenas cair no chão, mas não, elas tinham que cair em cima da minha mesinha de centro.

- Eu não acredito! - dessa vez meu grito foi de pura raiva.

Ouve uma rodada de gritos sôfregos.

- Não fica aí parado, vem ajudar - Diarra resmunga, em baixo das outras duas. Deve ter doído, mas não deixa de ser engraçado pra mim. - Acho que quebrei três costelas...

- Vocês quebraram minha mesinha - falo, enquanto ajudo elas a se levantarem.

- Eu acho que quebrei minha costa - Sabina põe a mão na coluna e sai andando como se fosse uma idosa.

- Quem liga pra sua costa, Josh vai me matar - não era pra sair tão rude assim, mas fazer o que.

- Para de ser arrogante e ajuda a Diarra - Shivani me joga uma almofada.

Só agora percebi que Diarra deve ter se machucado mais que todo mundo. Será que vamos ter que ir num hospital?

- Você está bem? - pergunto ao me agachar.

- Eu estou com cara de quem está bem? - tenho como resposta da morena.

Só não respondo de volta porque eu mereci, afinal, quem faz esse tipo de pergunta depois do que acabou de acontecer?

- Você consegue levantar? - proponho, estendendo a mão. A cara de dor dela me faz perceber que não. - Quer que eu chame uma ambulância?

- O quê? - ela muda totalmente a postura. - E correr o risco de levar alguma injeção? Nem pensar!

- Tem certeza? Isso pode te dar algum problema - Sabina e seu sotaque maravilhoso mostram preocupação.

- Verdade - Shivani concorda. Eu balanço a cabeça em afirmação.

- Nem morta - a morena resmunga. - Me ajuda a levantar!?

Diarra estende a mão e, mesmo hesitante, atendo seu pedido. Seus resmungos sôfregos ao levantar me fazem questionar se não levar ela pro hospital é realmente seguro. Me sinto mal por algum tempo, mas logo vejo todas se recuperarem. Shivani até disse que um dia olharemos pra trás e ririamos disso, eu duvido muito, mas se ela está dizendo quem sou eu pra falar o contrário.