Eu não estava pensando nisso...

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Rezo pra que ele não esteja escutando. Seu corpo está junto ao meu. Desejo que ele não escute isso. Estamos deitados na minha cama de solteiro. Peço pra que não ouça esse barulho. Seu corpo está colado ao meu. Noah, finja que não está ouvindo. Sua cabeça está em meu peito. Espero mesmo que não dê de escutar o meu coração que mais parece as batidas frenéticas do Olodum.

Apenas terminamos de por as roupas no armário antes vazio. Só esse trabalho pareceu nos cansar. Eu me joguei na cama. Ele se jogou por cima de mim. Agora estamos assistindo um filme no celular.

Eu juro que às vezes não o entendo. Tem horas que ele parece não gostar de contatos, das minhas provocações ou coisas do tipo. Porém tem vezes que ele faz isso, simplesmente cola seu corpo ao meu, com se precisasse dele. E eu fico feliz de seu corpo, ou cérebro, ter esses momentos de surtos e querer ficar junto a mim.

E é por isso que meu coração acelera. É porque sua perna desliza sobre a minha que meu coração apaixonado pula desesperado. É por causa de seu dedo passeando pela minha barriga que meu ingênuo coração falta sair da minha caixa torácica.

Ele me deixa louco. Louco pra tê-lo, pra tocá-lo, pra beijar todo seu corpo. E depois ele reclama que pareço um pervertido, mas quem está deitado em cima de quem? Quem não para de arrastar seu corpo no outro? Quem é que lança sorrisos tão adoráveis que é praticamente um pedido pra passar o resto do dia em meio a beijos e promiscuidades? É tudo ele! Ele faz isso comigo, faz eu me sentir desesperado pra ter momentos como o que está acontecendo agora. A culpa da minha paixão é dele, assim como ele é o responsável pelas ilusões que ainda ouso ter.

No filme, um casal está se beijando e pego Noah desviando o olhar.

- Você é uma criança, Noah Urrea - digo, sorrindo.

- O que foi? - sua voz sai um pouco baixa, ainda assim é gostosa de se ouvir.

- Você desviou o olhar do beijo - afirmo.

- Claro que não - ele tenta me enrolar. - É que eu estava pensando em uma coisa.

- Mentiroso!

- Estou falando a verdade!

Não sei se estou doido mas acho que estou ouvindo gemidos saindo do celular.

- Eu te conheço, Noah.

- Acredite no que quiser - ele finge estar com raiva.

- Estava pensando em nós dois se beijando - decido provocá-lo.

- Não começa, Josh - me acerta com um pequeno tapa na barriga.

- Não é feio pensar nessas coisas, Urrea - conto.

- Eu não estou pensando nisso - insiste. - E pare de pensar nisso também.

- Eu não estava pensando nisso, mas já que você falou... A gente podia se beijar um pouquinho, né?

- Não!

- Mas ninguém vai ver, não se preocupe - tento fazê-lo aceitar. É claro que não estou falando sério já que ele nunca aceitaria.

- Joshua, a gente não faz isso nem quando está em casa, por que você acha que eu aceitaria agora?

- Porque você está excitado desde que o casal do filme começou a soltar gemidos - digo.

Ele xinga. Ele me xinga e depois se afasta. Está mais vermelho que um tomate. Eu sorrio sem mostrar os dentes. Ele e essa mania de ficar excitado do nada.

- Você fica excitado fácil - comento.

- Vá se fuder! - ele está na beira da cama agora, de costa pra mim.

- Isso não é um insulto... É bom até - brinco.

Ele vem pra me bater e eu saio correndo. Traçamos uma atuação de cão e gato. Meu quarto não é muito grande então não tem pra onde fugir. Opto por jogar ele em cima da cama e subir em cima de seu corpo frágil.

- Sai de cima de mim - ele pede, mas não faz nada pra que aconteça. Isso é sugestivo.

- Você quer que eu te masturbe? - eu estou entre suas pernas, meu rosto está próximo ao teu, minha mão passa a deslizar por sua cintura, em busca de uma coisa...

- Nem pense em me tocar, tá ouvindo? - Noah pega minha mão e passa a segurar.

- Ou você vai fazer o quê? - solto minha mão e pressiono sua contra o colchão.

- Te bater - sua mão livre bate em meu peito. Eu sorrio de suas palavras.

- Opa, gostei da idéia, pode começar agora - falo próximo ao seu ouvido. A essa altura nossos corpos estão completamente grudados e minha parte íntima roça em seu corpo.

- Josh, pare com is...

- Vocês vão querer almoçar... - alguém abre a porta do quarto, vejo que é minha irmã. Sua voz some ao ver nossa... situação. Ela arregala os olhos. Eu saio de cima do Noah rapidamente. Que vergonha. Há longos segundos de silêncio.

- Vamos descer daqui a pouco - aviso, quebrando o silêncio.

Ela afirma com a cabeça e depois sai lentamente com um sorriso no rosto. Noah joga um travesseiro em mim assim que percebe que a porta se fechou. Onde é que eu enfio me cara?

Trocamos de roupa, descemos a escada e nos juntamos à família em volta da grande mesa. Uma invasão de cheiros invade meu corpo. Sorrisos estampam minha visão. Uma alegria imensa percorre minhas veias por estar perto de quem eu amo e, principalmente, por mostrar ao Noah como é ter uma família de verdade.

Vez ou outra vejo minha irmã com olhares do tipo que parece dizer "Agora eu tenho um segredo contra você!". E eu fico com medo, não de ela falar pra todo mundo ou coisa do tipo, tenho medo porque eu e minha irmã costumávamos trocar favores quando criança e só saía coisas absurdas como: atravessa a cidade pra pegar minhas roupas na lavanderia, bate naquele cara porque ele me olhou estranho, minta para nossos pais para que eles deixem eu ir numa festa. Juro, essa garota é do mal!

Flowers & Ice Cream   ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora