Eu te amo, Josh

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Eu lembro de uma vez, quando eu era criança, estava nessa mesma janela, admirando esse mesmo céu - se é que posso dizer que é o mesmo céu de anos atrás -. Um vestígio de corpos celestes caiu sobre a terra, você também pode dizer que era uma estrela cadente se preferir, eu lembro vagamente de ter feito um pedido. Eu, como toda criança boba, fechei os olhos e supliquei aos céus que me enviasse um amor verdadeiro quando achasse que eu estava pronto. Estou me perguntando sinceramente se essa pessoa é a que está jogada em minha cama agora.

É noite. Não tenho uma varanda que eu possa ficar até de madrugada olhando pro nada e pensando em tudo. Limito-me a olhar o céu estrelado e em tom azul escuro pelo espaço retangular da janela do meu quarto. É uma pena, a noite está linda. Praticamente implorando para ser admirada.

- Vem logo, estou morrendo de frio - Noah choraminga debaixo de dois cobertores.

Estamos em outro país mas os hábitos continuam os mesmos. Sua voz convidativa ecoa pelo quarto, eu sou hipnotizado e acabo me apaixonando mais uma vez. Em outras palavras, ele me chama com sua voz sonolenta, eu me arrasto até ele e então deitamos juntos. É um ciclo vicioso.

Atendo seu chamado, me deito ao teu lado. Nossos corpos ficam praticamente colados, mesmo se não quisermos, a cama de solteiro está a meu favor. Amém uma colaboração do mundo.

- Me abraça?! - pede, mansinho. Eu atendo seu pedido.

Eu sempre odiei rotina, desde criança. Eu queria estar vivendo coisas, conhecer pessoas. Nunca me contentei em deixar meu dia se tornar um loop infinito. Mas isso é diferente. Eu e Noah, juntos, numa cama, é a única atividade monótona que eu aceitaria fazer durante toda a minha vida.

- Você está se sentindo bem? - pergunto.

- Melhor impossível - afirma.

- É claro que poderia ficar melhor... - retruco. - Poderíamos estar sem roupa.

Ele mostra seus dentinhos num sorriso fraco porém encantador. Não gosto de vê-lo doente.

- É por isso que eu te amo, Josh - diz entre sorrisos. Eu tento manter a calma diante dessa situação.

- Por que quer que fiquemos sem roupa? - fazer a egípcia é mais que essencial.

- Por que você é bem-humorado - ele aperta meu nariz entre seus dedos. Eu bateria nele por isso, mas Noah já está mal o suficiente.

- Então você tá arrastando sua perna na minha por que me acha engraçado? - provoco-o.

- Nop - ele pausa pra respirar por um tempinho. - É que esse frio vai acabar me matando.

- Calor humano ajuda, sabia? - olho em seus olhos.

- Sabia - responde-me. Nem sei se posso encarar isso como uma cantada. - É por isso que te chamei pra cá e pedi pra você me abraçar.

- Jura que não tem nada a ver com você me querer sem roupa? - brinco.

Eu acho bom arrancar sorrisos dele. Diria que é um tanto reconfortante fazê-lo feliz. Colo meus lábios no seu pescoço num beijo lento e, cai entre nós, gostoso num nível hardcore.

- Você me deixa arrepiado - Noah põe sua mão contra meu peito na tentativa de me afastar de sei pescoço.

- Sério? - falo baixinho. - Eu posso fazer bem mais que isso se você deixar.

- Você é muito safado - ele faz um biquinho com a boca.

- O amor é consequência da safadeza - afirmo. Talvez tenha uma pitada de verdade.

- Hm, por quê? - arqueia uma sobrancelha.

- Porque se ninguém tiver a... Como posso dizer? - procuro algo que não seja muito vulgar, em minha mente e depois continuo. - A audácia de ir falar com a outra pessoa, as coisas nunca vão acontecer.

- Vão sim, se for o certo pra eles - retruca.

- Não podemos esperar por tanto tempo, Noah Urrea.

- Pra que as pessoas tem tanta pressa?

- Beijar a boca da pessoa que ama.

- Se tiver que ser, será!

- E se alguem ter a audácia de te conquistar primeiro, digo, conquistar o amor da sua vida primeiro - acabo me enrolado com nosso joguinho.

- Se essa pessoa te ama de verdade, não vai ficar com outra pessoa - afirma.

Eu fico em silêncio. Não tenho uma resposta pra isso no meu PC desatualizado. Será que ele está jogando indiretas pra mim do mesmo jeito que estou fazendo com ele? Me confundi todinho.

- Eu posso beijar você? - solto sem mais nem menos. É que ele me prometeu mais cedo...

- Depende...

- Do quê?

- De onde.

- Aqui e agora - afirmo, mas sei que ele não tá falando disso.

- Não é isso - de repente estamos sussurrando. - Em que lugar do meu corpo?

- Em que lugar do seu corpo você quer que eu beije? - não seguro um risinho.

Ele revira os olhos e sorri também.

- Seu coração não vai doer se tua boca tocar meus lábios. Lágrimas não cairão de seus lindos olhos se estivermos próximos um do outro - me aproximo de seu rosto. - Noah, vou te beijar bem na sua bochecha agora... E você pode se sentir à vontade se quiser selar minha boca depois disso, ok?

Ele assente com a cabeça lentamente, me fitando com os olhos. Eu juro que não planejei isso, mas cá estamos. Ponho a mão na sua cintura e o puxo pra mais perto. Em sua bochecha, deixo um beijinho demorado. Ele sorri tímido. Nossos olhos se encontram novamente e eu espero uma resposta depois disso. Meu coração espera uma resposta depois disso.

- Minha vez, né? - Noah pergunta, sua voz está fraca porém boa de se ouvir. Minha vez de assentir com a cabeça, assim faço.

Ele se aproxima e, antes de estar completamente colado a mim novamente, fecha os olhos. Eu não sei o que fazer, sério. Eu tenho esperado por isso a tanto tempo mas não tenho idéia agora. Eu estou nervoso.

Acabo com a única distância que há entre nós, colo nossos lábios. Acho que era isso que ele queria. Noah tem gosto de amor e momentos felizes.

Nossa, ainda que eu soubesse todas as palavras que significam amor, faltaria muito para dizer o que sinto por ele. Noah me abraça pela cintura e fica de cabeça quando nos separamos.

- Eu te amo, Josh - Noah diz baixinho. Meu coração saltita com essas palavras.

Flowers & Ice Cream   ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora