Eu sou o presidente do Brasil

1.6K 264 377
                                    

Movimentos leves e firmes enquanto tento me equilibrar. A essa altura tu está girando. E por que todos gritam? Por que pulam ao meu redor? Ah, sim. É que estou dançando em cima da mesinha de centro da sala de estar.

Se estou com vergonha? Nop. Depois de me engasgar ao tentar fumar um cigarro, dançar até o chão com umas garotas que nunca nem vi e brincar de quem vira mais copos de Vinho barato. Não, eu não estou com nem um pouco de vergonha.

Noah está jogado no sofá, gargalhando. Eu tiro a camisa e jogo nele, fazendo-o ficar vermelho. Me jogo ao seu lado assim que proponho mais um brinde à todos os presentes.

- Você está se divertindo? - pergunto. Apoio minha cabeça sobre seu ombro.

- Não tanto quanto você - diz, e me dá um beijo na testa.

- Você devia experimentar - afirmo.

- Eu estou bem apenas com a cerveja, acho que já bebi demais.

- Não a bebida, a dança.

- O quê? - ele berra, sorrindo descontroladamente. - Sem chances de eu fazer uma coisa dessas com minha vida.

- Que vida?

- Como assim que vida? - ele se afasta e me olha nos olhos. Parece ter ficado com raiva, só então percebo que me expressei mal.

- Desculpa - acaricio seu cabelo. - Eu quis dizer que não moramos aqui, ou seja, ninguém vai lembrar disso na semana que vem.

Ele tira seus olhos de mim e passa a olhar em volta.

- Será? - resmunga.

- E por que não? - hoje eu estou o próprio devil. - Noite diferenciada, lembra?

- Não, não, não, não - ao que parece ele está tentando convencer a si mesmo e não a mim. - Você não vai me induzir a isto.

Noah fica passando o dedo no meu nariz, o que me leva a crer que ele está um pouquinho alterado. Assinto com a cabeça algumas vezes, no fundo estou tentando me convencer de que ele vai se arrepender disso amanhã então não posso forçá-lo.

- Olá, meninos. Eu posso lhes fazer companhia? - uma garota morena se ajoelha à nossa frente.

Eu olho pro Noah pois sinceramente não sei como dizer um "não!" Bem explícito sem ser arrogante.

- Desculpa, mas... Já estamos nos fazendo companhia - Noah diz. Eu não saberia fazer melhor. Parabéns, Noah, Parabéns.

- Ah, mas uma garota como eu nunca é demais, não é?

Ela mexe na camisa do meu pequeno e eu reviro os olhos instintivamente. Acho que vou ter que descer do salto hoje, né?

- Não dessa vez, gatinha - Noah pega no queixo dela. Eu sinceramente não sei mais o que pensar. - Creio que eu e meu namorado estamos muito bem sem uma terceira pessoa na relação.

Gente? Onde foi que Noah aprendeu a dar um fora tão bonito assim. Juro, me sentiria privilegiado de levar um fora tão delicado assim.

- É realmente uma pena - a garota resmunga ao se levantar e sair, ainda nos encarando.

Olho para um Noah um sorridente.

- Namorado, é? - resmungo sem olhá-lo.

- Foi apenas pra fazer ela sair - conta.

- E eu sou o presidente do Brasil - ironizo.

Noah me encara por alguns segundos e então me beija. Não foi como das outras vezes, que senti sua boca delicada como uma flor. Foi mais... Ardente, com mais álcool envolvido e, com certeza, com mais prazer carnal.

- Você quer ir pra casa? - me propõe.

- Claro.

Pego na sua mão, deixamos os copos na mesa que poucos minutos atrás eu estava em cima e eu pego nossos casacos quando passamos pela porta da frente. Correndo como se tivéssemos fugindo de algo ou alguém. Sorrimos um para o outro quando nossos olhares se encontram.

A noite vai ser testemunha das nossas loucuras. A cada passo que damos meu coração vibra ainda mais rápido. E eu literalmente estou com medo de morrer de amor.

O casaco de frio já não tem valor, o suor escorre por meu corpo. Teus pés se atrapalham vez ou outra, não é diferente comigo. Meu deus, teus pés te atrapalham. Correndo pelas esquinas, nas mesmas ruas que outrora eu afirmava que nunca haveria um pingo de emoção. Mas, adivinha? It's Nosh, Baby. Nós fazemos nossa própria diversão.

O próximo passo é tentar não fazer barulho ao passear pela casa. A essa hora todos só querem silêncio - seja lá que hora for -. Subir as escadas parece um desafio no momento. Noah me ajuda pra que eu não caia pra trás ou algo assim, mas nem ele está sóbrio o suficiente para isso. Ele é realmente um anjo.

O que estamos fazendo é certo?

Enfim no quarto, giro a chave duas vezes pra ter certeza que ninguém vai entrar - por precaução -, me encosto na porta e sou surpreendido por um beijo afoito e mãos arrastando-me para o banheiro. Eu o sigo, confio meu corpo a ti.

Ele tropeça nos próximos pés à caminho. Eu rio sem mostrar os dentes ou fazer barulho. Atrapalhado, ele tira a roupa e tenta tirar a minha também, mas eu não deixo.

- Noah, nós não podemos fazer isso - afirmo. Enfim, ponho minha cabeça no lugar.

- Por quê?

- Você está bêbado, nem sei vai lembrar ou gostar disso amanhã.

- O que aconteceu com nossa noite diferenciada? - sua voz manhosa me mata por dentro.

- Apenas tome banho e eu estarei esperando por você aqui pra te botar pra dormir, ok?

- Mas, Josh...

Eu fecho a porta e me afasto antes que eu ou ele faça alguma loucura. Me encosto na porta por alguns segundos. Consigo escutar a água cair em seu corpo e se chocar sobre o chão. Queria poder agradecer a mim por estar pensando como um ser humano racional mas isso dói. Dói e faz um líquido sair dos meus olhos, escorregar sobre minha pele e se juntar ao chão, assim como a do chuveiro que tem mais direito sobre o meu amor do que eu.

Olho para os lados e só vejo uma saída pra mim. Vejo a janela entreaberta um tanto convidativa e vou até lá.

Flowers & Ice Cream   ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora