Flowers & Ice Cream ✰ Nosh ❖ Now United

Eu quero você!

Um banho gelado pra terminar o dia. Eu realmente estou muito ansioso pra dormirmos juntinhos. Lá fora a escuridão invadiu os céu, deixando tudo em tom de azul escuro. A noite vai ser fria, apesar de a estação do ano em que estamos não condizer com tal ato da natureza. Mas eu não me surpreendo, o Canadá é uma geleira transitável. A expectativa pra hoje é dormir tão agarradinhos ao ponto de nossas peles ficarem vermelhas pela pressão. E não, eu não exagerando.

Saio do banheiro, ainda enxugando meu cabelo, e vejo Noah já estirado debaixo de três cobertores. Sorrio sem mostrar os dentes, largo a toalha em qualquer canto, desligo a luz e me deito ao seu lado.

- Por favor, me abrace, eu nunca te pedi nada - suplica. Estamos de frente em pro outro.

- Depende... - é claro que não vou perder a oportunidade.

- Do quê? - ele arqueia uma sobrancelha.

- Se você me der um beijo - conto.

- Eu vou te bater.

- Já disse que isso vem depois - provoco-o, ele revira os olhos.

- Você não cansa de querer se aproveitar de mim? - me parece uma pergunta retórica.

- Você sabe o que é bom em noites frias?

- Não, Josh. O quê? - se mostra meio impaciente.

- Hot kisses - afirmo.

- Sabe, eu acho que você tem que arranjar uma namorada... Ou um namorado, tanto faz - Noah se vira de costas. Talvez essa seja a oportunidade perfeita pra colar nossos corpos.

- Você está se oferecendo é? - enfim abraço-o. Seu corpinho está tão gelado.

- Você gosta de sonhar acordado, podia usar sua energia pra algo mais útil do que tentar me conquistar - diz baixinho.

- Você quer gastar minha energia na cama agora? - nem eu mesmo sei como consigo pensar nessas coisas tão rápido.

- Eu quero que você pare com isso - afirma.

- E eu quero você! - retruco.

Decido colocar minha mão dentro de sua camisa mas ele solta um gemido abafado.

- Já está gemendo e ainda nem comessamos a fazer...

- Sua mão está gelada, idiota - ele me interrompe com esse resmungo choroso. - Sério, tira ela daí!

- Só se você me dar um beijo - afirmo.

- Eu juro que se eu te pegar...

- Vai querer brigar que nem hoje a tarde? - sorrio.

Ele me bate e eu decido revidar. Começo a descer minha mão no intuito de penetrar sua cueca.

- Josh? - ele retira minha rapidamente e quase que automaticamente fica vermelho.

- Você vai gostar - sussurro próximo ao seu ouvido. Volto minha mão para o mesmo local, sinto ele se empinar um porquinho. Sua bunda pressiona contra minha parte íntima.

- Josh, não! - ele quase grita, mesmo que ambos saibamos que ele estava gostando. Afinal, por que você é tão resistente, Noah Urrea? Eu sou o melhor pra você e você sabe muito bem disso.

- Ok, então - decido virar de costas pra ele.

Não sou muito de fazer drama, mas vou dar um gelo nele pois acho que o do Canadá não foi o suficiente. Porra, toda vez que eu acho que podemos ter alguma coisa ele vem estraga meus planos. Mas, fazer o que, eu que sou o burro da história.

Não acredito que cheguei a pensar que essa viagem faria eu e Noah ficarmos mais próximos. Alguma hora vou ter que entender que uma vez que você nasce no país dos fracassados, metaforicamente, nunca vai deixar suas raízes. É, eu devo ser o rei de lá, não tem outra explicação.

E, puts, nem sei porque fico com raiva, sempre foi assim, desde o ensino médio. Mesmo que não pareça muito tempo, pra mim isso é um castigo. Me diz, qualquer entidade divina que espia meu fracasso amoroso, o que eu fiz pra merecer isso? Eu taquei pedra na cruz? Hm? Eu roubei doce de crianças? O que, de tão ruim, eu fiz pra merecer esse castigo?

Sou surpreendido com o toque macio de sua pele encostando à minha. Não deixo de suspirar alto. Ele encosta seu corpo ao meu, formando uma espécie de concha. Minha vontade é de tirá-lo, assim como ele fez comigo, mas que disse que eu consigo? Todo mundo tem seu medo ou ponto fraco que o destrói, o meu veio em forma humana e com um belo par de olhos verdes. Eu sofro.

- Não fica assim - me pede, baixinho, apenas sua voz ecoando pelo ar em meio à esse silêncio noturno.

- Como você quer que eu fique? - mantenho meus olhos nas paredes decorada com pôsteres em meu quarto. Houve um breve silêncio antes de ele voltar a falar.

- Você pode me beijar se quiser, eu deixo - diz.