Eu acho você bem gostosinho

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Nem acordei direito e já estou cansado. Meu corpo está exausto e muito possivelmente está tendo uma sobrecarga de energia, ou falta dela. Dor de cabeça, respiração desregulada e boca seca. Merda, sintomas clássicos de uma ressaca. Eu estou mal.

Tenho que abrir a sorveteria,  que horas são? Tenho que abrir os olhos, não, preciso abrir os olhos. A luz está forte demais  e minhas pálpebras parecem pesar uma tonelada, tudo colabora para que eu não abra os olhos.

Abra os olhos, Josh, apenas abra os olhos.

Com muita dificuldade, enfim abro os olhos. Encontro a mais bela face do Planeta terra. Tenho quase certeza que minha pupila teve um leve bugue após dilatar, ficar normal e depois dilatar de novo. Sua beleza me dá ânsia, quero vomitar, não meu jantar ou afins, e sim um arco-íris com marshmelos dançantes.

Queria poder selar seus lábios. Dar-lhe beijos por toda a região do pescoço. Eu juro que, se eu pudesse, ficaria a manhã inteira abraçado a ele. Meu corpo dar-lhe calor e o dele a mim, é tudo que eu peço nesse instante.

Olho para o relógio. Ainda falta uma hora e meia até sairmos. Prendo-me a olhar pro teto. Pensar, pensar e pensar. Tudo que eu sei é pensar demais e agir de menos. Queria ter coragem para lhe dar um beijo, apenas um, sem língua, sem mão boba, apenas um pequeno selar entre um lábio sedento por carinho e um que está um tanto convidativo para que o outro faça tal ato de obscenidade.

Me aproximo. Consigo ver cada canto de seu rosto. Seus olhos fechados faz com faz-me ter menos medo. Quando vejo já estou praticamente em cima dele. É impressão minha ou seu corpo exala inocência? Não importa, não agora. A cada centímetro que fico mais perto posso sentir sua respiração bater em meus rosto. Minha coxa está entre suas pernas. Vamos, Josh, acabe com isso de uma vez por todas. É só um pequeno beijo, ele nem vai notar. Finalmente colo nossos lábios, um selar leve e, de certa forma, muito bom em seu lábio inferior. Ele desestabiliza meu corpo. Muito. Tipo, muito mesmo. Tanto que acabei por desequilibrar minha mão e cair de uma vez em cima dele. Oh, shit!

- Josh, isso é jeito de acordar alguém? - sua voz rouca sai quase como um grito.

- Bom dia? - finjo um sorriso bem grande e saio de cima dele. Acho que ele não percebeu o que eu fiz.

- Bom? - resmunga. - Se meu corpo ficar dolorido, eu te mato!

- Você é frágil como um bebê - afirmo.

- Um bebê que vai te encher de porrada - retruca.

- Poderia ser de beijos...

- Mas não vai ser - diz. Ele se ajeitar nos lençóis para poder se levantar e então olha no relógio. - Olha a hora, preciso tomar banho!

- Pode tomar banho comigo se quiser - provoco-o.

- Nem fudendo - ele faz uma careta.

- Fudendo? - ponho a mão no queixo e faço cara de quem está pensando. - Me parece uma boa alternativa.

- Eu acho você muito ridículo - dá-me um soco fraco no ombro.

- E eu acho você bem gostosinho - conto.

- Você ainda nem me provou pra saber se sou ou não - dá de ombros e se levanta da cama.

- Ainda? - repito. Sorrio de orelha a orelha. - Isso quer dizer que ainda tenho chance?

- Para de ser pervertido e vai se arrumar, Josh Beauchamp - ordena ao sair do quarto e ir em direção ao seu.

E vamos de: respirar pra poder aguentar mais um dia com esse sentimento no peito. Respirar para conseguir chegar aos meus objetivos - dentre outros, ter o corpo do Urrea só pra mim -. Respirar para conseguir chegar até o banheiro sem desmaiar antes.

Tomar banho, uma das maiores dádivas do ser humano. A melhor maneira de desestressar, eu diria. Seria melhor ainda se ele estivesse aqui comigo. Droga, tenho que parar de pensar no corpo dele sem roupa porque sempre acaba em uma coisa... Ereção.

Sim, eu fiz o que vocês estão pensando!

Ao contrário de ontem, hoje eu quis me arrumar um pouco melhor. Coloquei uma calça justa, uma camiseta preta do Iron Maiden e, como hoje está um pouco frio, resolvi retirar meu sobretudo do armário. Foda-te, eu estou lindo hoje. A única coisa ruim é meu cabelo, odeio quando os fios loiros voltam a aparecer. Gosto do meu cabelo escuro... Como as noites que passo em claro.

Na cozinha, Noah vem com mais um de seus pratos estranhos.

- Eu fiz suco hoje - diz.

- Vai sonhando - resmungo. Ele acha que esse suco vai me fazer ficar sem tomar meu precioso café.

- Josh - sua voz está manhosa. - Por favor.

- Só se você me dar um beijo - informo.

- Não faz eu enfiar isso na sua boca à força - seu tom de voz mudou completamente.

- Enfia outra coisa na minha boca, anjinho! - eu já disse que amo provocá-lo hoje? Não? Pois é, eu amo provocá-lo.

- Você não tem jeito - resmunga.

- Claro que tenho - digo ao abrir um sorriso enorme. - Um beijo resolve tudo.

- Vai sonhando.

- Você quem sabe - retruco.

- Vamos nos atrasar, cuide - sua melhor maneira de fugir do assunto.

- Estou indo - falo sussurrando, abaixo a cabeça. Acho que estou cansado disso, de ser rejeitado. Às vezes cansa, Noah Urrea. E muito provavelmente eu deixei essa decepção transparecer em minha palavras já que Noah veio até mim e me deu um pequeno beijo na bochacha.

- Você está bem? - ele pergunta.

Não, eu não estou. É isso que desejo profundamente responder.

- Estou - é o que realmente respondo. Continuo de cabeça baixa até me levantar e andar na direção da porta. - Vamos?

Ele apenas assenti com a cabeça e então me acompanha. Silêncio, silêncio, silêncio. Eu odeio silêncio. E odeio minhas variações de humor repentinas. É, talvez todos os seres tenham a habilidade de trocar seus sentimentos de alegria por tristeza, ou vice-versa, em poucos segundo mas... Sei lá, queria que isso não acontecesse comigo a todo instante.

Flowers & Ice Cream   ✰  Nosh  ❖  Now UnitedOnde histórias criam vida. Descubra agora