Folia na Escuridão

(Prólogo) A Fuga na Escuridão

Tarde da noite... Passava da uma da madrugada. Apesar de nuvens pairando pelo céu noturno, uma suntuosa lua cheia era responsável por iluminar Okinamori, a grande floresta na área rural da cidade de Musutafu, no Japão. Visto de longe, a mata parecia calma naquela noite. No entanto, duas pessoas dentro de Okinamori mata estavam prestes a viver o inferno na Terra...

— MERDA, MERDA, MERDA!! Precisamos correr, Tokoyami!! — Ajairou gritava para o seu amigo emplumado enquanto ambos fugiam pela floresta escura, aproveitando que o vilão que os atacou pareceu ter recuado.

O menino com a cabeça de corvo não respondeu ao seu parceiro, mas ele permanecia no encalço de Ragaku Ajairou, embora Fumikage mostrasse ofegante e expunha um semblante tortuoso, como se estivesse sofrendo em profunda dor. A luta com o vilão, apesar da curta duração, foi debilitante. Ao canto dos olhos, Ajairou reparou que Fumikage estava com um corte em sua cabeça, uma ferida por onde escorria sangue. Porém, não era viável parar para verificar aquilo. A prioridade era fugir, garantir terreno para longe do local do ataque.

Durante a fuga, Ajairou chegou a tropeçar numa raiz e foi direto ao chão coberto de folhas caídas da floresta. Convenientemente, seus reflexos foram suficientes para evitar uma batida com a cabeça e por mais sorte ainda seu óculos não caiu, afinal, encontrá-lo no breu da floresta e ainda com uma ameaça em sua retaguarda seria praticamente impossível, complicando a escapada. Ele era um aspirante a herói, mas precisava daquela coisinha para enxergar nitidamente, ainda mais justamente naquela noite, quando o rapaz não encontrou suas lentes de contato antes de sair de casa.

— Aquele maldito com cara de lagarto... Eu não consigo acreditar que a Liga dos Vilões ainda está disposta a nos atacar...! — Ragaku rosnava em sua mente. — É uma audácia absurda contra nós, estudantes da U.A.... Não bastasse isso aquele desgraçado ainda conseguiu me ferir, filho da puta...! — O garoto de óculos sentia um formigamento vindo de suas mãos. — Mas eu não posso parar para ver, a gente tem que se afastar... 

As palavras voavam pelo pensamento de Ajairou, enquanto a dupla se distanciava o máximo possível do ataque do vilão. Seu coração parecia estar quase saindo pela boca devido à pressão do momento. Tanto ele, quanto Tokoyami, já haviam passado por situações críticas, muitas delas... Ainda sim, ter a vida em risco causava uma incontrolável descarga de adrenalina.

A grande densidade de troncos contidos naquela região da floresta fez os dois meninos percorrerem caminhos levemente distintos, mas tomando a cautela para não se desconjuntarem drasticamente. 

— Putz, preciso ver se o Tokoyami está bem assim que pararmos...! — Ajairou carregava um receio de seu amigo estar com algum ferimento grave. Um socorro no meio daquela mata, em plena madrugada, era uma tarefa inviável.