29. A vez em que uma loba dourada assistiu a um embate entre titãs

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— Vamos com calma, rapaz, tudo bem que já nos conhecemos brevemente, mas eu acho indelicado você chegar na nossa casa fazendo esse tipo de acusação — meu pai disse, com cuidado, tentando apaziguar os ânimos do príncipe vampiro.

— Peço perdão pelo fato de o senhor ter que presenciar essa discussão dentro da sua residência — respondeu Leo, ainda com um tom de voz bastante irritado. — Mas deixo claro que meu assunto aqui é com esses três indivíduos especificamente. Não tenho nada contra a sua família.

— E quem você pensa que é, pra falar com a gente desse jeito??? — disparou Lavínia, indignada.

Os olhos de Leo escureceram, tomados por uma fúria que eu nunca tinha presenciado. Logo sua energia sombria se expandiu enormemente dentro daquele espaço fechado, se tornando até mesmo difícil para nós respirarmos ali, por consequência. Era tanto poder destrutivo que eu quase me sentia esmagada, envolta por aquela força que eu sabia que não poderia ser facilmente confrontada.

— Eu sou Leocaster, o príncipe dos vampiros — meu amigo se apresentou, imponente. — Vim aqui exigir uma reparação pelos danos que vocês me causaram!

Lavínia engoliu em seco, espantada com aquela revelação e com o poder emanado por Leo. Já Hector abriu um sorriso e demonstrou estar bastante satisfeito com toda aquela situação.

— Finalmente o morcego saiu da toca! — comentou o Grande Lobo, despreocupado. — Queríamos mesmo conversar com você, rapaz! Fico feliz por termos encontrado uma oportunidade para isso!

Dizendo aquilo, Hector levantou-se e caminhou rumo à Leocaster. Imediatamente Tatianna ficou de pé entre os dois, bloqueando a passagem.

— Nem mais um passo, lobo — ela alertou, com cara de poucos amigos.

— Eu só queria cumprimentar nosso visitante! — justificou-se Hector, estendendo uma das mãos.

Leo ficou de pé e tocou suavemente o ombro da vampira, indicando para que ela se sentasse e liberasse sua passagem. Tatianna se afastou a contragosto, enquanto Leo se moveu adiante e retribuiu o aperto de mão.

— Me chamo Hector, sou representante da Caçada Voraz e ocupo a posição de Grande Lobo. Esses aqui são a Lavínia e o Conrado, eles também fazem parte do conselho e estão me acompanhando nessa missão — explicou ele.

— Muito bem — Leo respondeu. — Agora que eu já sei os seus nomes, peço que me digam por favor qual dos três eu devo destroçar primeiro para que me contem de uma vez por todas o motivo de atacarem o meu clube.

— Você não tem direito de nos acusar dessa forma desrespeitosa, morcego prepotente! — praguejou Lavínia, indignada. — Você está falando com representantes do mais alto escalão dos lobos desse país!

Leo revirou os olhos e encarou a loira com desdém.

— Dá pra você se calar, por favor? Estou conversando com o seu chefe!

Lavínia chegou a abrir a boca para replicar, mas, antes que qualquer som pudesse sair, Leo fez um gesto com a mão e a loira foi arremessada com força contra a parede, caindo bem em cima da cristaleira da minha mãe, repleta de louças, que ficaram em pedaços graças ao impacto. A loba encarava Leo, revoltada, em meio aos cacos, mas se limitou a ficar de pé, limpar-se e voltar a se sentar no sofá, sem dizer mais nenhuma palavra. Por mais que Lavínia quisesse revidar, ela sabia que aquilo tinha sido só uma amostra do que o vampiro poderia fazer caso ficasse ainda mais irritado.

— Nós vamos pagar pela cristaleira — informou Tatianna, calmamente, como se nada tivesse acontecido. A vampira abriu sua bolsa, pegou uma carteira e tirou de lá um bolo de notas de cem, que deixou sobre a mesa de centro. — Creio que esse valor seja o suficiente.

O Clube da Lua e o Devorador de Sonhos (Livro 2 ✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora