41. A vez em que uma loba dourada descobriu a existência de relíquias

851 191 28
                                    

Dediquei os minutos seguintes daquela noite para cuidar do meu irmão. Assim que nos acomodamos no camarote preparado por Leo, assegurei que Ian tivesse bastante água ao seu alcance e fiquei ao lado dele até que ele se acalmasse. Momentos depois, Davi me enviou uma mensagem, avisando que havia chegado em segurança na pousada, e aquela informação também ajudou Ian a ficar mais tranquilo. Chamei Tatianna num canto e perguntei sobre Caio, e fui informado de que ele pedira um táxi e fora embora depois de lavar o sangue de seu rosto no banheiro, sem aceitar nenhum tipo de ajuda da equipe do clube. Era bom saber que aquele infeliz estava longe dali, mas o comportamento dele não passaria batido e eu faria questão de levar aquele assunto até o Casal-Líder posteriormente, tão logo eu tivesse uma oportunidade.

As horas seguintes foram bastante tediosas. Fiquei isolada no camarote com Ian e Bárbara, aguardando o fim da festa e a partida dos lobos do conselho. Já passavam das cinco da manhã quando as atividades dos clube foram encerradas e as portas do Lacrimosa finalmente se fecharam. Minutos depois, Leo, Tatianna e Poliana se juntaram a nós, para realizarmos uma reunião e avaliarmos os resultados daquela noite. Ben já havia ficado de sobreaviso e sabia que ligaríamos para ele por volta daquele horário, então já tinha inventado uma desculpa com antecedência para se afastar da sede da Caçada Voraz e passar o seu fim de semana de folga num hotel, de onde poderia conversar conosco, sem se preocupar em ser monitorado. Quando meu irmão mais velho atendeu a vídeo chamada, Ian já estava bem melhor e não apresentava mais tantos sintomas de embriaguez, para o meu alívio.

— Vocês estão com umas caras péssimas... — Benjamin comentou. — Devo concluir que a noite não terminou tão bem quanto o esperado?

— Nós tivemos alguns problemas sim, mas não teve nada a ver com a Caçada Voraz — me apressei em explicar. — E acho bom a gente deixar esse outro assunto de lado por enquanto e focar no objetivo original dessa reunião. Vai ficar tudo bem, maninho, não se preocupe, vamos falar de coisas mais urgentes.

— Bom, se você tá dizendo, quem sou eu pra discordar — Ben respondeu, sem insistir muito. — Como foi a missão de vocês? Descobriram alguma coisa?

— Descobri que esses lobos são um porre de chatos — Poliana desabafou. — Fiquei a noite toda de olho neles no camarote, mas não fizeram nada, a não ser beber aos pouquinhos e encher a barriga com os itens mais caros do cardápio!

— Eles não chegaram a se embriagar então? — questionei.

— Não que eu tenha percebido — a ruiva revelou. — Ou eles não beberam o suficiente, ou possuem uma resistência acima do normal.

Leo, que também parecia inconformado, finalmente se pronunciou.

— Eu enviei os vampiros e vampiras mais belos do meu time, que já seduziram reis, imperatrizes e generais! E esses cachorros convencidos simplesmente se recusaram a ceder aos encantos deles! — reclamou o príncipe morcego.

— Até a Lavínia? — perguntei, incrédula. — Isso é algo que eu não esperava, ela só faltou comer o Ian com os olhos da primeira vez que se encontrou com ele...

— Talvez o problema não seja os talentos dos funcionários do Leo, mas sim a espécie deles — Bárbara ponderou. — Esses lobos do conselho sempre implicaram com os vampiros, não estou certa? Não é de se estranhar que se recusassem a se jogar nos braços dos morcegos na primeira oportunidade...

— Mas meu vampiros têm armas secretas! — Leo protestou. — Poderes hipnóticos capazes de fazer qualquer criatura rastejar aos pés deles! Não era pra esses lobos serem resistentes à nossa magia de sangue!

— Eu não imaginava que seus funcionários fariam uso desse tipo de recurso nada convencional — Benjamin comentou, levemente constrangido. — Porém, de qualquer forma, é mesmo estranho que lobos tenham conseguido resistir à magia dos vampiros.

O Clube da Lua e o Devorador de Sonhos (Livro 2 ✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora