39. A vez em que uma loba dourada partiu em busca de evidências

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[Aviso de gatilho: este capítulo faz menção a uma tentativa de abuso de pessoa em situação vulnerável; se esse é um assunto delicado para você, proceda com precaução]. 


Saí da fazenda no final da tarde, avisando meus pais de que me arrumaria para a festa no Lacrimosa na casa de Ian e seguiria para o clube junto com ele. Obviamente, aquilo tudo não passava de uma desculpa, já que, assim que me certifiquei que não estava sendo seguida por uma das SUVs da Caçada Voraz, me dirigi imediatamente para a comunidade das panteras. Bárbara estava à minha espera, e ficaríamos na casa dela até Tatianna confirmar que os lobos do conselho já haviam chegado ao clube e que o caminho estava livre para que revistássemos os pertences deles na fazenda, sem sermos incomodadas.

Sabia que tínhamos algum tempo até chegar a hora de começarmos a missão e, obviamente, a conversa que eu tivera com Tatianna sobre meus sentimentos ainda não saíra da minha cabeça. Com isso em mente, fui ao encontro de Bárbara buscando uma reaproximação e disposta a usar todas as minhas fichas para mostrar à jovem pantera que eu estava pronta para ser uma parceria para todas as horas, boas ou ruins. Tudo o que ela precisava fazer era confiar em mim e me dar uma chance, para que eu conseguisse provar aquilo.

— Como estão as coisas por aqui? — perguntei, assim que fui recebida pela pantera em sua casa.

— Meus tios ainda estão inconsoláveis, mas também estão esperançosos de que o vaso que encontramos na mata nos ajude a descobrir alguma coisa... — ela respondeu.

— Eles sabem sobre nossos planos para hoje?

— Apenas a Anne — revelou Bárbara. — Achamos melhor mantermos tudo em segredo por enquanto, para não causar uma comoção ainda maior e evitar que alguma informação acabe vazando. Principalmente se essa Caçada Voraz estiver mesmo envolvida. As panteras já não simpatizam muito com os lobos e, se ficar provado que tem mesmo dedo da sua espécie nessa praga do sono, elas vão ficar ainda mais revoltadas.

— Bom, então é melhor mesmo mantermos o assunto apenas entre nós — concordei. — Mas e você? Como você tá lidando com tudo isso?

— Ai, Maia, eu nem sei dizer, pra ser sincera — ela desabafou. — Tudo tá acontecendo tão rápido que eu sequer tive tempo de pensar em mim mesma. Por sorte, as aulas na faculdade estão suspensas, mas eu ainda continuo trabalhando na pousada normalmente. Às vezes me sinto como um daqueles heróis dos quadrinhos, que têm uma vida normal durante o dia e salvam o mundo pela noite. Só não fazia ideia do quanto essa jornada dupla era extremamente cansativa...

— Eu te admiro muito, de verdade — declarei, honestamente. — Você é pouca coisa mais velha do que eu e já conquistou tanto! Tem seu trabalho, sua própria casa, é independente, foi aprovada numa universidade federal... Não bastasse isso, ainda tem uma boa índole e se importa com o bem-estar da sua família. Eu respeito muito a maneira como você se preocupa com seus primos depois do que rolou com eles. E quero que você saiba que você tá se saindo muito bem, apesar de tudo o que tem acontecido. Poucas pessoas conseguiriam fazer todas as coisas que você faz com essa desenvoltura. E eu me orgulho muito de ser sua amiga e ter alguém como você pra me espelhar.

— Obrigada, Maia — ela respondeu, com um sorriso. — Admito que é difícil pensar sobre mim dessa forma, mas não é nada mal ouvir tantos elogios como esses de vez em quando, principalmente quando eles vêm de alguém que eu considero muito — ela brincou.

— E tem mais uma coisa que eu preciso falar — continuei. — Obrigada por me levantar e ficar do meu lado quando eu mais precisei. Tenho certeza de que teria sido muito mais difícil passar pelo julgamento dos lobos e por tudo o que rolou logo depois, com a coleira, se eu não tivesse o seu apoio.

O Clube da Lua e o Devorador de Sonhos (Livro 2 ✓)Onde histórias criam vida. Descubra agora