O Clube da Lua e o Devorador de Sonhos (Livro 2 ✓)

37. A vez em que uma loba dourada lidou com sentimentos conflituosos

[Antes de começar o capítulo, vim contar que fui entrevistado pelo perfil oficial  LGBTQ+ aqui do do Wattpad e gostaria muito que vocês dessem uma olhada e deixassem comentários lá, se possível.  Vou marcar o perfil num comentário aqui do lado, minha participação tá no livro Entrevistas LGBTQ+ , com meu nome, Fabrício Barbosa 😉 ]

Após nos despedirmos de Benjamin e encerrarmos a reunião no Lacrimosa, eu tive esperanças de conseguir passar um tempo a sós com Bárbara. Como o clima entre nós parecia ter voltado ao normal, depois de eu conversar com a líder das panteras e de os lobos terem sido aceitos durante a operação de busca na reserva, imaginei que o caminho para uma relação saudável estava aberto mais uma vez, mesmo que não fosse para nada além de uma amizade. Porém, quando eu ofereci carona para voltarmos juntas até Esmeraldina, ela foi rápida em responder que iria com Davi e não me deu mais nenhuma brecha, como se estivesse evitando minha companhia propositalmente. Foi só então que eu me dei conta de que as barreiras entre eu e ela ainda não haviam sido completamente derrubadas, conforme eu tinha imaginado. Ainda havia trabalho a ser feito, e eu não fazia nem ideia de como começar.

Eu poderia ir para casa e ficar me lamentando a respeito daquilo, eu bem sabia; no entanto, quando estava prestes a sair do camarote e fui me despedir de Leo, acabei optando pelo contrário, assim que uma nova ideia passou pela minha cabeça.

— Leo, aquela sua funcionária... Tatianna... Ela tá por aqui? — perguntei, tentando disfarçar meu nervosismo.

O vampiro me encarou em silêncio por alguns segundos, até finalmente abrir um sorriso, como se enfim tivesse entendido o que estava acontecendo.

— Não sabia que vocês duas eram íntimas... — Leo provocou, empolgado.

— A gente se falou brevemente na outra vez em que eu estive aqui... — expliquei. — Ela me deu o cartão dela, disse que eu poderia entrar em contato caso quisesse conversar...

— E imagino que agora você resolveu aceitar essa oferta? — Leo insistiu, sorrindo maliciosamente.

— Dá pra largar do meu pé, seu morcego enxerido??? — retruquei, irritada.

— Relaxa, lobinha. Só tô te provocando — ele me tranquilizou. — Vou chamar a Tatianna, espere aqui, sim? — ele pediu por fim, antes de se retirar do camarote.

Não demorou muito até a vampira aparecer e se sentar silenciosamente ao meu lado. Aquela proximidade toda acabou me despertando alguns sentimentos inesperados, preciso admitir. Sim, Bárbara exercia um estranho magnetismo sobre mim toda vez em que ficávamos próximas, porém eu não podia ignorar o quanto a mulher que me fazia companhia naquele momento também conseguia encher minha cabeça com algumas vontades inesperadas e irracionais.

— Confesso que foi uma surpresa descobrir que você queria me ver — ela comentou. — Depois que se passaram alguns dias e você não me ligou, pensei que não tivesse simpatizado muito comigo.

— Não foi isso — expliquei, meio sem graça. — Tem acontecido tanta coisa ultimamente que tá sendo difícil fazer tudo o que tenho vontade...

— Fico feliz em saber que, mesmo assim, você arranjou um tempo para me ver — apontou Tatianna, cordialmente. — O que eu posso fazer por você hoje, Maia?

— Eu tô me sentindo muito confusa sobre algumas coisas na minha vida — confessei. — E eu pensei que talvez seria bom conversar sobre isso com uma mulher mais... experiente, se é que você me entende? A verdade é que minha relação com a minha mãe não tá nos seus melhores dias, a minha melhor amiga tá internada e todas as outras pessoas com quem eu poderia desabafar sobre isso são homens... Não é que eles não se importem comigo, mas duvido muito que passem pelos mesmos dilemas que eu...