33. A VEZ EM QUE UMA LOBA DOURADA DESCOBRIU AS ORIGENS DE UMA RIVALIDADE HISTÓRICA
Estava diante da familiar guarita de madeira novamente. Porém, dessa vez, os motivos que me traziam até ali eram mais sérios e pouco tinham a ver com a minha inegável paixonite por minha amiga pantera. Sim, ela tinha me dado um fora e sim, eu tinha tentado seguir adiante, sem guardar ressentimentos, mas a verdade é que muitas vezes nosso coração simplesmente se recusa a aceitar um caminho mais racional, por mais que a gente se esforce. Foi exatamente por isso que eu não consegui conter um suspiro assim que a vi se aproximar de mim, nem pude deixar de reparar no quanto ela permanecia incrivelmente maravilhosa, apesar de todas as dificuldades que estávamos enfrentando.
— Maia, o que você faz aqui tão cedo? — ela perguntou, confusa. — Pensei que você acompanharia o Davi no ritual na aldeia...
— Minha intenção era mesmo essa, mas o Pajé disse que a presença de mais pessoas podia acabar atrapalhando, então preferi aproveitar esse tempo pra fazer outras investigações — expliquei.
— Vamos lá pra casa — pediu Bárbara. — É melhor conversarmos sobre esse assunto em particular, pelo menos por enquanto.
Apenas assenti e segui minha amiga pelas vielas da comunidade das panteras. Assim que chegamos em sua residência, nos acomodamos na sala de estar e ela me serviu uma xícara de café.
— Você disse que queria fazer outras investigações — ela mencionou. — O que exatamente você pensou?
— Quero partir das pistas mais concretas que temos no momento — revelei. — Até onde sabemos, os seus primos foram os primeiros a serem afetados pela praga do sono. Também foi aqui, na sua casa, que o Davi sentiu a presença da criatura pela primeira vez. Pensando nisso, cheguei à conclusão de que o território das panteras é o lugar onde temos mais chances de encontrar alguma evidência que nos ajude a identificar o que é essa coisa.
— Faz sentido — ela concordou. — Mas você sabe que a extensão das nossas terras não é pequena... Tudo bem, elas nem se comparam com a vastidão do território dos lobos, mas, ainda assim, não será tão fácil fazer uma varredura completa...
— Nós temos menos de duas semanas pra resolver isso — relembrei. — Esse é o prazo que a Caçada Voraz deu para os meus pais. Não podemos perder tempo. E eu acho que tenho uma ideia de como investigar o seu território de maneira mais rápida.
— E qual seria essa ideia? — quis saber Bárbara, desconfiada.
— Trazer os lobos da minha alcateia e colocar eles pra procurar junto com as panteras.
Minha amiga ficou sem palavras por alguns instantes, como se estivesse se convencendo de que eu tinha de fato proposto aquilo.
— Você acha mesmo que há chances de isso funcionar? — ela enfim se pronunciou, com ceticismo. — Pensei que os lobos odiassem as panteras...
— E nós bem sabemos que já passou da hora de resolver essas diferenças — argumentei. — Se vocês autorizarem a entrada deles aqui, eu faço a minha parte e tento convencer o pessoal da minha alcateia a colaborar.
— Eu não sou contra seu plano, Maia, de verdade, mas você sabe que essa decisão não depende de mim... — explicou Bárbara.
— E com quem eu preciso falar então? Basta me levar até a pessoa certa que eu faço o resto — declarei, decidida.
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O Clube da Lua e o Devorador de Sonhos (Livro 2 ✓)
Fantasy[Livro 2 da série "O Clube da Lua"] Depois de unirem suas habilidades e colocarem um fim à ameaça da Flor Cadáver, Davi, Ian, Maia e os demais membros do Clube da Lua finalmente poderão ter um momento de descanso e aproveitar o status de heróis da c...