Sinto a tequila queimar meu esôfago e o calor novamente entrar no meu corpo, Mari tá certa, eu estou começando a ficar paranoica, preciso de ajuda psiquiátrica, esse sentimento descabido tá me fazendo mal, muito mal mesmo.
Ouço quando o cantor anuncia que vai tocar algo para a galera dançar, sua voz, essa voz, porque me lembra alguém, mas ela parece tão grossa, não é a mesma que tem na minha lembrança...
Para Camila! Para!
Você veio esquecer as coisas, veio se divertir, e tá na hora de começar a fazer isso.
Ouço quando o cantor começa a cantar Una noche de Jorge Blanco e Saak, hora de ir rebolar o corpinho que mamãe me deu, e encontrar um parceiro.
A letra dessa música também é muito foda. Tenho que admitir, ele tem um repertorio muito bom.
Yo ya encontré una razón de sobra para quedarme contigo, yeah eh eh
Y aunque te vayas te juro que sé esperar
Hazme un tatuaje de ese momento y así te quedas conmigo
...
Porque si solo nos queda una noche
Tendremos que escaparnos a algún lugar
Porque si solo nos queda una vida
Un amor no se olvida si es de verdad, ohVou até a mesa pra chamar Mari pra dançar, mas não a encontro. Deve ter ido ao banheiro.
Eu vou em direção a frente do palco onde tem um espaço que tem um pessoal dançando e eu aproveito e me jogo, mexo meu corpo ao som da música, e sei que estou atraindo olhares, mas até agora, nenhum que me agrada.
Quando olho para o palco vejo que ele canta olhando pra mim, sinto o álcool se envolvendo ao meu sangue, me sinto leve, a cada batida da música eu me sinto melhor, preciso de mais, essa sensação me liberta da realidade.
Minhas mãos involuntariamente começam a deslizar sob meu corpo, eu não controlo mais meus movimentos, estou livre, fecho meus olhos e me deixo levar pela música.
— O que você tá fazendo? — abro meus olhos e encontro Mari na minha frente. — olha o jeito que todos estão olhando.
— Dançando e que olhem mesmo — dou risada — vem, vamos dançar — puxo ela pra perto de mim e começamos a dançar juntas.
— Cami você bebeu mais alguma coisa fora o que bebemos? — ela para de dançar.
— Uma, duas, ou talvez três doses de tequila pra esquentar o sangue — dou risada, tudo ficou engraçado. Jogo minha cabeça pra trás sorrindo, quando volto, ela está me olhando com aquela cara — o que foi? Viemos pra nos divertir mesmo, se anima.
— Você prometeu pegar leve lembra? — faço cara feia.
— Mas estou pegando leve, relaxa, falta muito pra eu ficar bêbada — dou uma risadinha e pisco um olho pra ela.
— Vou voltar pra mesa, não saia da minha vista.
— Sim senhora mamãe — dou um beijinho na bochecha dela pra irrita-la e pelo visto funciona.
A música acaba e o cantorzinho anuncia uma pausa de 20 minutos, mas continua uma música sei lá qual é, nesse momento nem sei mais onde moro, só sei que não dá pra dançar então vou em direção ao bar.
— Yaaaan, seu lindooooo — me debruço no balcão — manda pra cá uma dose de gim com tônica e gelo, por favor. — ele busca meu drinque e eu agradeço com um beijo na bochecha dele.
Eu me viro na cadeira a procura do meu Christopher falso da noite, dane-se a paranoia e o que Mariana disse, eu só quero tentar tê-lo por uma noite, mas parece que eu esgotei todos os sósias da minha cidade, até agora não vi nada, tomo um gole do meu gim até que.
— Oi — viro minha cabeça pro lado e lá está ele, o cantor. Bonitinho, mas não me interessa.
— Oi — respondo e viro novamente minha cabeça pra frente.
— Você dança muito bem, e com todo respeito, você é linda — olho para ele. — muito prazer Arthur — eu tento olhar pra seu rosto, mas os óculos e o boné não ajudam minha visão turva, provavelmente o álcool já esteja fazendo efeito.
— Camila, muito prazer — aperto sua mão e sinto um choque instantâneo, pelo sorriso dele, ele também sentiu. Tomo um gole do meu gim — você canta bem, deveria seguir essa carreira — ele baixa a cabeça e dá uma risadinha.
— Muito obrigado Camila, então, o que uma garota tão linda está fazendo aqui e sozinha?
— Na realidade não estou sozinha, se você não percebeu enquanto me olhava todo o tempo que cantava, eu vim com uma amiga e nesse momento ela está olhando para cá — ele se vira e aponto pra onde Mari está fuzilando ele com os olhos, ele acena pra ela — mas tem razão, não quero ficar sozinha estou procurando uma companhia.
— Alguém em especial? — olho pra ele atônita, como ele sabia que era alguém em especial? Acho que ele percebeu que eu fiquei surpresa — não é por isso que está olhando para todas as direções do bar e analisando todo mundo?
— Pra um cantor, você é bastante observador e esperto, mas não é ninguém em especial — tomo outro gole — procuro alguém com as características que são essenciais para mim.
– Ah é? E que características são essas? — ele chega mais perto e por um momento reconheço alguns traços em seu rosto.
— Você me lembra alguém, mas agora não sei dizer quem, não lembro — vejo que ele fica nervoso, baixa a cabeça e dá uma risadinha nervosa.
— Todos dizem isso, mas mudando de assunto, você não respondeu minha pergunta. — com quem ele se parece?
— Não é nada que vá lhe interessar, e além do mais, estou bêbada demais para falar disso — volto a procurar alguém no meio do salão.
— Então quer dizer que pra conseguir conversar com você, o cara tem que ter essas características? — o olho — Eu tenho elas? — o analiso da cabeça aos pés e nego voltando meu olhar ao salão. — então não tenho chances nem de pegar seu número?
— Olha Arthur, você me parece um cara legal, e é bonito, mas você não tem o que eu preciso e procuro, você não quer problemas, mas gosto da sua voz — é nesse momento que encontro o que eu procurava, um cara mais ou menos da altura de Christopher, cabelo igual ao dele, meu Deus o cabelo é igual, e o estilo é parecido, tem a mesma cor de pele, porém seu rosto não existe nenhum traço que lembre ele, esse vai servir — já você tem uma voz boa, espero que tenha memória boa também.
— Como assim? — ele olha pra mim sem entender.
— Você não quer meu número? — dou um gole no resto de gim que sobrou e faço um pouco de careta — decora aí, 99842514, preciso ir, tchau. — me levanto rápido demais e quase caio, mas ele segura meu braço.
— Cuidado — sua boca parece apetitosa, assim pertinho.
Acorda Camila, vai perder o outro cara de vista.
Subconsciente de merda.
Saio de lá e vou em direção ao cara que vi.
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A Fantasia de uma Fã - Livro 1 (EM REVISÃO)
RomanceA vida de um fã não é fácil, aceitar julgamentos calados, por acompanhar e depositar amor e confiança em pessoas que provavelmente nunca saberão que você existe? É a sociedade não aceita muito bem. E já imaginou o quanto mais ficaria dificil se você...