Capítulo 28

166 23 2
                                    

Sério, que porra foi essa?

Não dá pra acreditar!

Eu tenho certeza de que tranquei a porta quando saímos, ah quer saber? Dane-se, eu só preciso dormir, não vou nem esquentar minha cabeça com isso hoje, vai ver foi só o Luccas querendo agradar a Mari.

Eu estou cansada, enjoada e só quero dormir, olho pra Mari e me desculpo em silêncio, não vou carregar ela para o quarto, ela vai dormir aí mesmo.

Com a força que busquei do centro da terra, carrego meu corpo pesado e suado para meu quarto, me jogo na cama, espero ao menos ter uma noite boa de sono, vou precisar de todo o fim de semana pra me recuperar dessa ressaca.

— É bom te ver novamente — pisco algumas vezes, está muito claro, estou sentada, apoiada no tronco de uma árvore, reconheço essa voz.

Chris.

— Achei que você tinha me esquecido — olho para seu rosto banhado pela luz do sol, ele é muito lindo, meu Deus.

Ele sorri para mim, e deita a cabeça no meu colo. Começo a mexer em seu cabelo, amo seu cabelo.

— Acho que você é que está me esquecendo — olho para ele sem entender, como assim esquecendo ele? Eu o amo, nunca esqueceria ele.

— De onde você tirou isso? Eu já te falei que na minha vida só existe você e mais ninguém — acaricio seu rosto, sua pele é tão lisa e macia.

— Então por que sorri ao falar com outro? — o olho sem saber do que ele está falando — você sabe, quando conversa com ele você dá aquele sorriso. O que está acontecendo? — ah ele tá falando de Arthur?

Mas como ele sabe dele? Eu não disse nada, ou disse?

— Se está falando de Arthur, não é assim, ele é só um amigo, um conhecido — seu olhar está focado no horizonte — eu te amo — viro seu rosto, obrigando-o a me olhar nos olhos — e seu lugar ninguém nunca vai tomar.

— Como pode dizer isso com tanta certeza? — ele se levanta e se senta — ele não se parece comigo Camila, mas mesmo assim você gosta dele, só não consegue admitir — eu não gosto de Arthur, amo Chris, eu só tenho uma boa comunicação com Arthur, é diferente.

— Chris, olha para mim — ele vira seu rosto em minha direção — você não é substituível, eu me entreguei a você de corpo e alma, você é tudo que eu mais quero nessa vida, isso é uma coisa que não pode ser mudada — ele sorri para mim — eu só tenho uma boa relação com Arthur, mas isso não muda em nada o que eu sinto por você. — Lhe dou um beijo.

Seu rosto ainda está triste.

— Acho que chegou a hora de você recomeçar — por favor, não — já se passaram dois anos, nada mudou, nada mudará. Você continua presa naquele acidente. — Ele se levanta — você encontrou alguém, seja feliz, eu serei também, sempre amarei você, mas chegou a hora de seguir — ele sai caminhando, levando seu corpo, seu coração para longe de mim, levando a única parte feliz da minha vida, pelo menos a única que sobrou.

Não consigo me mexer, minhas pernas estão coladas ao chão, eu grito seu nome, grito porque é a única coisa que eu posso fazer. A dor está invadindo meu peito, me rasgando de dentro pra fora, ele está indo de vez agora, eu sinto, meu rosto já está banhado em lágrimas. Se arrancassem meu coração com a mão doeria menos.

— Chris! Por favor! — Meu corpo inteiro dói, minha alma dói, meu peito arde, sinto a vida se esvaindo do meu corpo, sinto o frio tomar o lugar dentro de mim, meu coração está vazio. Eu perdi o único homem que já amei na vida.

O que eu fiz? O que eu fiz pra merecer tal castigo?

— Deus, faz parar de doer, por favor! — meus soluços são meus companheiros.

A chuva toma o lugar do sol, com relâmpagos e trovões horríveis, consigo me levantar, saio disparada na direção que ele foi, não posso, não posso viver sem ele.

Corro, corro até não poder mais, eu estou indo em direção ao penhasco, mas a cena que meus olhos capturam me faz parar.

Chris está na ponta do penhasco de olhos fechados, sem camisa, descalço, apenas de calça. Seus braços estão abertos, se ele se mexer um centímetro, ele vai cair.

Não, não, eu preciso tirar ele de lá.

Caminho até ele, mas ele sente minha presença, se virando para mim ele sorri e se joga.

Nesse momento eu corro, vejo seu corpo caindo, até bater no mar.

Ele se foi.

Para sempre.

Por minha causa.

Por minha culpa.

— Não! — Levanto com um susto, estou suando, minhas mãos estão tremendo, meu rosto está frio, e ao passar minhas mãos, sinto que eu estava chorando.

Mas o movimento brusco fez meu estômago se irritar, corro pro banheiro e vômito, o resto de álcool que sobrou no meu organismo e aquele sonho horrível.

Depois de vomitar outra vez, me levanto com dificuldade, passo água na boca e vejo meu reflexo no espelho, meu corpo está tremendo, eu sinto uma vontade imensa de chorar.

Vou até meu quarto e despertador está marcando seis horas da manhã, não dormi quase nada, nem vou tentar mais, eu não vou conseguir.

Preciso de uma aspirina, e bastante café porque minha cabeça até que não está doendo muito, mas meu estômago parece ter vida própria. Ainda estou com a roupa de ontem, preciso de um banho.

Tomo um banho, escovo meus dentes e visto meu pijama, prendo meu cabelo sujo em um coque, vou para a cozinha fazer café. Enquanto a máquina faz o trabalho pesado, eu vou até a sala, Mari está dormindo feito pedra, tá até babando, eca.

Pego meu celular na minha bolsinha, notificações no Instagram, Facebook, e... 2 mensagens no WhatsApp, são de Arthur.

Chego à cidade amanhã às dez horas. Espero que esteja bem, beijos Camila.

Foram enviadas hoje as 03hrs da manhã, o que ele fazia a essa hora acordado?

Depois converso com ele.

Vou até a cozinha, pego uma caneca de café, e vou até meu quarto, pego meu notebook, e me sento na cama, faz dias que não acompanho a central de fãs, nunca fui muito interativa com elas, mas todas admiramos os meninos e isso já é o bastante para nós unir.

Fotos novas de Joel, Erick, Richard e Zabdiel, nada novo de Chris.

Ele anda sumido das redes sociais.

Estou lendo os twittes das meninas quando vejo uma coisa que só não me fez dar um salto porque eu estou incapacitada de pular.

Aqui diz que os meninos chegam esse fim de semana, chegam mais cedo porque estarão em duas rádios e dois programas de TV para anunciar o show, meu Deus, preciso parar de ser tão desleixada e acompanhar mais as coisas.

Preciso que Mari acorde para contar isso a ela, ela sempre foi comigo quando tentei ver os meninos, sempre penetras, claro, mas temos a oportunidade de ver eles antes do show sábado, só preciso começar a coletar informações.

Preciso checar os hotéis, e saber exatamente que horários eles chegaram nas rádios e nas emissoras de TV. Isso vai dar um trabalhão, preciso de Mari pra me ajudar.

Tomo um gole de café e juro por Deus que meu estômago me deu um soco de dentro para fora, mas pelo barulho que acabei de escutar, Mari acordou.

Me levanto lentamente e vou vê-la, quando chego na sala me deparo com uma cena muito macabra, e eu juro que vou matar Mariana, ela vomitou no chão da sala.

Eu mereço, não aguento ver nem meu vômito, quanto mais limpar o dos outros. Sou uma amiga muito boa.

A Fantasia de uma Fã - Livro 1 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora