Não dá pra acreditar.
Eu estou realmente em choque, minhas mãos estão tremendo.
Como foi que ele descobriu onde eu morava? Porque só pode ser ele né?
Esse trecho de música. Eu dancei essa música no dia que eu o conheci, eu lembro, mas eu não disse onde eu morava, ou disse?
Ainda estou em choque, não dá pra acreditar.
— Tá tudo bem? — tomo um susto, me seguro no balcão — criatura, o que foi? — ela vem ao meu socorro — parece que você viu um fantasma, senta aqui — ela me conduz até a cadeira.
— As flores — aponto para o vaso.
— Nossa, são lindas, mas de onde vieram? — entrego o bilhete a ela. — Quem te mandou?
— Não faço a menor ideia, mas pelo bilhete eu tenho uma suspeita — se foi mesmo ele, pela primeira vez que alguma coisa me assusta de verdade.
— E de quem você desconfia? — meu Deus, ela vai me matar — Fala Camila, esse silêncio tá me deixando nervosa, pra que tanto suspense?
— Lembra do menino do bar — ela assente — eu desconfio que tenha sido ele.
— Você disse onde morava? Você ficou maluca? — ela vai me deixar surda qualquer dia — e se não foi ele, e se foi outra pessoa? Ou pior, se tem alguém se passando por ele? Meu Deus! — ok, agora ela está surtando.
— Sem surtos, já basta o meu, mas não pode ser outra pessoa, você leu o cartão? — ela assente — então, ele cantou essa música aí no dia que nos conhecemos, eu dancei essa música, só pode ser ele Mari, mas o que assusta é que eu não dei meu endereço em momento algum, pelo menos eu acho.
— Meu Deus, ele tá te espionando? Isso só pode ser brincadeira. Você deve ter dito em algum momento — nego.
– Eu vou mandar mensagem pra ele, resolvo o problema rápido.
Me levanto e vou até a sala pegar meu celular, Mari está na cozinha comendo os dedos.
Bom dia. Foi você que me mandou um jarro de rosas vermelhas?
— Agora é só esperar ele responder — deixo meu corpo cair no sofá. Mari vem até a sala e senta do meu lado.
— E se ele não responder Camila? — a olho, odeio quando ela resolve ser negativa.
— Ele vai responder, ele tá interessado, não vai me dar um vácuo — pelo menos espero que seja assim — vamos esquecer isso, já perdemos a aula de hoje mesmo, vamos fazer alguma coisa? — dou um sorriso pra ela.
— Ah é, mais um motivo pra que eu te mate, resolveu fazer merda hoje né — faço cara de choro — tá, tá, o que você pretende?
— Eu estava pensando em irmos ver alguma coisa pra vestimos no dia do show, não tenho roupa — ela revira os olhos — sem sermão, eu realmente estou sem roupas pra sair, e depois podemos ir ver um filme, o que você me diz?
— Tá — ela suspira — você não vai me deixar dizer não né? — nego. — Vamos nos arrumar — ela se levanta e em direção ao meu quarto — você faz o café.
Folgada só ela, mas se bem que é melhor assim. Faço café, frito dois ovos e faço torradas, tá ótimo, melhor que isso só em restaurante.
— Marianaaaa!! O café tá pronto — grito por ela.
Ela reclama que eu demoro a me arrumar, mas ela é pior que aquelas velhas que passam horas no banheiro tentando esconder as rugas.
E o pior é que eu não faço nem ideia do que ela faz, porque ela não usa maquiagem, pelo menos não como eu, mas também com a pele que ela tem, se fosse eu também não usaria, o máximo que ela usa diariamente é batom, protetor solar e blush.
Preciso tomar banho, vou até meu quarto e encontro Mari penteando os cabelos, claro o cabelo, deveria imaginar porque ela estava demorando.
— Meu cabelo parece que não vê uma escova a um século e meio — ela tá quase arrancando os cabelos com a escova, chega a ser engraçado. — Aí, droga. — Dou risada.
— Me dá isso — tomo a escova da mão dela — senta aí vai — ela senta em frente a penteadeira e eu começo a pentear seu cabelo. Mas vejo seu rosto ganhar uma tristeza — estou te machucando?
— Hãm? Ah, não, não, é que — seus olhos estão lacrimejando — é que meu pai costumava pentear meu cabelo quando criança — ela funga — só me bateu saudade. — Aperto seu ombro e termino de pentear seu cabelo.
— Prontinho, agora você vai tomar café e eu vou tomar um banho porque já, já vamos sair — ela concorda e vai pra cozinha.
Sei o quanto deve estar sendo difícil ficar longe da mãe, mas Mari tem três opções.
Contar pra mãe dela o que aconteceu no passado, aguentar aquele nojento dentro de casa junto da mãe dela, ou continuar aqui comigo e ficar longe da mãe dela.
Se fosse por mim, ela contaria, mas a decisão é dela.
Tomo banho ao som de Tan Fácil, danço e canto no banheiro, não dá pra ficar parada nem calada ouvindo as músicas dos meninos, é impossível.
Termino de tomar banho, visto uma saia, uma regata branca junto com minha jaqueta jeans, e calço meu tênis, passo um batom vermelho, um pouco de rímel, e um blush pra dar um pouco de cor. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e sinceramente me sinto melhor comigo mesma quando me sinto bonita.
Chego na cozinha e encontro Mari no Instagram, seu vício diário, não posta quase nada, só olha a vida alheia, ela me mata se eu disser isso.
— Vamos? — pego meu café e minha bolsinha.
— Uau, se eu soubesse que iríamos encontrar alguém especial eu tinha me arrumado melhor — piadista, palhaça.
— Resolvi caprichar, só isso, e eu não me arrumo para ninguém, me arrumo pra mim mesma — empino meu queixo. — Ela dá risada.
— Ok, vamos — ela pega a bolsa e as chaves do carro. — Já que você está de tão bom humor, vou fazer diferente hoje, vamos ouvindo CNCO no carro — MAIS O QUÊ? Estou olhando surpresa pra ela.
— Tá com febre? — dou risada checando sua temperatura — se estiver continua assim por favorzinho — abraço ela.
— Digamos que hoje o dia vai ser para aproveitarmos, e as músicas deles são muito boas, isso é inegável. — Estou sem acreditar que ela elogiou a banda e disse pra aproveitarmos o dia na mesma frase.
— Não é só as músicas que são boas, os cantores também são — dou uma piscadinha pra ela e ela revira os olhos. — Não sei o que fez com a Mari certinha, resmungona e medrosa, mas gosto dessa versão.
— Não estraga o dia, deixa de ser escrota, vamos logo — dou dois pulinhos, e saímos.
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A Fantasia de uma Fã - Livro 1 (EM REVISÃO)
RomanceA vida de um fã não é fácil, aceitar julgamentos calados, por acompanhar e depositar amor e confiança em pessoas que provavelmente nunca saberão que você existe? É a sociedade não aceita muito bem. E já imaginou o quanto mais ficaria dificil se você...