Capítulo 21

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Sério.

Amo Mariana.

Mas as vezes, minha vontade é de matá-la.

Eu estava em um sonho tão bom, ela vai e me acorda. E pelo que estou sentindo, preciso de um banho urgente.

Me sento na cama, olho o despertador, ainda são 23hrs, ainda estou cansada, mas ela não vai me deixar dormir de novo e pela sua cara alguma coisa aconteceu.

Ela tá com a cara preocupadíssima.

— Tinha que me acordar justo agora? — bocejo e estico meus braços, meu Deus, eu realmente preciso de um banho, estou sentindo minha calcinha completamente molhada.

— Como assim justo agora? Entrei porque escutei seus gritos, eu pensei que tinha alguém te atacando! — eu gargalho — não tem graça, você quase me mata do coração — dou um suspiro.

— Bom, eu só estava dormindo — olho para o nada e sorrio ao lembrar de que por mais que tenha sido só um sonho, nunca tinha sonhado com ele me possuindo, foi mágico. Apesar de não ser realidade.

— E pelo visto estava sonhando também, e pela sua cara de chateação quando eu te acordei, o sonho estava muito bom — suspiro e dou um sorriso pra ela.

— Foi a nossa primeira vez juntos — fecho meus olhos tentando me lembrar de tudo que fizemos no meu sonho — foi tão real, tão mágico, mas foi só um sonho — suspiro — vou tomar um banho e fazer alguma coisa para comermos — me levanto e quando estou em direção ao banheiro ela me chama.

— Cami — me viro e ela está olhando pra mim com uma cara de desconfiada — com o que você estava sonhando exatamente?

— Então — me encosto na porta do banheiro — estava sonhando com Chris, mais precisamente nós dois fazendo amor — mordo meu lábio em lembrança.

— Escrota — Mari faz cara de vômito — você só pensa nisso? Mas se bem me lembro, você já teve sonhos eróticos com ele, mas nenhum deles foi fazendo amor com ele né? — assinto — acho que esse show tá afetando sua mente.

— Haha, enfim — suspiro — não me importaria de sonhar novamente, já que a realidade triste não posso, vou tomar banho, já volto.

Quando entro no banheiro, tiro a roupa me observo no espelho, minha pele ainda está arrepiada, meus mamilos ainda estão eriçados, minhas bochechas estão coradas, meu lábio inferior está inchado, foi tão real, seus toques, suas carícias, seus beijos.

Pena ter sido somente nos meus sonhos.

Ligo o chuveiro e deixo a água levar minha frustração.

É errado sentir saudades de alguém que nunca esteve em sua vida?

Meus olhos falam por mim, e eu choro, depois de muito tempo, depois de meses sem derramar uma lágrima, eu as deixo se misturarem a água do chuveiro, precisava deixar um pouco da dor transbordar.

Termino de tomar banho, saio para me vestir e Mari está deitada na cama com meu celular, não faço nem a menor ideia do que ela está fazendo.

— Tá fazendo o que bisbilhoteira? — ela se levanta e fica me olhando, enquanto eu visto um short e uma blusinha.

— Você estava chorando — eu nego, ela se levanta e vem até mim — olha pra mim Cami — viro meu rosto lentamente para ela — porque você estava chorando?

— Não é nada, eu só ando emocional demais, TPM chegando — esfrego meus olhos — me diz, pegou suas coisas?

— Peguei, briguei com minha mãe de novo — eu sei o quanto ela odeia brigar com a mãe — mas não vou ficar na mesma casa que aquele nojento, queria tanto que ela soubesse, quase contei, mas eu acho que ela não me perdoaria por esconder isso por tanto tempo. — Pego em sua mão.

— Eu tenho certeza que ela entenderia, e sinceramente acho que está na hora de contar — vejo a dor estampada em seu rosto, mentir pra própria mãe por tantos anos deve ser doloroso.

— Podemos mudar de assunto? — assinto — então — ela suspira e vamos andando para a cozinha — não falou mais com o garoto mistério? — dou uma risada, olhando a geladeira.

— Não, depois que nos falamos na hora do almoço, ele não me mandou mais mensagens — vou fazer dois sanduíches — ele deve estar trabalhando. E Luccas? Tem visto ele? Não falei mais com ele.

— É, sobre ele, decidimos ser só amigos — dou um sorriso, já esperava — somos muito iguais, é meio tediante, prefiro algo mais diferente de mim, alguém mais doce e que queira algo sério.

— Mas olha, nunca pensei que ouviria sair da sua boca as palavras "algo sério" — dou risada e ela faz uma careta pra mim — eu já esperava essa iniciativa sua, já até imagino que o coitado ficou arrasado, será que ele tinha comprado o ingresso pro show?

— Não, ele me disse que ainda não tinha comprado, ele disse que não iria, mas que vinha te ver e trazer seu presente — ela tem convivido tanto comigo que está mais fria que eu — enfim, acho que agora ele vai se afastar um pouco, mas acho infantil da parte dele.

— Você dilacerou o coração do menino Mari — dou risada — dá um desconto ao coitadinho — entrego o sanduíche dela, pego o meu, me sento na mesa e ela me acompanha.

— Não mandei ninguém criar expectativas, eu não criei — olho para ela — tá, talvez eu tenha criado um pouquinho — olho novamente para ela — tá, tá, eu tinha esperanças que dessa vez daria certo, mas sei lá, não me passou confiança, não era algo certo — ela começa a comer.

— Isso, isso, come, só assim para de falar tanta besteira — ela diz isso de todos os homens que conhece, nenhum passa confiança pra ela.

Terminamos de comer e fomos ver um filme, colocamos um dos meus preferidos, Startruck: meu namorado é uma super estrela.

Mari diz que só gosto dele, porque eu queria que fosse minha realidade com Chris, mas não me importo, é verdade mesmo.

Estamos tão cansadas, nem lembro quando pegamos no sono, dormimos no sofá mesmo. Aquela noite foi calma, sem mais sonhos.

Acordo no outro dia com batidas na minha porta, pego meu celular e olho a hora, 07hrs da manhã, Mari tá morta ao meu lado, decidido, não vamos para faculdade hoje, ela vai me matar.

Me levanto e vou ver quem está tentando por minha porta abaixo, quando abro a porta dou de cara com um entregador.

— A senhorita é Camila Fernandez? — entregas para mim?

Meu Deus, só pode ser boletos.

— Sim, sou eu, o que deseja? — ele se abaixa e pega um jarro enorme de rosas vermelhas.

— Isto é para a senhorita — ele me entrega o jarro — preciso que a senhorita assine aqui — assino o papel que ele me deu — obrigada e tenha um bom dia.

— Espera, quem mandou isto?

— Só faço as entregas senhorita — e lá se vai ele.

Não faço a menor ideia de quem me mandou isso, não tenho pretendentes, bom, não lembro de ter.

Coloco o jarro na mesa e procuro no meio de tantas rosas um cartão, e encontrei um pequeno bilhete.

Não é possível, como ele sabia onde eu morava?

Porque o amor não pode ser encontrado em qualquer lugar
Eu já encontrei um motivo suficiente para ficar com você, e mesmo se você sair, eu juro que posso esperar.

A Fantasia de uma Fã - Livro 1 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora