Capítulo 58

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Se ele pensa que assim vai me intimidar ou me deixar assustada, ele pense novamente.

Empino meu nariz, mantendo minha postura firme e fria. Ele para e se encosta em uma cadeira a minha frente. Olho para ele desafiando-o.

— Então, o que você quer conversar comigo? — posso estar sendo dura, mas estou realmente assustada. Seus olhos são negros, mas não pela cor, e sim pelo o que eles transmitem.

— Você tem namorado Camila? — ele me olha sério. Fala sério? Minha vida particular só diz respeito a mim e a Mari, ninguém mais.

— E desde quando isso é da sua conta? — cerro meus punhos. E ele sorri.

— Desde que sou seu professor e você chega atrasada na aula — ele se levanta e se aproxima mais — e aqui lembrando — ele apoia as mãos na minha cadeira — soube que desde que você entrou aqui nunca viram você namorando, qual a razão? — pego minha bolsa e me levanto, decidida a ir embora, mas sua mão me agarra — aonde pensa que vai? — puxo meu braço.

— Embora, minha vida particular não diz respeito a você! — ele segura novamente meu braço — me solta ou eu vou gritar seu pervertido! — ele segura meus dois pulsos.

— Escuta aqui sua putinha — quando ouço isso quero bater em seu rosto mas minhas mãos estão imobilizadas — você vai sentar e vai me escutar ou pode dar adeus a sua faculdade! — paro de me debater e ele me senta na cadeira novamente.

— O que você quer? — estou nervosa, com medo e com raiva.

Filho da puta!

— Quem dita as coisas por aqui sou eu, sugiro que faça o que eu pedir se não quiser ter problemas, entendeu? — assinto — ótimo — ele se encosta na cadeira a minha frente novamente — você tem namorado? — reviro meus olhos.

— Não, não sou do tipo de mulher que precisa de alguém pra se sentir completa — olho em seu rosto — até porque os machos de hoje são desprezíveis — ele sorri debochadamente.

— Ótimo, por que chegou tarde na aula? — merda! Se eu disser que estava com Mari, ele pode ir procurar saber.

— Fui a uma balada, precisava esfriar a cabeça — ele cerra os olhos em minha direção.

— É o seguinte, eu só vou avisar uma vez — ele vem até mim e fica por trás de mim — não gosto de falta de compromisso e muito menos falta de pontualidade, sugiro que quando quiser sair pra se divertir o faça, mas não esqueça da faculdade — sinto ele perto da minha orelha — e de preferência me chame da próxima vez, posso acompanha-la — ele dá uma risada e juro que sinto vontade de vomitar. Ele volta novamente para minha frente — e se contar sobre o que conversamos aqui, pode ter certeza de que vou me encarregar de fazer com que você e sua amiguinha percam tudo que tem, entendeu? — engulo no seco.

— Entendi — me levanto e pego minhas coisas — já posso ir embora? — meu olhar está voltado para o chão, mas percebo quando ele chega pertinho de mim. Sua mão vai até meu queixo e levanta meu rosto, me obrigando a olhar em seu rosto.

— Você vai fazer tudo que eu mandar e tudo que eu quiser — podia sentir seu hálito de café mesclado a pastilhas de hortelã velhas. Fez meu estomago ganhar vida — e espero que seja boazinha comigo Camila, não pretendo fazer nada para lhe machucar. — Puxo meu rosto.

— Posso ou não ir embora porra? — cuspo ríspida.

— Pode, tenha um bom dia Camila — ele beija minha bochecha e faço cara de nojo. Quando ele sai da frente, trato de quase correr para fora daquela sala, mas quando estou na porta ele me chama — e Camila, não esqueça, nada de namorados, ou você sabe o que vai acontecer — saio dali quase correndo.

Meu estomago está se revirando, sinto vontade de vomitar, limpo ferozmente minha bochecha, sinto arrepios pelo corpo inteiro, e não é daqueles bons.

Corro para o banheiro e despejo a única coisa que restava em meu organismo, álcool e água. Eu acabei de ser assediada pelo meu professor e não posso fazer nada.

Que nojo!

Meu corpo inteiro está tremendo, não sei se é de medo ou nojo.

Por que eu?

O que eu tenho que as outras não tem? Me levanto do chão frio e sujo banheiro da faculdade, vou até a pia, lavo minha boca e meu rosto.

O que eu vou fazer agora? Devo contar a Mari?

Mas e se ele descobrir que eu contei para ela, pode acabar com nossas carreiras.

Não posso arriscar, ainda mais agora com Christopher.

Meu Deus!

Christopher, ele deixou claro que não queria que eu tivesse namorado, mas ele não vai descobrir, até porque eu nem sei se eu e Chris chegaremos a isso. Meu subconsciente espera que sim, o que me lembra de mandar mensagem para ele.

Pego meu celular na bolsa e vejo duas mensagens de Mari, me perguntando onde estou e o que está acontecendo, preciso pensar em algo para dizer a ela, não posso dizer a verdade.

Mas devo contar ao Chris?

Bom dia, a noite de ontem foi ótima e obrigada pelos presentes. Espero usá-los com você. Quando puder me manda mensagem.

É, está na hora de encarar a realidade, ajeito meu cabelo e me olho no espelho, preciso manter a calma, surtar agora não é uma opção.

Saio do banheiro e quando olho no relógio do corredor só tenho mais 5min de intervalo. Não estava com fome e depois disso, ai que não consigo comer mesmo.

Vou andando em direção a saída, indo para o lugar que eu e Mari costumamos ficar, e assim que avisto ela e Isabela corro até lá. Mari se levanta ao me ver chegar.

— Iai? Como foi lá com o bonitão? — olho para ela sem entender — a Isabela falou que ele é um gato, mas super grosso. — Posso ver a preocupação em seu olhar, se ela soubesse o que realmente aconteceu.

— Nada demais — me sento e ela volta a sentar — somente uma bronca daquelas por ter chegado atrasada — aliso minhas têmporas que já estão começando a doer.

— Tem certeza? Sua cara não me parece nada boa — Isabela comenta e quando abro meus olhos Mari está me olhando preocupada.

— É que ontem eu não dormi muito bem — cruzo minhas pernas e sinto uma leve dor no meio das pernas e dou risada. Elas me olham como se eu fosse louca.

— Parece que a noite ontem foi produtiva não é, você não dormiu em casa — ela me olha com tom acusatório — vai me contar o que aconteceu ou vou precisar te matar pra obter informações? — dou risada.

— Não, eu vou contar, mas não se faça de inocente não, quero por escrito o que rolou ontem à noite — ela sorri e joga a cabeça para trás. Pelo visto não fui a única a ter uma noite boa.

— Você primeiro — ela chega mais perto de mim, toda empolgada. Mas, ai lembro de Isabela ao nosso lado. Mari entende minha hesitação e acho que a própria Isabela.

— Se quiserem eu posso sair para vocês conversarem — diz já se levantando.

— Não! — eu digo e Mari me belisca — pode ficar, afinal — olho para Mari — só vamos falar dos nossos encontros, não tem nada demais não é mesmo Mari? — olho para ela e ela dá um sorriso amarelo.

— Claro — eu a olho feio e ela revira os olhos. Isabela se senta novamente.

A Fantasia de uma Fã - Livro 1 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora