31 | Prof Bo.

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BO

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BO

  Observo atentamente as crianças sentadas desenhando agitadamente, ando pela sala e passo nas mesas para observar seus trabalhos enquanto cantam uma canção qualquer de natal, não consigo conter o sorriso quando Lucas com seus seis anos de idade levanta seu desenho para me mostrar um cachorrinho.

Quando alguém bate na porta e a abre lentamente todos ficam em silêncio, vejo Harry corar com a atenção que está recebendo enquanto me olha e faz um breve sinal pra chegar mais perto.

— O que você está fazendo? — pergunta estranho quando chego em sua beira na porta.

— Estou dando aula?

— Não me responde com outra pergunta Bo. — resmunga e fecha a porta atrás de si, olha rapidamente por cima de meus ombros para as crianças que agora estão cantando novamente, sorrio quando sinto seus lábios nos meus em um beijo rápido. — Porque você está em uma sala de aula? Pensei que você auxiliava as crianças em sua própria sala.

— Sim eu faço, porém Carmem teve um imprevisto em cima da hora e eu era a única disponível no momento, não é a primeira vez que fico com a turma durante a manhã toda. — explico baixando a voz para as crianças não escutarem. — O que você está fazendo aqui?

— Passei na sua sala para roubar um chocolate mas estava trancada. — me olha travesso.

— Você tem que parar de ir todos os dias até lá, e os chocolates são das crianças H.

— De jeito nenhum de vou parar de ir te ver, eu sei o que você quer dizer sobre isso, mas não conte com a minha participação. — resmunga manhoso.

Já faz duas semanas que Harry começou seu trabalho aqui na escola, e está fazendo o maior sucesso com os alunos, com as mães e com as professoras. Ele evita de fazer o intervalo na sala dos professores desde que Samanta, professora do pré se ofereceu para dormir com ele, e as coisas não param por aí não. As alunas dos últimos anos quase morrem quando H passa por elas e as cumprimenta, ou as mães que trazem seus filhos todos os dias desde que Harry começou por aqui.

Harry e eu não conversamos sobre o que seríamos depois da noite luxuosa que tivemos, apenas começamos a socializar mais, obviamente que Harry sempre escapa nos intervalos até minha sala me levando um café ou chocolate quente nos dias mais frios, ele se recusa a ficar na mesma sala que as assanhadas das outras professoras. Harry passa roubando-me breves beijos sempre que ele tem a oportunidade, que não são poucas.

— Você não pode sempre fugir das suas colegas de trabalho Harry, como que vai socializar e ir em reuniões se você está sempre fugindo? — seguro minha risada, a enorme questão é que eu adoro ver como H fica sem jeito perto delas.

— Eu não fujo de você, e nem dos outros professores, eles são legais na verdade. Saímos para beber sábado. — me observa atentamente. — Eu realmente gostaria que você falasse algo sobre nós quando elas perguntam sobre mim a você. Eles acham que somos amigos Bo.

— E não somos? — pergunto confusa.

Harry me observa atentamente e nega com a cabeça indo em direção á Thomas o ajudando com a cola glitter.

— Prof. Bo eu não estou conseguindo desenhar um camelo, me ajuda ? — Camila me pergunta manhosamente com os olhinhos cheio de lágrimas, me abaixo para ficar de seu tamanho e suspiro segurando a risada quando ela funga baixinho.

— E porque você quer desenhar um camelo meu amor? — ajeito seu cabelo atrás de suas orelhas.

— Porque é o meu maior sonho. — diz tristinha. — Foi o que você disse prof., para desenharmos o nosso maior sonho neste momento. E eu quero um camelo. — funga novamente.

Ajudo Camila com seu desenho de camelo e mais alguns desenhos sem sentido das outras crianças, me segurando ao máximo para não rir alto quando Lorenzo de cinco anos me mostra seu desenho de lagartixa fantasiada de homem aranha, a mente destas crianças me fascina.

— Porque eles estão cantando canções de Natal? — Harry pergunta se escorando ao meu lado na mesa central.

— Não faço a mínima ideia. — digo rindo. — Ei você não tinha que estar dando aula agora?

— Na verdade não, as crianças estão ensaiando um teatro com a outra turma. Então eu estou por fora disso já que não se encaixa nas minhas aulas. — diz distraído mexendo em meus anéis.

— Porque não foi para casa então? Você raramente tem tempo livre.

— Eu quis te ver antes de ir. Estava com saudades. — diz e sorri pequeno em minha direção.

— Nós se vimos sexta de noite Harry, vocês foram jantar lá em casa lembra? Noite da folia. — sorrio me lembrando da bagunça.

— Não é a mesma coisa que quando estamos sozinhos, e você esteve ocupada a semana toda desde então. — me olha rapidamente — Vai fazer cinco dias que não se vemos.

O observo atentamente enquanto ele continua brincando com meus anéis, Harry está estranho desde semana passada, parece mais manhoso e carente, não é o mesmo desde quando ele chegou a alguns meses, e mesmo eu sendo formada e estar trabalhando como terapeuta não consigo entender o que ele está sentindo, já que ele não me diz também.

— Eu não posso te pedir desculpas por não ter conseguido um tempo para se vermos, nem tive noção do tempo até agora que você me falou, eu amo o que eu faço Harry, e isso tem me consumindo todo o meu tempo sim, mas eu estou feliz por estar nesta loucura toda. 

— Eu não quero que você me peça desculpa Bo, nunca, eu te admiro muito por todo o seu esforço e não te peço que deixe de fazer as coisas por causa de mim. Eu te entendo, eu só estou com saudades de você. — H suspira baixinho. — Eu realmente quero que eu e você sejamos nós, não quero mais fugir das mulheres e dar desculpas, eu quero dizer a verdade, que não quero sair com elas porque existe um nós, mas você não me mostra reciprocidade deste sentimento, e eu tenho medo de te perder mais uma vez.

— Harry. — sussurro baixinho o olhando.

Quando Harry levanta seus olhos para me olhar sinto meu coração partir em mil pedaços, como eu não enxerguei isso antes? Passo meus dedos em seu rosto gentilmente com a mão livre e sorrio sentindo as borboletas que tanto temia. Encosto meus lábios em seus demoradamente, em um gesto carinhoso, Harry passa seus braços por minha cintura e beija minha testa antes de me abraçar apertadamente, escuto as crianças em um silêncio absurdo.

— A PROF BO TÁ NAMORANDO O PROFESSOR HARRY BIA. — Thomas grita apavorada mente e a turma da risinhos antes de o xingar por ter gritado, rio alto me soltando de Harry e o observo ficando corado por causa de criança de cinco a seis anos de idade.

A REASON FOR ME / hsOnde histórias criam vida. Descubra agora