Rafaella entrou no quarto levando os seus passos vagarosamente a fim de que Bianca não acabasse despertando em seus braços.
Na sua experiência em tórridas noites de bebida sabia que o melhor, em todas as hipóteses, era não acordar o embriagado. E era essa a razão que dizia a si mesma para justificar sua presença ali com Bianca.
— Prontinho — Falou depositando o corpo magro na cama e quase saindo, mas parando por um instante ao ver como Bia friccionava os dedos com a pele do braço como quem tinha frio.
Travando seu pé a meio passo de ir Rafaella retorna a morena cobrindo-a num ato que por si só já era muito, mas não o suficiente para Bia fingindo que estava se acordando naquele instante e não há cerca de dez minutos quando foi tirada do carro.
Na verdade, até havia pensado em revelar que estava desperta no trajeto até sua acomodação, no entanto, não foi capaz de proferir mais que uma sílaba com a maneira como seus sentidos eram invadidos por Rafaella tão próxima.
Tudo nela é atraente.
E embevecida com aquela sedução inconsciente de pele com pele simplesmente decidiu que não contaria nada.
É um segredinho bondoso que não vai fazer mal a ninguém.
Um lado não muito seu a incitou. Era como o diabinho no ombro de alguém incentivando loucuras que eram bem mais dignas de sua prima do que dela.
Definitivamente, mesmo que em menor dose, Bianca se sentia um pouco Jenyfer.
Foi por essa razão que fingiu abrir os olhos bem devagar como quem era tirada do sono e tocou a mão com a de Rafaella por cima da coberta.
— Não me deixa só — Pediu baixinho coçando o olho com uma mão livre num gesto nada calculado e muito adorável que fez Rafa um pouco menos imune do que gostaria.
— Não vou. Inclusive, estarei aqui mesmo nessa casa — A mineira garantiu permitindo que os dedos se entrelaçassem com a sua mão conforme um bico se formava no rosto bonito de Bianca.
— Seu quarto é longe e Marcela não está aqui. E se eu passar mal? E se algum bicho me atacar? Eu estarei sozinha Rafa —
— Que bicho, Bia? Você está segura aqui na minha casa, não precisa se preocupar com nada! —
— Mas Rafa... — Bianca apertou os olhos fingindo um choro que talvez só viria em razão do álcool e Rafa ficou com o coração apertado na hora.
— Não chora por favor — Pediu com a mão livre cobrindo a lateral do rosto da menor que pendeu o rosto para ali só para receber a carícia de forma muito mais completa.
— Então fica — Convidou a Andrade com uma voz cujo tom parecia de dublagem de filme de animais falantes.
Rafaella não conseguiu evitar uma risada curta.
— Posso pelo menos subir e pegar algumas coisas? Não tem roupa nem nada aqui — A loira perguntou meio nervosa gesticulando até mais do que costumava diante do olhar curioso de uma Bianca que logo assentiu.
Rafaella foi e voltou num pulo. Quando o fez abriu a porta do quarto de Bianca aguardando vê-la já em sono profundo, mas estava equivocada.
Sobre uma fresta de luz vinda do corredor brilhavam abertos os olhos de águia em sua direção.
— Achei que estivesse dormindo — Rafa falou acompanhando com o olhar a menina que levantou da sua cama com passos espertos ao perceber sua relutância em entrar no quarto outra vez.
— Estava te esperando para isso — A morena afirmou parando a sua frente na porta impondo sua presença numa inevitável diferença de altura.
Uma avaliou a outra naquele instante.
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O rugido da leoa
FanfictionPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...