Capítulo 28 - Mosca varejeira

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Conforme direcionava seus passos ao quarto Gizelly ficava a cada centímetro um pouco mais nervosa. Sentia como se os dedos formigassem e toda sua voz se concentrasse no meio da garganta impedindo-a de falar ou respirar.

É só a Marcela.

Tentou pensar acalmando seu peito.

Era a loirinha de sorriso tímido, que falava coisas bonitas e tinha um ar elegante inconfundível. Era a mulher que pareceu vê-la por dentro desde o primeiro instante e, por isso, a revirava inteira do avesso.

No fim era assim que se sentia: Uma bagunça. Uma necessária, uma que precisava para entender que deveria voltar a viver sem tanto medo.

Não deixa ele tirar mais isso de você.

E com algo de firmeza atingindo seus dedos a capixaba bateu contra a porta do quarto das irmãs e aguardou. Em alguns minutos a porta pesada se abriu e o espaço foi preenchido pela loira e aquele típico aroma de mar.

— Gi? Algum problema? — A loira perguntou com a surpresa rodopiando por cada um dos fonemas que proferiu.

— Não — Foi enfática e num súbito medo quase deu de ombros e foi embora, no entanto, a meio caminho de ir acabou retornando — Sim — Reformulou sorvendo um pouco de coragem na figura receptiva com o ombro encostado na porta — Eu acho que gosto do lilás — A capixaba confessou como se fosse a coisa mais clara do mundo, mas tudo o que conseguiu foi um olhar cheio de interrogações impressas sobre.

— Que bom? — Marcela respondeu meio incerta causando mais algum desespero na capixaba.

— Merda — A governanta falou e tentou buscar outra forma de que se fizesse mais clara.

E se você...

Sua mente começou, entretanto, sequer precisou terminar. Em ato seguido Gizelly ficou na ponta dos pés e selou seus lábios com os de Marcela num toque rápido e assustado.

Tanto que a loira não reagiu até que Gi tivesse se afastado.

— Você não... Eu não... — A governanta falou se interrompendo sem saber exatamente o que perguntar tamanho o seu nervosismo diante de Marcela que, como primeira reação, abriu um sorriso lindo.

— Não fala nada não. Só vem cá — Pediu a loira levando suas mãos a cintura da capixaba que puxou até si num toque que apesar de meio rude foi regado de carinho — Posso te beijar direito dessa vez? — Buscou uma resposta nos olhos de Gi. Parecia inevitável que não fizesse, como se algo pedisse que não deixasse o consentimento para trás antes que avançasse.

A mulher de cabelos dourados assentiu que sim e fechando os olhos permitiu que os lábios de Marcela retornassem aos seus.

A Andrade maior avançou com toda a calma que tinha e acariciou o lábio inferior da governanta sem pressa alguma até que ela libertasse a passagem para que ela deslizasse a língua para dentro num toque suave.

O sorriso de ambas na gênese daquele encontro foi inevitável.

Fora um compartilhamento tão intenso que até as mãos trêmulas de Gizelly tiveram que entender que precisavam se firmar.

O rosto de Marcela espertamente se move sobre o de Gi conforme a capixaba busca seus cabelos longos introduzindo as mãos por debaixo deles até tocar a nuca com seus dedos que pareciam sentir a necessidade de acariciar ali.

Marcela suspirou com a língua serpenteando pela de Gi e a puxou ainda mais perto, dessa vez, grudando irrevogavelmente os dois corpos femininos.

O beijo que começou devagar foi tomando novas proporções e passaram do doce ao lascivo dentro de minutos.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora