Últimos capítulos...
Ao conseguir o contato a loira não hesitou em seguir seu coração e o que havia proposto o destino. Não sendo sua família pararia e recalcularia toda a rota outra vez, sendo eles buscaria entender a razão de que jamais realmente procuraram pela sua criança perdida e levada para tão longe. Doía pensar no abandono. No possível desprezo e na falta de cuidado, porém nenhuma dúvida era capaz de detê-la.
"Agora me vi completa não posso me aceitar pela metade".
Lembrou do que disse a sua irmã e reafirmou a firmeza de suas motivações. Foi assim que passada duas semanas dentro de uma intensa reflexão que decidiu ir atrás daquele indício de quem era no mundo.
Era quarta-feira. O clima da cidade não se alterara ao seu prazer. Estava cinzento e ameaçava sem qualquer vergonha uma chuva intensa.
— Tem certeza que é melhor só esperar? — Indagou Vivian olhando para amiga de dentro do carro quando a loira se acomodou no banco abaixo de um ponto de táxi. Marcela ponderou. Poderia esperar um dia, uma semana ou um ano....
Mas é na repressão das vontades imediatas que o tempo passa e as realizações ficam no caminho. E nos vestígios do que foi um pouco do melhor que há no seu interior. Marcela não queria se abandonar. Prometeu a sua irmã e ao amor da sua vida com um olhar doce que voltaria e só poderia se quando o fizesse tivesse nos ombros gloriosamente o peso da sua origem. Do contrário, nada teria valido. Nem ver o cenho franzido da manauara antes de dar partida no seu carro um tanto incerta, nem encarar o frio das oito horas naquela cidade global, nem ficar horas recebendo um sereno fino enquanto encarava um condomínio fechado de muros altos e arabescos negros.
É maior que a Fazenda.
E a propriedade de Rafaella era a coisa mais grandiosa que havia presenciado em sua vida. Marcela supôs que casas igualmente ou mais enormes se esconderiam naquelas paredes de concreto e isso a assustou por tempo o suficiente para que a manhã se fizesse tarde e a garoa se transformasse em tempestade.
Recordou a irmã entrelaçando seus dedos nos seus com um amor infinito e a incentivando a cada passo. Sentiu saudades de Bianca como fazia em quase todas as horas do dia. Quis o colo da mais nova, seu olhar sereno e seu incentivo para avançar quando simplesmente só disso precisava para ir mais longe.
Sentiu-se fraca. No findar da tarde e no vento ricocheteando contra suas bochechas avermelhadas quis inflar os pulmões por um momento e só correr para longe. Teve o medo que não teve antes, colidindo em seu estômago como um soco e de súbito tudo de uma vez.
Passara o dia de pé sem coragem para ir até o condomínio e buscar por alguém e sem a covardia o suficiente em seu sistema para dar a volta e buscar seu lugar quente e seguro no mundo. Pensou em Gi. Na saudade da namora e, principalmente, em seu orgulho.
— Você é a pessoa mais destemida que eu conheço. Se possível, acho que te amo e admiro mais agora que não te vejo por todos os cantos e sabe porque? Por que em cada lugar dessa casa por onde eu lembro que houveram lírios que você me deu eu reafirmo a sua força. Tínhamos tudo para passar uma vida sem atritos e feliz, mas você se sentiu inquieta e foi atrás exatamente do que precisava, pois sabia que é no me amar que não poderia só guardar esse anseio na mente. Eu amo como é sobre você e, em algum ponto e porque você é generosa, sobre cada uma de nós. É sobre sua irmã porque ela precisa da paz necessária consigo de que a família dela não te tirou sua história. É sobre mim porque eu sou a mulher que escolheu e escolhe para dividir seus sofrimentos. Eu amo você, Marcela, toda noite e dia um pouco mais — Foi o que a capixaba disse antes que caísse num profundo sono. Na manhã seguinte tomou um carro amarelo. Agora estava entre o que precisava e o que era seguro fazer.
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O rugido da leoa
FanfictionPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...