Capítulo 86 - Promete

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Ao conseguir o contato a loira não hesitou em seguir seu coração e o que havia proposto o destino. Não sendo sua família pararia e recalcularia toda a rota outra vez, sendo eles buscaria entender a razão de que jamais realmente procuraram pela sua criança perdida e levada para tão longe. Doía pensar no abandono. No possível desprezo e na falta de cuidado, porém nenhuma dúvida era capaz de detê-la.

"Agora me vi completa não posso me aceitar pela metade".

Lembrou do que disse a sua irmã e reafirmou a firmeza de suas motivações. Foi assim que passada duas semanas dentro de uma intensa reflexão que decidiu ir atrás daquele indício de quem era no mundo.

Era quarta-feira. O clima da cidade não se alterara ao seu prazer. Estava cinzento e ameaçava sem qualquer vergonha uma chuva intensa.

— Tem certeza que é melhor só esperar? — Indagou Vivian olhando para amiga de dentro do carro quando a loira se acomodou no banco abaixo de um ponto de táxi. Marcela ponderou. Poderia esperar um dia, uma semana ou um ano....

Mas é na repressão das vontades imediatas que o tempo passa e as realizações ficam no caminho. E nos vestígios do que foi um pouco do melhor que há no seu interior. Marcela não queria se abandonar. Prometeu a sua irmã e ao amor da sua vida com um olhar doce que voltaria e só poderia se quando o fizesse tivesse nos ombros gloriosamente o peso da sua origem. Do contrário, nada teria valido. Nem ver o cenho franzido da manauara antes de dar partida no seu carro um tanto incerta, nem encarar o frio das oito horas naquela cidade global, nem ficar horas recebendo um sereno fino enquanto encarava um condomínio fechado de muros altos e arabescos negros.

É maior que a Fazenda.

E a propriedade de Rafaella era a coisa mais grandiosa que havia presenciado em sua vida. Marcela supôs que casas igualmente ou mais enormes se esconderiam naquelas paredes de concreto e isso a assustou por tempo o suficiente para que a manhã se fizesse tarde e a garoa se transformasse em tempestade.

Recordou a irmã entrelaçando seus dedos nos seus com um amor infinito e a incentivando a cada passo. Sentiu saudades de Bianca como fazia em quase todas as horas do dia. Quis o colo da mais nova, seu olhar sereno e seu incentivo para avançar quando simplesmente só disso precisava para ir mais longe.

Sentiu-se fraca. No findar da tarde e no vento ricocheteando contra suas bochechas avermelhadas quis inflar os pulmões por um momento e só correr para longe. Teve o medo que não teve antes, colidindo em seu estômago como um soco e de súbito tudo de uma vez.

Passara o dia de pé sem coragem para ir até o condomínio e buscar por alguém e sem a covardia o suficiente em seu sistema para dar a volta e buscar seu lugar quente e seguro no mundo. Pensou em Gi. Na saudade da namora e, principalmente, em seu orgulho.

— Você é a pessoa mais destemida que eu conheço. Se possível, acho que te amo e admiro mais agora que não te vejo por todos os cantos e sabe porque? Por que  em cada lugar dessa casa por onde eu lembro que houveram lírios que você me deu eu reafirmo a sua força. Tínhamos tudo para passar uma vida sem atritos e feliz, mas você se sentiu inquieta e foi atrás exatamente do que precisava, pois sabia que é no me amar que não poderia só guardar esse anseio na mente. Eu amo como é sobre você e, em algum ponto e porque você é generosa, sobre cada uma de nós. É sobre sua irmã porque ela precisa da paz necessária consigo de que a família dela não te tirou sua história. É sobre mim porque eu sou a mulher que escolheu e escolhe para dividir seus sofrimentos. Eu amo você, Marcela, toda noite e dia um pouco mais — Foi o que a capixaba disse antes que caísse num profundo sono. Na manhã seguinte tomou um carro amarelo. Agora estava entre o que precisava e o que era seguro fazer.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora