Rafa apenas esperou que o dia raiasse e foi logo atrás de Gizelly.
Não havia maneira de que deixasse alguma mulher sair de sua fazenda direto para a de Felipe.
Não quando sabia que o que aconteceu com sua amiga poderia facilmente voltar a acontecer com Bianca ou sua irmã.
Portanto, assim que encontrou a capixaba descendo as escadas sequer se deu o trabalho de ir até o escritório para ter aquela conversa.
— Bianca me disse que não conseguiu nada para ela e sua irmã — Gi estranhou a atitude. Rafa não se envolvia em assuntos da sede e, se por acaso chegavam a ela, os ignorava completamente.
A mineira sempre repetia que qualquer sugestão ou crítica referente a fazenda deveria ser repassada para Gi.
Então a que vinha aquela pergunta? Não que a furacão estivesse incomodada, não era isso, mas era uma ação atípica que não fez questão de pontuar em voz alta, não quando percebeu um centelho de preocupação no tom da veterinária.
Rafa demonstrando algo?
Gizelly pensou. E independente de qualquer coisa e tamanho aquilo era bom.
— Não pense que não tentei. Mas você sabe... Há um mês recebemos várias famílias inteiras que vieram fugindo da miséria das cidades mais pobres, inclusive, de Ribeirinho. Os homens eu aloquei nas plantações e as mulheres pela casa. Ficamos sem ter trabalho mais para tanta gente — A capixaba expressou com mais detalhes para Rafaella já que era a loira era a patroa.
— Ela também me falou isso — Rafa entregou e sua amiga imediatamente viu um sorriso pequeno crescer nos seus lábios.
— Parece que alguém descobriu um novo gosto pela conversa — Gi disse terminando de descer as escadas quando Rafa começou a dar de ombros na direção da sala — Ou foi por quem conversa? — A capixaba completou cutucando a mineira que deu um salto assustado com aquela ação.
Rafa não sabia reagir a certos toques com uma finalidade unicamente de ternura.
— Não é nada disso. É... — Rafaella passou os dedos pelos cabelos longos e respirou — Ela me confidenciou que, com nossa recusa, tentaria o emprego de cozinheira na fazenda Antoniazzi — A veterinária terminou de falar acompanhando como o semblante divertido de Gi se transformava totalmente.
Odiou ter que falar, mas era a verdade nua e crua.
— Não podemos permitir isso — Gi se manifestou alterada só de cogitar a possibilidade de entregar duas mulheres de mão beijada para Prior.
Porque Bianca não iria sozinha. Certamente levaria consigo Marcela
— É só por isso que decidi intervir numa decisão sua — Do contrário, Rafaella jamais o faria.
Gi era, subvertendo todas as ordens que existia em sua vida, a única pessoa que chegava mais perto de confiar.
— E faz bem Rafa. Muito bem — A capixaba concordou sem pestanejar. O teria se esse não fosse o motivo, mas por isso acatava melhor a decisão — E o que pensa fazer? — Emendou a mulher de mechas douradas em seguida.
Essa foi a pergunta que rondou a mente de Rafa por vários minutos depois de falar mais algumas amenidades com Bianca e ir deitar.
— Imaginei que já que não tem função na casa eu poderia sair com elas alguns dias até encontrar emprego na plantação que é onde estamos precisando de pessoas por conta da safra — Rafa expressou o que havia concluído que poderia fazer. Quem sabe assim não descobriam uma nova especificidade?
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...