Gizelly Bicalho definitivamente queria matar Rafa Kalimann. Tudo se iniciou a cerca de dois dias atrás quando a amiga em desespero a buscou com um problema nas mãos: Teria somente 72 horas para organizar na fazenda uma comemoração que envolveria todos os trabalhadores da comunidade que existia dentro da fazenda.
— A Rafaella que não me apareça na frente que eu pego aquela leoa pelo pescoço e uso o pelo dela para fazer um casaco de pele — Falou irritada causando uma risada em Marcela que massageava seus ombros com um óleo de semente de uva que ajudava a aliviar a tensão das costas.
— Não é para tanto — A loira ousou dizer e a mulher de mechas douradas apenas a olhou por cima do ombro dedicando-lhe um olhar irritado que a fez sibilar uma desculpa e continuar com aquela massagem tão pedida pela capixaba.
— Você não tem ideia do quanto é para tanto. São duzentas pessoas e o único restaurante que pode me fornecer seus garçons na cidade não está me respondendo — A governanta falou aconchegando melhor o rosto no travesseiro da sua cama.
— É aquele onde fomos comer no dia do tiro? Do tal Victor Hugo? — Marcela disse e foi como se uma lâmpada tivesse se acendido sobre a cabeça de Gizelly.
— É isso! Não devem estar me atendendo por causa daquele rancoroso — Lembrou da conversa entre os dois.
É, não foram términos agradáveis.
Concluiu.
— Porque ele teria rancor de você? — A loira quis saber e a mulher de mechas douradas finalmente se deu conta de que não havia falado disso com Marcela.
— Digamos que é uma longa história que será muito bem resolvida amanhã quando eu tiver uma conversa bem séria com ele. De mulher para pombo — A furacão falou séria, mas ainda sim provocou uma gargalhada na Andrade maior.
— Você é uma figura Gi — A loira disse depois de tomar com o cessar da risada.
— E isso é bom? — A governanta quis saber olhando outra vez para Marcela só para ter certeza de que ela estava sendo sincera com as palavras.
— É ótimo. Eu fico encantada com seu senso humor — E para a loira era tão óbvio, no entanto, não para a de mechas douradas. Gi, em decorrência de tudo, tinha muitos receios sobre sentimentos tão bons e puros.
— A sereia sendo encantada? Não acha que isso é um pouco ilógico? — Duvidou do seu jeito meio disfarçado.
Era um traço da personalidade de Gi que nem sempre a agradava, mas que era um presente: Dissimular com gracinhas algo que incomodava ou a fazia sofrer.
— Ilógico é você ainda me perguntar se você ser assim tão autêntica é uma coisa incrível, pois é óbvio que é. Você é toda incrível — Marcela disse passando as mãos da base das costas até perto dos ombros de uma maneira muito mais precisa retirando os nós de tensão pelo caminho.
— Gosto das suas palavras bonitas, mas preciso que pare de falar agora porque sua boca deve ser ocupada com outras coisas — A governanta disse fazendo sua melhor expressão inocente provocando na outra mulher uma saída rápida da cama para que se colocasse na altura de seus lábios.
Gi não se levantaria, afinal, estava com o busto desnudo.
— Pode me contar o que? — A loira quis saber apoiando uma mão abaixo do queixo e a outra sobre as costas de Gi movendo por ali com a ponta das unhas até sentir a mulher suspirar de satisfação.
— Melhor eu te mostro Marcela — A furacão disse e em ato seguido pelo atraiu com uma mão sobre a nuca de Marcela o seu rosto para um beijo que envolvia carinho, tesão e uma dose extra de segurança...
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...