Capítulo 25 - Não olha assim não

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Gizelly inventou uma desculpa qualquer assim que Daniel voltou a insistir em dançar com Marcela outra vez. Não passaria por aquilo novamente.

Mas do que exatamente estou falando?

Se perguntou quando percebeu aquilo afetar de novo.

— Estou com sono, muito sono. Deve ter sido o vinho — A governanta adiantou-se em dizer se levantando para sair.

— Mas você nem bebeu, Gi — Apontou Daniel tentando puxar Marcela pela mão.

— Deve ter sido o cheiro, não sei. O fato é que devemos ir agora antes que eu comece a cair de sono e ninguém consiga me carregar —

— Se você quiser eu posso... —

— Dan, por favor, as meninas estão cansadas e você está bêbado. Fim de festa — Gabriela disse largando o violão e pegando o irmão pela camisa com um olhar de desculpas deferido as duas mulheres.

— Foi uma noite muito agradável e espero que não seja a última — A Lenhardt menor falou puxando o homem por trás pelo tecido entrando com ele assim que acompanhou Marcela e Gi até a porta.

A governanta e a Andrade começaram a fazer seu caminho para perto de onde estacionaram o carro e se depararam com uma cena inusitada.

Ou nem tanto.

Bianca e Rafaella num beijo intenso contra uma cerca.

— Sangue fogo e labareda — A capixaba afirmou engolindo em seco. Para quem não gostava de mulher, inclusive, deteve o olhar por mais tempo do que deveria.

Até porque aquilo parecia bom. Ao menos pela maneira que Rafa lambia a pele exposta de Bianca.

Não é que tivesse sentido desejo ao presenciar as amigas, mas algo dentro de si se acendeu quando ouviu a risada de Marcela perto de si depois daquela cena.

Sua mente imaginou como seria ser beijada com tanto desejo pela loira que um dia demonstrou querer tomar seus lábios.

— Tá rindo do que? — Gi indagou voltando seu olhar para os olhos castanhos e somente para eles enquanto se encostava no carro.

— Do seu evidente interesse pela agarração alheia — Marcela disse apoiando sua mão ao lado da cabeça de Gizelly que revirou os olhos.

— Na verdade eu estava considerando nossas opções. Ou atrapalhamos as coelhas ali e pegamos a chave para destravar o carro ou então ficamos aqui fora no relento aguardando até elas gozarem — E tudo para a capixaba parecia demais.

Continuar olhando.

A presença de Marcela...

— Ou retornamos a casa de Gabriela e Daniel — Marcela disse dando de ombros e isso inquietou Gizelly.

— Para ele ficar querendo agarrar você no meio da dança na minha frente? Não obrigada, prefiro congelar aqui fora — A capixaba cuspiu com os sentimentos aflorados.

— Eu não posso acreditar... Então o motivo da cara emburrada durante toda esta noite foi ciúmes meus com o Daniel? — A loira questionou tentando encontrar nos olhos castanhos escuros alguma confirmação.

— Eu? Daquele Sabugo? — A governanta tentou negar, no entanto, sua voz falhou no preciso instante em que começou a falar, não sabia se pela mentira ou por perceber o olhar penetrante de Marcela dentro dos seus.

— Gi... — A loira começou a dizer alçando uma mão até o outro lado da cabeça da capixaba que desceu o olhar ineditamente aos lábios de Marcela só pela maneira que a Andrade proferiu a sílaba sem tocar nela — Posso contar um segredo? — Pediu a loira baixando o rosto até perto da orelha da capixaba assim que ela deu seu consentimento, sem nunca invadir o seu espaço — Da fruta que aquele garoto gosta eu me lambuzo inteirinha. E só dela. Sem variações, porque minha dieta é bem rigorosa — Completou a mulher com um tom quase sussurrado causando uma sensação de calor na pele da outra que apenas fechou os olhos e absorveu a metáfora cheia de intenções.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora