Gizelly inventou uma desculpa qualquer assim que Daniel voltou a insistir em dançar com Marcela outra vez. Não passaria por aquilo novamente.
Mas do que exatamente estou falando?
Se perguntou quando percebeu aquilo afetar de novo.
— Estou com sono, muito sono. Deve ter sido o vinho — A governanta adiantou-se em dizer se levantando para sair.
— Mas você nem bebeu, Gi — Apontou Daniel tentando puxar Marcela pela mão.
— Deve ter sido o cheiro, não sei. O fato é que devemos ir agora antes que eu comece a cair de sono e ninguém consiga me carregar —
— Se você quiser eu posso... —
— Dan, por favor, as meninas estão cansadas e você está bêbado. Fim de festa — Gabriela disse largando o violão e pegando o irmão pela camisa com um olhar de desculpas deferido as duas mulheres.
— Foi uma noite muito agradável e espero que não seja a última — A Lenhardt menor falou puxando o homem por trás pelo tecido entrando com ele assim que acompanhou Marcela e Gi até a porta.
A governanta e a Andrade começaram a fazer seu caminho para perto de onde estacionaram o carro e se depararam com uma cena inusitada.
Ou nem tanto.
Bianca e Rafaella num beijo intenso contra uma cerca.
— Sangue fogo e labareda — A capixaba afirmou engolindo em seco. Para quem não gostava de mulher, inclusive, deteve o olhar por mais tempo do que deveria.
Até porque aquilo parecia bom. Ao menos pela maneira que Rafa lambia a pele exposta de Bianca.
Não é que tivesse sentido desejo ao presenciar as amigas, mas algo dentro de si se acendeu quando ouviu a risada de Marcela perto de si depois daquela cena.
Sua mente imaginou como seria ser beijada com tanto desejo pela loira que um dia demonstrou querer tomar seus lábios.
— Tá rindo do que? — Gi indagou voltando seu olhar para os olhos castanhos e somente para eles enquanto se encostava no carro.
— Do seu evidente interesse pela agarração alheia — Marcela disse apoiando sua mão ao lado da cabeça de Gizelly que revirou os olhos.
— Na verdade eu estava considerando nossas opções. Ou atrapalhamos as coelhas ali e pegamos a chave para destravar o carro ou então ficamos aqui fora no relento aguardando até elas gozarem — E tudo para a capixaba parecia demais.
Continuar olhando.
A presença de Marcela...
— Ou retornamos a casa de Gabriela e Daniel — Marcela disse dando de ombros e isso inquietou Gizelly.
— Para ele ficar querendo agarrar você no meio da dança na minha frente? Não obrigada, prefiro congelar aqui fora — A capixaba cuspiu com os sentimentos aflorados.
— Eu não posso acreditar... Então o motivo da cara emburrada durante toda esta noite foi ciúmes meus com o Daniel? — A loira questionou tentando encontrar nos olhos castanhos escuros alguma confirmação.
— Eu? Daquele Sabugo? — A governanta tentou negar, no entanto, sua voz falhou no preciso instante em que começou a falar, não sabia se pela mentira ou por perceber o olhar penetrante de Marcela dentro dos seus.
— Gi... — A loira começou a dizer alçando uma mão até o outro lado da cabeça da capixaba que desceu o olhar ineditamente aos lábios de Marcela só pela maneira que a Andrade proferiu a sílaba sem tocar nela — Posso contar um segredo? — Pediu a loira baixando o rosto até perto da orelha da capixaba assim que ela deu seu consentimento, sem nunca invadir o seu espaço — Da fruta que aquele garoto gosta eu me lambuzo inteirinha. E só dela. Sem variações, porque minha dieta é bem rigorosa — Completou a mulher com um tom quase sussurrado causando uma sensação de calor na pele da outra que apenas fechou os olhos e absorveu a metáfora cheia de intenções.
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O rugido da leoa
Fiksi PenggemarPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...