Capítulo 87 - A prática leva a perfeição

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— Eu só queria ver os McGowan, qualquer um deles. É de extrema urgência — Afirmou Marcela ainda tirando um pouco de grama da sua roupa. Enzo olhou diretamente para Mariane que saira do carro no instante preciso para ouvir o pedido da loira desconhecida.

— Não há nenhum McGowan — Foi como a mais velha decidiu responder. E também que atitude seria mais assertiva em relação a uma mulher que detinha a face viva de um dos primeiras McGowans que vieram da Holanda ao Brasil na Invasão de 1640? Não considerava seguro.

— Mariane... — Enzo ensaiou algumas palavras, mas não concluiu. Essa era sua dinâmica com a irmã mais velha: Muito o que pensar, pouco o que dizer. Mariane era demasiado intransigente para que o ouvisse em qualquer ocasião.

— Acho que você está equivocada... — A McGowan mais velha suspende a frase a fim de ouvir o nome da mulher tão alta quanto a si mesma.

—...Marina — Respondeu a mulher tentando dizer seu próprio nome. O mais novo sentiu um calafrio percorrer o corpo inteiro e jurou pelos sete reinos, já que gostava muito de Games of Thrones, que nunca viu algo tão assustador.

— Pois bem, Marina, não há nada para você nesse recinto. Sugiro que retorne de onde veio e não apareça mais. É um ambiente de família e não admitimos presenças de desconhecidos ainda mais nessas condições — Mariane foi conscientemente hostil. Não gostava daquela sensação percorrendo sua espinha desde que firmou os olhos na outra loira. E nunca contrariava o que seu corpo a informava, pois fora sempre seguindo-o que viria a se tornar a presidente da rede hospitalar de saúde privada McGowan. Isso a tornava chefe.

Marcela se sentiu humilhada. Os olhos ficaram marejados a postura quase cedeu e tudo que quis por um minuto foi desaparecer. Nem na sua pior aparência foi tratada com tamanho desprezo. A palavra machucava, mas o olhar de superioridade da outra loira deferido a si terminava de estilhaçar seu peito por inteiro.

Lembrou de quando chegou a Fazenda, das roupas esfarrapadas, do aspecto sujo e da fome que sentia. Nem ali, nem assim, sentira que a encaravam com tanto desdém, mas sentiu diante da mulher que o mais jovem chamara Mariane.

Sentiu falta de Rafa e seu olhar sério, porém acolhedor que com toda sua riqueza jamais a fez sentir mínima. A saudade também incluiu a mulher da sua vida, Gizelly, a pessoa que lhe ofereceu o ouvido para que contasse sua história e também um prato de comida para que matasse sua fome e mesmo assim nunca a viu como menor, podendo até se entregar ao amor com alguém que não tinha nada para oferecer. Por fim quis a presença de Bia, sua irmã, porque sabia que ela teria uma resposta atrevida para aquela que dissera coisas tão desagradáveis.

Bianca era sua proteção. A pessoa que a livraria sempre de todo mal. Se sentia desprotegida e desamparada e por essa razão foi incapaz de continuar ali parada. Com as mãos sobre os olhos foi embora o mais rápido que conseguiu correndo pela chuva até chegar de volta ao ponto do ônibus que a trouxera.

Já na casa de Vivian trancou-se no quarto sem querer conversar com ninguém do acontecido. No entanto, insistente e amiga como era a manauara decretou que só sairia do outro lado da porta trancada quando Marcela a recebesse.

— Eles não podiam ter te tratado dessa forma — A advogada disse abraçando a mulher que se deixava consolar do tratamento que recebera tão gratuitamente. Já sofreu infortúnios, foi vítima de injustiças, mas por alguma razão aquela em específico tinha doído num lugar que ainda não conhecia.

Fosse a saudade de casa, a vulnerabilidade alimentada todos os dias ou razão não identificada: O fato era que aquilo tinha a devastado e só queria correr até Santo Antônio outra vez e se esconder das próprias adversidades.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora