Repentina.
Era essa a melhor definição que Marcela Andrade poderia dar aquela aproximação entre Bianca e sua mãe. Não que achasse errado, mas de alguma forma considerando que ambas passaram de uma relação onde sequer se olhavam no rosto a um jantar em casa terminava por encarar aquilo de maneira estranha, muito embora nada dissesse.
Não queria magoar Bianca com algum comentário descabido, não agora que a maioria de suas relações pessoais iam tão bem. Seu namoro, com Gizelly, por exemplo, era uma de suas maiores alegrias.
A capixaba a fazia mais que bem. A apoiava incondicionalmente e cuidava-a os dias e as noites da melhor maneira que alguém poderia com outra pessoa.
Foi seu principal alicerce desde o aparecimento da mãe, segurou em suas mãos quando esteve chorando e a amou como se não houvessem barreiras.
O seu amor só se fortaleceu desde a chegada inesperada. E tinha tudo para ser tão diferente, já que era tão novo....
Mas Gizelly nunca deixou que assim fosse. Ao ver Marcela melancólica procurava fazê-la rir e quando a sentia calada apenas abraçava seu corpo fazendo do silêncio a oportunidade perfeita para que se conectassem.
A loira, inclusive, lembrava do quão abalada esteve depois do primeiro encontro e como foi envolvida pela namora com beijos tão suaves que, não desaparecendo tudo, fez aliviar os sentimentos ruins.
A furacão se tornara sua paz.
— Porque está me olhando? — A mulher de cabelos cacheados indagou meio encabulada saindo finalmente do seu mundo de desconfianças para fitar Marcela que a estava com os olhos nela desde que entraram na casa de Mônica.
— Por que você está especialmente linda hoje — Entregou, em partes, o que sentia naquele momento.
A capixaba baixou o olhar um tanto tímida. Ainda não se acostumara totalmente com os galanteios de Marcela, mas não os impediria nunca.
— Você que está — Devolveu observando a loira de cima a baixo antes de ver os lábios da namorada se aproximarem. Os impediu — Sua mãe — Apontou entre dentes olhando de Marcela ao lado para a sogra que tentava manter um olhar neutro da situação, mas não conseguia. Gi sempre sabia quando alguém tinha algo contra ela e Mônica Andrade tinha.
Só quem passava ilesa das especulações era Rafaella.
É claro que também encontrava toda aquela aproximação bem peculiar, mas não diria nada a fim de que permanecesse bem com a namorada que por sinal parecia bem inquieta.
— Tudo bem? — Questionou em dado momento da noite ao perceber o movimento do pezinho raspando pelo seu por debaixo da mesa. Haviam jantado num silêncio aparentemente agradável que vez ou outra era quebrado pelas perguntas de Mônica sobre o início do namoro.
A matriarca se demonstrava visualmente interessada. Isso deixava Rafa estranhamente feliz.
Não que fosse falar abertamente sobre isso, mas pensar que Bianca poderia gostar da aproximação a deixava de coração calmo.
Bianca tinha uma chance. Uma que foi negada a própria Rafaela: A de ficar bem com seus pai ainda em vida.
— Está tudo bem. É só um mal estar passageiro. Penso que só de passar uma água no rosto eu posso obter algum alívio. Mônica? — Explicou a namorada e depois se virou até sua genitora que indicou o caminho por onde era o banheiro. A senhora, inclusive, se levantou para acompanhar a filha, mas Bianca deixou claro que não era necessário e por si mesma se dirigiu até o aposento, mas não sem antes desviar um pouco a rota.
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...