Capítulo 67 - A caixa de Mônica

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Repentina.

Era essa a melhor definição que Marcela Andrade poderia dar aquela aproximação entre Bianca e sua mãe. Não que achasse errado, mas de alguma forma considerando que ambas passaram de uma relação onde sequer se olhavam no rosto a um jantar em casa terminava por encarar aquilo de maneira estranha, muito embora nada dissesse.

Não queria magoar Bianca com algum comentário descabido, não agora que a maioria de suas relações pessoais iam tão bem. Seu namoro, com Gizelly, por exemplo, era uma de suas maiores alegrias.

A capixaba a fazia mais que bem. A apoiava incondicionalmente e cuidava-a os dias e as noites da melhor maneira que alguém poderia com outra pessoa.

Foi seu principal alicerce desde o aparecimento da mãe, segurou em suas mãos quando esteve chorando e a amou como se não houvessem barreiras.

O seu amor só se fortaleceu desde a chegada inesperada. E tinha tudo para ser tão diferente, já que era tão novo....

Mas Gizelly nunca deixou que assim fosse. Ao ver Marcela melancólica procurava fazê-la rir e quando a sentia calada apenas abraçava seu corpo fazendo do silêncio a oportunidade perfeita para que se conectassem.

A loira, inclusive, lembrava do quão abalada esteve depois do primeiro encontro e como foi envolvida pela namora com beijos tão suaves que, não desaparecendo tudo, fez aliviar os sentimentos ruins.

A furacão se tornara sua paz.

— Porque está me olhando? — A mulher de cabelos cacheados indagou meio encabulada saindo finalmente do seu mundo de desconfianças para fitar Marcela que a estava com os olhos nela desde que entraram na casa de Mônica.

— Por que você está especialmente linda hoje — Entregou, em partes, o que sentia naquele momento.

A capixaba baixou o olhar um tanto tímida. Ainda não se acostumara totalmente com os galanteios de Marcela, mas não os impediria nunca.

— Você que está — Devolveu observando a loira de cima a baixo antes de ver os lábios da namorada se aproximarem. Os impediu — Sua mãe — Apontou entre dentes olhando de Marcela ao lado para a sogra que tentava manter um olhar neutro da situação, mas não conseguia. Gi sempre sabia quando alguém tinha algo contra ela e Mônica Andrade tinha.

Só quem passava ilesa das especulações era Rafaella.

É claro que também encontrava toda aquela aproximação bem peculiar, mas não diria nada a fim de que permanecesse bem com a namorada que por sinal parecia bem inquieta.

— Tudo bem? — Questionou em dado momento da noite ao perceber o movimento do pezinho raspando pelo seu por debaixo da mesa. Haviam jantado num silêncio aparentemente agradável que vez ou outra era quebrado pelas perguntas de Mônica sobre o início do namoro.

A matriarca se demonstrava visualmente interessada. Isso deixava Rafa estranhamente feliz.

Não que fosse falar abertamente sobre isso, mas pensar que Bianca poderia gostar da aproximação a deixava de coração calmo.

Bianca tinha uma chance. Uma que foi negada a própria Rafaela: A de ficar bem com seus pai ainda em vida.

— Está tudo bem. É só um mal estar passageiro. Penso que só de passar uma água no rosto eu posso obter algum alívio. Mônica? — Explicou a namorada e depois se virou até sua genitora que indicou o caminho por onde era o banheiro. A senhora, inclusive, se levantou para acompanhar a filha, mas Bianca deixou claro que não era necessário e por si mesma se dirigiu até o aposento, mas não sem antes desviar um pouco a rota.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora