E, como se não bastasse, aquele sentimento incômodo foi crescendo em Rafaella de pouco em pouco ao longo do dia e a cada momento em que Bianca e Vivian trocavam interações.
Bianca parece tão a vontade...
Rafa constatou e por um instante se sentiu até um pouco mal por não gostar daquela união repentina.
A menina é tão nova, precisa tanto de amizades reais...
Mas Vivian não queria amizade.
Nos olhos daquela loira de um e setenta e poucos dava para ver cada traço de intenção.
É, isso é você irritada com a possibilidade de alguém se aproveitar de Bianca.
A mulher disse a si mesma e acabou se convencendo disso, porém só ela.
— Isso é ciúme e dos brabos — Disse Gizelly mexendo no lírio que ainda estava atrás de sua orelha depois do jantar.
Fora um hábito que nasceu e reverberou pelas horas até aquele momento.
— Você não sabe de nada do que está falando — Rafa disse caminhando pelo seu quarto, lugar para onde arrastou Gi para que pudessem conversar com mais privacidade.
— Quem dera eu não soubesse... — A capixaba foi enigmática em suas palavras enquanto pegava a flor entre os dedos para cheirar outra vez o perfume.
Rafaella percebeu o detalhe e nele a oportunidade de desviar o assunto.
Quando chamou a amiga imaginou que ela confirmaria que aquilo em relação a Bianca era só um instinto de proteção necessário, no entanto, como ela não o fez terminou só querendo fugir.
A flor era sua escapada secreta.
— E esse lírio? — Questionou cruzando os braços com uma risadinha do evidente encantamento da amiga.
— Tirei do vaso que ganhei de Marcela — A furacão esclareceu e instintivamente seus olhos varreram o quarto de Rafa em busca do dela — Inclusive... Onde estão os seus? — A veterinária a olhou com curiosidade.
— Não ganhei nenhum, aparentemente, esse foi um presente da Marcela direcionado somente a você — E na pergunta verde Rafa colheu uma resposta bem madurinha bem na boca aberta surpresa que terminou num tímido sorriso — Você não está gostando dela, está? — A fazendeira perguntou e Gi deu as costas para ela indo se apoiar perto da janela.
Rafa não se deu por vencida somente com aquele dar de ombros e seguiu a amiga tocando também seus cotovelos por ali encarando a árvore do lado de fora da casa antes que a amiga que estava visivelmente ruborizada.
— Ela é uma mulher — Foi como a furacão respondeu escondendo o rosto nas mãos.
— E você também. E as duas são lindas e divertidas. Na minha opinião seriam um casalzão — A mineira pontuou com toda sinceridade.
— Eu não sou como você, Rafa! — E com isso a capixaba queria dizer que não era tão corajosa assim para lidar com sentimentos.
Não era antes do acontecido e agora tudo se tornou bem pior.
— E não precisa. Não existe só um ou outro. Pense comigo: Numa paleta de vermelho e azul um pintor pode se identificar com o violeta — Metaforizou a loira cutucando a mulher de mechas douradas.
— Você acha que eu me identifico com o violeta? — A governanta quis saber um pouco incerta.
Nunca tinha pensado sobre as cores.
Para o que teve contato na vida era sempre vermelho ou azul e por muito tempo viveu bem com isso. Até o dia que conheceu Rafa e descobriu que quem escolhe pode fazê-lo de uma maneira que tem mais a ver consigo do que com o que esperam.
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...