Capítulo 27- Jogo de sedução

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E, como se não bastasse, aquele sentimento incômodo foi crescendo em Rafaella de pouco em pouco ao longo do dia e a cada momento em que Bianca e Vivian trocavam interações.

Bianca parece tão a vontade...

Rafa constatou e por um instante se sentiu até um pouco mal por não gostar daquela união repentina.

A menina é tão nova, precisa tanto de amizades reais...

Mas Vivian não queria amizade.

Nos olhos daquela loira de um e setenta e poucos dava para ver cada traço de intenção.

É, isso é você irritada com a possibilidade de alguém se aproveitar de Bianca.

A mulher disse a si mesma e acabou se convencendo disso, porém só ela.

— Isso é ciúme e dos brabos — Disse Gizelly mexendo no lírio que ainda estava atrás de sua orelha depois do jantar.

Fora um hábito que nasceu e reverberou pelas horas até aquele momento.

— Você não sabe de nada do que está falando — Rafa disse caminhando pelo seu quarto, lugar para onde arrastou Gi para que pudessem conversar com mais privacidade.

— Quem dera eu não soubesse... — A capixaba foi enigmática em suas palavras enquanto pegava a flor entre os dedos para cheirar outra vez o perfume.

Rafaella percebeu o detalhe e nele a oportunidade de desviar o assunto.

Quando chamou a amiga imaginou que ela confirmaria que aquilo em relação a Bianca era só um instinto de proteção necessário, no entanto, como ela não o fez terminou só querendo fugir.

A flor era sua escapada secreta.

— E esse lírio? — Questionou cruzando os braços com uma risadinha do evidente encantamento da amiga.

— Tirei do vaso que ganhei de Marcela — A furacão esclareceu e instintivamente seus olhos varreram o quarto de Rafa em busca do dela — Inclusive... Onde estão os seus? — A veterinária a olhou com curiosidade.

— Não ganhei nenhum, aparentemente, esse foi um presente da Marcela direcionado somente a você — E na pergunta verde Rafa colheu uma resposta bem madurinha bem na boca aberta surpresa que terminou num tímido sorriso — Você não está gostando dela, está? — A fazendeira perguntou e Gi deu as costas para ela indo se apoiar perto da janela.

Rafa não se deu por vencida somente com aquele dar de ombros e seguiu a amiga tocando também seus cotovelos por ali encarando a árvore do lado de fora da casa antes que a amiga que estava visivelmente ruborizada.

— Ela é uma mulher — Foi como a furacão respondeu escondendo o rosto nas mãos.

— E você também. E as duas são lindas e divertidas. Na minha opinião seriam um casalzão — A mineira pontuou com toda sinceridade.

— Eu não sou como você, Rafa! — E com isso a capixaba queria dizer que não era tão corajosa assim para lidar com sentimentos.

Não era antes do acontecido e agora tudo se tornou bem pior.

— E não precisa. Não existe só um ou outro. Pense comigo: Numa paleta de vermelho e azul um pintor pode se identificar com o violeta — Metaforizou a loira cutucando a mulher de mechas douradas.

— Você acha que eu me identifico com o violeta? — A governanta quis saber um pouco incerta.

Nunca tinha pensado sobre as cores.
Para o que teve contato na vida era sempre vermelho ou azul e por muito tempo viveu bem com isso. Até o dia que conheceu Rafa e descobriu que quem escolhe pode fazê-lo de uma maneira que tem mais a ver consigo do que com o que esperam.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora