Mônica hesitou por um segundo, mas um só antes que afundasse mais o cano da arma contra os cabelos loiros levemente sujos de sangue pela coronhada que havia dado.
Bianca conseguia ver desde a curta distância onde estava o quão vulnerável e machucada a namorada estava.
Trocou um olhar com Rafa. A mulher estava confusa e desprotegida, mas sobretudo parecia incrédula.
— Ao menos uma única vez você está sendo sincera querida filha — A assassina disse fingindo se preparar melhor para atirar sobre o crânio de Rafaella. Não o faria ainda, pois estava ciente de que no momento que o fizesse terminaria ela própria desfalecida dentro daquele lugar infortúnio, mas Bianca precisava pensar que o faria. Era sua forma de ganhar tempo para deslizar a arma por perto do ouvido de Rafaella e atirar de baixo para cima em Bianca acertando a barriga. De quebra e por alguns segundos, Rafaella não conseguiria reagir pela temporária surdez e então teria tempo hábil para matar as duas.
Era um Plano.
Para disfarçar a própria atitude, decidiu começar um intenso diálogo que tinha certeza que mexeria com a mente da tola menina.
— O que pensou? Achou mesmo por um único segundo que eu me aliaria a alguém tão desprezível? — Bianca também tinha uma estratégia que queria mascarar com conversa, afinal, quanto mais Mônica dividisse atenção entre destilar veneno e pensar como atacar maior era possibilidade de que quando o tentasse fizesse de uma forma que abrisse precedentes para que Bianca atirasse nela. E a morena não estava pensando em como fazer isso sem que a genitora saísse machucada.
— Pior que não, tanto que me usei dessa sua tolice de achar que estava me acessando para eu mesma fazê-lo com você. Eu te manipulei, Bianca. E de quebra demonstrei que se eu sou desprezível você é tanto quanto. Seu coração é vingativo e por isso você passaria por cima de qualquer coisa. Ignorar os sentimentos da namorada, o sofrimento causado em sua própria irmã, sua própria honra, tudo com o fim de satisfazer essa sua raiva de mim — Certo que Bianca aceitava que não foi inteligente em suas atitudes, mas em tudo o que tivesse feito nunca seria como a mulher acusava.
— Não é verdade — Se defendeu num rosnado que saiu do seu âmago sentindo em cada átomo de seu corpo a verdade que residia na frase você é o que você come.
— É verdade. Você se perdeu. Fugindo de mim por enxergar com angústia o seu perfeito oposto me encontrou do outro lado. Igualmente maldosa — Mônica acusou a fim de confundir a menina e por um momento ela até acreditou.
Mônica sorriu em triunfo movendo a mão enquanto as considerações martelavam na mente vulnerável de Bianca.
E essa era a diferença, sempre seria. Bianca Andrade era consciente. Com um coração predominantemente bom era incapaz de ser ver como espelho do que mais repulsava.
— Eu não sou você — Afirmou a Andrade menor avisou e no preciso segundo em que o embargo tomou sua voz a mão de Mônica começou a se mover chegando ao ombro de Rafaella.
— Então é o outro? Consegue afirmar que é diferente? Completamente? Quem é você Bianca? — A mulher empurrou sabendo o quão dolorido aquilo seria.
Aquilo poderia ter sido o fim de todas as coisas. Bianca estava sendo questionado e levada a pensar sobre a pergunta que mais temeu em dias.
Era boa? Era má? Era essa, aquela ou nenhuma? Aquilo poderia ter tomado sua mente por inteiro e feito os demônios que a atormentaram só de pensar em ser a imagem e semelhança de quem mais odiava a atacarem até turvar sua mente.
Mas não aconteceu. Não houve como porque antes que adentrasse no terreno perigoso seus olhos se conectaram com os verdes assustados, porém bondosos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...