Capítulo 75 - Vai ficar tudo bem

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Mônica hesitou por um segundo, mas um só antes que afundasse mais o cano da arma contra os cabelos loiros levemente sujos de sangue pela coronhada que havia dado.

Bianca conseguia ver desde a curta distância onde estava o quão vulnerável e machucada a namorada estava.

Trocou um olhar com Rafa. A mulher estava confusa e desprotegida, mas sobretudo parecia incrédula.

— Ao menos uma única vez você está sendo sincera querida filha — A assassina disse fingindo se preparar melhor para atirar sobre o crânio de Rafaella. Não o faria ainda, pois estava ciente de que no momento que o fizesse terminaria ela própria desfalecida dentro daquele lugar infortúnio, mas Bianca precisava pensar que o faria. Era sua forma de ganhar tempo para deslizar a arma por perto do ouvido de Rafaella e atirar de baixo para cima em Bianca acertando a barriga. De quebra e por alguns segundos, Rafaella não conseguiria reagir pela temporária surdez e então teria tempo hábil para matar as duas.

Era um Plano.

Para disfarçar a própria atitude, decidiu começar um intenso diálogo que tinha certeza que mexeria com a mente da tola menina.

— O que pensou? Achou mesmo por um único segundo que eu me aliaria a alguém tão desprezível? — Bianca também tinha uma estratégia que queria mascarar com conversa, afinal, quanto mais Mônica dividisse atenção entre destilar veneno e pensar como atacar maior era possibilidade de que quando o tentasse fizesse de uma forma que abrisse precedentes para que Bianca atirasse nela. E a morena não estava pensando em como fazer isso sem que a genitora saísse machucada.

— Pior que não, tanto que me usei dessa sua tolice de achar que estava me acessando para eu mesma fazê-lo com você. Eu te manipulei, Bianca. E de quebra demonstrei que se eu sou desprezível você é tanto quanto. Seu coração é vingativo e por isso você passaria por cima de qualquer coisa. Ignorar os sentimentos da namorada, o sofrimento causado em sua própria irmã, sua própria honra, tudo com o fim de satisfazer essa sua raiva de mim — Certo que Bianca aceitava que não foi inteligente em suas atitudes, mas em tudo o que tivesse feito nunca seria como a mulher acusava.

— Não é verdade — Se defendeu num rosnado que saiu do seu âmago sentindo em cada átomo de seu corpo a verdade que residia na frase você é o que você come.

— É verdade. Você se perdeu. Fugindo de mim por enxergar com angústia o seu perfeito oposto me encontrou do outro lado. Igualmente maldosa — Mônica acusou a fim de confundir a menina e por um momento ela até acreditou.

Mônica sorriu em triunfo movendo a mão enquanto as considerações martelavam na mente vulnerável de Bianca.

E essa era a diferença, sempre seria. Bianca Andrade era consciente. Com um coração predominantemente bom era incapaz de ser ver como espelho do que mais repulsava.

— Eu não sou você — Afirmou a Andrade menor avisou e no preciso segundo em que o embargo tomou sua voz a mão de Mônica começou a se mover chegando ao ombro de Rafaella.

— Então é o outro? Consegue afirmar que é diferente? Completamente? Quem é você Bianca? — A mulher empurrou sabendo o quão dolorido aquilo seria.

Aquilo poderia ter sido o fim de todas as coisas. Bianca estava sendo questionado e levada a pensar sobre a pergunta que mais temeu em dias.

Era boa? Era má? Era essa, aquela ou nenhuma? Aquilo poderia ter tomado sua mente por inteiro e feito os demônios que a atormentaram só de pensar em ser a imagem e semelhança de quem mais odiava a atacarem até turvar sua mente.

Mas não aconteceu. Não houve como porque antes que adentrasse no terreno perigoso seus olhos se conectaram com os verdes assustados, porém bondosos.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora