Na casa grande Gizelly e Marcela começavam a instalar a Andrade maior com o que tinham.
A furacão se encarregou de montar o que parecia ser um pequeno escritório ao menos pelo dia.
Escolheu um quarto vazio no andar de baixo, perto da cozinha e do quintal, situação que proporcionaria a Marcela uma livre circulação para que pegasse o que precisaria quando quisesse.
Inevitavelmente teremos de ir para cidade.
Pensou a capixaba.
As meninas precisavam de roupas novas, recursos melhores para trabalhar e alguns documentos.
— Acha que está bem instalada? — Gi perguntou da porta da porta fitando os itens da sala. Havia uma mesa, algumas plantas por dentro e uma cadeira.
Na opinião de Marcela ainda faltava uma cama alta como de consultório e outras coisas, mas via inúmeras formas de melhorar aquele ambiente com o tempo.
Era capaz de imaginar tudo.
— Perfeitamente — A loira falou com os olhos cor de mel brilhando na direção da capixaba que sentiu um sorriso inevitavelmente repuxar-se em sua face antes que desse de ombros para sair — Gizelly — Marcela chamou num impulso não querendo ainda abrir mão de olhar para mulher tão rapidamente.
— Algum problema? — A furacão perguntou com um ar preocupado que se dissipou assim que Marcela atravessou a mesa e veio ao seu encontro tomando as mãos com as suas.
— Eu só queria agradecer por tudo. Pela acolhida, pela maneira que tratou a mim e a minha irmã desde o primeiro momento e pela generosidade — A loira disse com verdade no olhar enquanto acariciava os tendões de Gizelly com a ponta dos seus dedos.
A capixaba gostou da sensação de proximidade, tão diferente a que sentia com sua amiga Rafaella.
Estava cheia de traumas, era verdade, mas tão simples era aceitar aquele carinho que se deixou embeber por vários segundos até que fossem interrompidas.
— Flay disse que estavam por aqui — Daniel pontuou fazendo com que as mãos unidas se separassem.
As de Marcela foram parar nos bolsos e a de Gizelly na própria nuca.
— Deseja falar comigo? Porque se for o caso eu já estava de saída — Avisou a capixaba ao loiro que sequer olhou em sua direção. Seus olhos claros não saiam de Marcela.
— Não. Meu assunto é com a Doutora Fada mesmo — O rio-grandense esclareceu passando as mãos nos cabelos brancos com o olhar ainda fixo na loira.
— Então acho que eu vou indo — A furacão falou sorrindo para a loira que se despediu com uma mão levantada. Deixando o olhar por onde ela desapareceu minutos depois que tivesse ido.
— Do que se trata? — Marcela perguntou oferecendo a cadeira para o homem enquanto se sentava na de trás da mesa.
— Não se fala em outra coisa na África. Depois que vocês saíram pela manhã todas as pessoas terminaram impressionadas ao saber da história da minha irmã. Todos acreditam nos seus dons, Marcela. E foi por isso que tomei a liberdade de trazer aqui alguns doentes antes que sejam levados ao médico. Eles insistiram — O pastor falou se levantando e saindo pela porta, voltando com algumas crianças, velhos e mulheres.
Marcela sentiu na prática pela primeira vez o que era o caos presente na propriedade Kalimann...
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Rafaella não foi capaz de passar de Bianca e, por isso, apenas conseguiu chegar depois.
— Mulher do padre — Afirmou a morena num tom de graça enquanto colocava o cavalo nas sombras.
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O rugido da leoa
Fiksi PenggemarPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...