Da visita de Mônica já tinha quase cinco dias o que não significava, no entanto, seu sumiço. Na verdade, com constantes aparecimentos que terminavam em brigas Bianca já começava a pensar que sua mãe estava mais presente que nunca.
— E se essa insistência for de alguma forma genuína? — Apontou Rafaella no segundo dia e Bianca somente fez o favor de olha-la de uma forma cortante que fez a loira se encolher um pouco no seu lugar. Havia algo diferente na sua doce menina desde a volta de Mônica. Havia desconfiança, medo e um certo ódio. Rafaella só queria remediar aquilo.
E por isso pensou em pedir que a mulher fosse embora de uma vez. Considerando que seu interesse pudesse ser dinheiro chegou a procurar Mônica e oferece-lo, mas não conseguiu nada com isso.
— Se fosse essa a razão da minha estadia eu teria sido direta em pedir as cédulas. Nós Andrade não somos conhecidas por mascarar nossos objetivos — Foi como a senhora respondeu Rafaella devolvendo o envelope no terceiro dia de sua estadia e indo embora da fazenda pé ante pé.
Naquele fim de tarde Rafa decidiu segui-la. Queria entender o que motivava aquela mulher a voltar depois de tanta recusa, no entanto, não acabou por descobrir a seguindo.
Procurando por respostas encontrou algo que cortou seu coração em dois. Mônica Andrade vagava pelo dia e nas noites dormia ao relento. Não tinha sono contínuo, acordava uma e outra vez assustada e segurando uma trouxa de roupas.
É desumano.
A veterinária concluiu com o coração apertado depois de uma noite no carro observando a mulher sem ser vista. Quando Rafa retornou a casa, na manhã do quinto dia, Bianca a aguardava com algumas olheiras debaixo dos olhos ainda acordada no quarto do casal.
— Você saiu na companhia daquela mulher e disse que seria rápido. Espero que tenha uma boa explicação para isso — A Andrade disse num tom irritado que tocou diretamente o lado da cabeça de Rafaella que estava dolorido devido a noite em claro.
Massageou a região devagar enquanto sentava no canto da cama percebendo a postura defensiva.
— Segui sua mãe. Ela tem dormido na rua Bianca. Quatro noites que ela está na cidade tentando uma aproximação e, enquanto não consegue, tem se arriscado terrivelmente — A veterinária disse afetada ao lembrar da cena triste e tudo o que recebeu de Bianca foi uma risada irônica.
— Acredite em mim Rafaella. Conhecendo a Mônica quem corre risco é a cidade e não ela — Bianca entregou sentindo um frio percorrer a própria espinha só de lembrar de tudo o que a mãe era capaz.
— Essa não é uma atitude bondosa, Bi. E você é tão pura... Tudo bem que vocês tem seus problemas, mas isso não te comove nem um pouco? — Bianca negou terminantemente e sem vacilar o olhar na direção de um verde que transmitiu uma clara decepção.
— No fim talvez eu não seja tão pura quanto você pensa — Bianca disse engolindo em seco e deixando Rafa para ir na direção do banheiro, afinal, era hora de trabalhar.
Rafaella não conseguiu se dedicar tranquilamente ao trabalho, não quando ao longe percebeu a figura da senhora tentando inutilmente mais uma vez estabelecer comunicação.
Seria essa a prova que eu precisava?
Se submeter a um sofrimento como aquele por algo de atenção que sequer sabia se chegaria?
Rafaella não sabia o que pensar. E na indecisão, buscou a outra Andrade no fim do quinto dia para contar o que viu.
— Isso é muito triste. Já falou com Bianca sobre? — Marcela quis saber. Nesses dias sua mãe apareceu vez ou outra para falar com ela. Não tratou Mônica com hostilidade, mas também não fizera questão de chama-la para um café.
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...