Bianca ficou impressionada em constatar o tamanho requinte no que imaginou que seria uma simples festa na fazenda.
Havia garçons por todos os lados, mesas bem dispostas e até um cantor cantando tocando vários sucessos que agitavam uma boa festa de interior.
Era quase engraçado perceber como os convidados, todos de origem humilde, destoavam de algo tão elegante, mas ao mesmo tempo também lhe causava ternura.
Rafaella é mesmo uma ótima pessoa.
Não poupava esforços para levar o melhor para quem se propunha e disso Bianca não tinha muitas dúvidas.
— O que você quer fazer primeiro? — A voz de Vivian soou mais perto de Bianca devido ao som alto no meio da vila e a morena começou a pensar assim que absorveu a pergunta.
No entanto, não teve muita autonomia quando o artista anunciou que começaria músicas de um cantor que ela gostava muito.
— Essa é só para quem acabou de sair de uma furada e está feliz. Porque quando você avisa uma, duas e três e a pessoa não leva a sério o melhor é sempre dar um ponto final. Para os solteiros bem resolvidos — Dito isso, o cantor começou a entoar os versos de um forró que Bianca conhecia a letra de trás para frente.
— Eu não sei dançar bem esse ritmo, não queria te decepcionar — Vivian disse um pouco envergonhada em admitir. Era ótima com funk ou sertanejo, mas forró?
— Eu te ensino. É facinho — Garantiu a morena arrastando aquela loira até o espaço onde alguns casais começavam a dançar com a música já perto do refrão.
O pior é que agora
'Cê tem que engolir o choro
Porque eu não te quero mais
Nem pintada de ouro
Não me diga que eu não avisei
Não foi uma nem duas nem três
Falei sério e você brincou
Mas quando eu digo que acabou, acabou
E quando eu digo que acabou, acabouJuntando o fato de que Bianca dançava coladinho com Vivian aquela letra pavorosa e que a manauara errava os passos causando risadas na morena era simplesmente o próprio inferno para Rafaella.
— Quer que a gente fique aqui com você? — Marcela perguntou percebendo o olhar fixo de Rafa na pista de dança.
Rafaella trincou o maxilar um tanto irritada por ser tão clara com que estava sentindo que todos agora eram capazes de perceber.
— Não é necessário. Na verdade, depois das dores de cabeça que causei a Gizelly no mínimo vou permitir que a noite dela seja melhor que a minha, certo? — A mineira falou pegando duas bebidas assim que o garçom passou e depois quase discutiu com Marcela e Gi, só cessando quando as duas também decidiram procurar a pista de dança.
Sozinha e com os seus copos Rafaella foi começando os trabalhos com a cachaça e tomou uma inteira e depois a outra recostando as costas na cadeira assim que começou a próxima música para o seu alívio.
— Ainda bem porra — Xingou baixinho pensando que era hora de se levantar e encontrar uma parceira para dançar também.
Mas sequer conseguiu se desvencilhar da cadeira e retornou a ela com a nova música bagunçando os seus sentidos.
Meu orgulho caiu quando subiu o álcool
Aí deu ruim pra mim
E, pra piorar, 'tá tocando um modão
De arrastar o chifre no asfalto.— É sério isso? Mas que merda — Se indignou e frustrada pegou mais dois copos assim que outro garçom cruzou o perímetro em volta da sua mesa.
Eram dois copos americanos com vodka pura.
'Tô tentando te esquecer
Mas meu coração não entende
De novo, eu fechando esse bar
Afogando a saudade num querosene
VOCÊ ESTÁ LENDO
O rugido da leoa
Fiksi PenggemarPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...