— Então porque não bate a porta como alguém normal? — Felipe questionou outra vez tentando alcançar a gaveta.
Outro tiro ressoou e dessa vez sentiu a quentura da pólvora na ponta dos dedos.
Os recolheu entre as pernas desistindo de qualquer futura tentativa.
— Até parece que não me conhece... Eu sou Rafa Kalimann. Adoro entradas triunfais — A loira disse estendendo a arma para abaixo do queixo do rapaz, brincando com o cano por ali como quem o acariciava.
É como receber um afago da morte.
Pensou o homem tremulando algumas vezes.
— E outra... Se eu batesse a porta duvido muito que você tivesse aberto para mim. Não tendo ideia da razão da minha "passadinha" — A mineira falou separando os lábios do paulista e introduzindo o cano da arma ali.
Com o dedo no gatilho seria fácil somente soltar e acabar com tudo bem ali.
— Não sei do que está falando — O moreno mentiu como podia com o objeto tomando espaço por dentro de sua boca.
Rafa sabia que não tinha verdade em sua tentativa e considerou quebrar de uma vez por todas a promessa feita.
Se ao menos não fosse a Gizelly.
Suspirou derrotada tirando a arma da boca de Prior que tomou ar por repetidas vezes, como se acabasse de ser salvo de um afogamento.
— Está pensando que eu sou alguma idiota? Eu sei que foi você quem mandou a pessoa que tentou me matar. Você é o único com um... — Começou a dizer redirecionando a arma para perto das calças de Felipe — ...Dois motivos — Desdenhou.
— Poderia perfeitamente ter sido eu, mas dessa vez não foi. Acha que eu sou tão suicida? — O fazendeiro questionou tentando convencer Rafa que não acreditou em uma só palavra.
Conhecia Antoniazzi desde que eram pequenos. O rapaz era inconsequente, perverso, mimado e estúpido. Todas essas características juntas numa só pessoa certamente a levariam à ruína.
E Prior acabara de encontrar a sua ao mexer comigo.
A veterinária prometeu.
— Eu não acho, tenho certeza. Eu te estudo há anos, muito mais do que imagina e sei precisamente quando está mentindo. E está agora — Rafaella declarou deixando entrever o quão profundamente conhecia quem tomava como inimigo.
A Leoa ia longe.
Aprendia e decorava cada aresta presente na vida da pessoa que detinha como alvo.
Empregados, ligações criminosas e até trejeitos.
Do contrário, nunca invadiria sua casa.
Tudo o que Rafa Kalimann fazia era antes milimetricamente pensado.
— Rafinha... — O paulista tentou estabelecer um diálogo buscando a mão da mineira espalmada em seu lençol — Juro pelos meus pais que não fui eu que atentei contra você — Rafa afastou a busca das suas mãos com a ânsia de vômito na garganta.
Como podia ser tão sujo?
Se questionou a mulher.
Não era como se Felipe tivesse pais ruins. Era bem ao contrário, na verdade.
Os pais de Felipe, segundo o que Rafa observou por boa parte da infância, eram pessoas amáveis que de tudo faziam pelo único filho.
Talvez isso fosse precisamente o motivo de ele achar depois de adulto que podia ter toda e qualquer coisa ao preço que custasse.
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O rugido da leoa
FanficPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...