Capítulo 71 - Te amar assim

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O clima na Fazenda Kalimann nunca esteve tão mórbido e tudo isso se devia ao fato de que Bianca ocultou de Marcela que sabia que não eram irmãs.

— Fiz isso porque eu não queria que terminasse sofrendo — Disse a Andrade menor assim que as duas atingiram o assoalho da propriedade. Evitaram entrar em atrito no caminho por não quererem submeter as presenças das namoradas a uma discussão desagradável num espaço tão restrito quanto era o carro, mas não conseguiram não levar isso a diante quando chegaram.

— E adivinha? Estou sofrendo em dobro porque além de ter descoberto que todo esse tempo vivi uma mentira ainda fiquei sabendo que minha irmã, a certa maneira, contribuiu para manutenção dela — Disse Marcela transtornada como nunca estivera diante de Bia. Se fosse necessário um gatilho para que chorasse a morena o havia acessado naquele instante.

— Eu nem sempre soube. Faz menos de um ano Marcela — Tentou Bianca ensaiando uma defesa.

— Que fizesse um dia, Bia! Você não tinha o direito de esconder isso de mim quando sempre fomos tão parceiras uma da outra — A loira confiava piamente em sua irmã. E agora, como se fosse pouco, viu o sentimento que foi mais certo em sua vida ser completamente abalado.

— Eu sei, mas é que eu temia que você quebrasse — Justificou entre lágrimas teimosas que começavam a partir de seus olhos.

Gi e Rafa que presenciavam a cena desenrolada em plena sala da fazenda de uma distância considerável também sofriam a dor das respectivas parceiras em menor escala.

— Eu não sou de vidro. Sei que posso parecer sensível e até confesso que sou, mas isso não quer dizer que devo ser poupada das coisas por isso, ainda mais algo tão sério — Marcela argumentou um pouco mais devastada.

Queria correr dali e se enfiar debaixo das cobertas até que quando acordasse fosse capaz de perceber que era um pesadelo. E sim, ela sabia que isso era ser frágil, mas também, quem não seria diante daquela informação?

Estava quebrada como disse sua irmã.

Mas mesmo que fosse para negar a verdade tinha o direito de sabe-la. O que faria cabia a ela.

— Fiz isso porque te amo — Bia insistiu enxugando as lágrimas com as costas das mãos. Rafaella avançou um passo, mas Gi a segurou.

Se fosse para chorar, para gritar ou até prometer uma não olhar na cara da outra precisava ser o mais entre elas quanto fosse possível acontecendo bem no lugar da casa que dava passagem para todos os outros.

— E nem nesse momento que sinto tamanha dor eu duvido. Não te entendo em nada, mas não te desminto quando expressa esse sentimento para mim. Só não me peça que te responda agora, no meio dessa angústia, porque eu não consigo lidar com te amar e saber que você fez isso — Era conflitante admitir amor em meio a tanta decepção.

Sabia que amava Bianca, mas naquele instante não podia dizer.

— Não só isso — A Andrade declarou engolindo em seco. Sabia que com isso terminaria de esfarelar o coração quebrado da irmã, mas entendendo a gravidade de sua omissão se viu defronte a mais uma atitude equivocada que a assombraria por toda vida se não dissesse naquele instante.

— Como assim? — A mais alta perguntou no auge de sua ingenuidade.

— Sabendo que Mônica te contaria a verdade eu armei para que ela nos visse com Ivy e Mariana. Foi minha forma de adiar a descoberta da verdade — Falou de uma vez e quase tão rápido que sua irmã não entendeu. Mas entendeu.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora