Capítulo 22 - O convite

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Marcela Andrade estava mais que compenetrada em seus atendimentos. Já havia recebido pelo menos três mulheres e duas crianças cujos problemas tinha alcançado resolver.

O último que havia saído era um menino em que aplicou um pouco de óleo de cravo para que a dor de dente cessasse até a visita de um bom dentista.

Estava precisamente guardando o frasco quando foi surpreendida pela entrada dos irmãos Lenhardt e do pequeno Marcelo.

— Olha quem veio visitar a Doutora Fada — O loiro falou levantando os dedinhos do menino que o olhou com olhos castanhos absolutamente curiosos.

— Olá pequenino — Marcela falou se aproximando do bebê que sorriu a sua presença no momento em que ela entrou em seu campo de visão — Posso? — Questionou e Gabi deixou que a Andrade tomasse o menino nos braços.

Marcela sentiu o cheirinho de criança e automaticamente sentiu qualquer peso do coração se esvair nas respirações suaves do diminuto moreno sobre seu peito.

E não que estivesse triste. Com os dias havia ficado melhor depois do desastre de algumas noites atrás, mas ainda era difícil perceber a distância de Gizelly para consigo.

Como o olhar castanho evitava o contato e como os sorrisos pareciam estranhos quando deferidos.

— A que devo essa visita tão ilustre em meu consultório? — Marcela perguntou encontrando aquele momento realmente adorável.

— É que Daniel queria... — Gabriela começou, mas se interrompeu diante do olhar de seu irmão — ...E eu também que você aceitasse jantar conosco, em nossa casa. Não será nada muito grande, sabe? É só para retribuir melhor o quanto você nos ajudou — A loira mais jovem terminou de falar com um sorriso ansioso pela resposta de Marcela que mal sabia o que dizer.

Nunca tinham dedicado um jantar inteiro a sua pessoa.

— Eu estou realmente emocionada com isso. É sério, não precisava — A loira mais velha disse com as bochechas ruborizadas e Daniel tocou suas mãos que sustentavam com o corpo de Marcelo.

— É claro que precisava. Você fez tudo, salvou a vida da minha irmã e do meu sobrinho — O pastor relembrou olhando a mulher por vários segundos com um semblante admirado e carinhoso.

Marcela decidiu interpretar assim.

— Eu não teria conseguido sem as garotas. De certa maneira, cada uma foi indispensável para que esse pequeno esteja hoje aqui entre meus braços. Tanto Rafaella, quanto Bianca e Gizelly — A Andrade maior disse com o último nome rodopiando por seus lábios.

Ah Gizelly...

E como se tivesse evocado a simples presença a capixaba, que passara pela porta, se deteve um único segundo por ali. Foi o preciso instante para que seu olhar cruzasse com os lábios de Marcela e depois seus olhos.

— Só falar no diabo que aparece o rabo — Falou Daniel num tom divertido cedendo a cadeira que estava sentado a governanta que ainda sim não fez menção de entrar.

— Só estava circulando por aí — E não era de todo mentira. Estivera andando pela sede e seus pés a guiaram exatamente a porta que sabia que Marcela estaria.

Não era a primeira vez que acontecia. Mas na sua mente a capixaba sempre se convencia depois de muito repetir que todas as cinco vezes que aquilo aconteceu naquela semana era só por acaso.

— Então circula mais perto porque eu tenho um convite para você — Gabi disse levantando para buscar a menina, fazendo com que se sentasse onde Daniel ofereceu — Agora que Marcela disse eu acho que faz todo sentido. Ela sempre e inevitavelmente será minha salvadora maior, mas você e as outras meninas tem muito a ver com o fato de ter dado tudo certo. Então, se não for incômodo, gostaríamos de receber todas em nossa casa em um jantar para agradecer por tudo o que fizeram por nós — A Lenhardt mais moça falou tomando as mãos de Gizelly com delicadeza ao falar.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora