De carro, saíram pontualmente às oito da manhã Bianca, Marcela, Gizelly e Rafaella.
A fazendeira se encarregou de que a Andrade maior também estivesse incluída no processo já que agora ela também trabalhava baixo seu nome e era necessário que estivesse devidamente adequada.
Inclusive, grande foi a discussão entre ela e Bianca acerca disso.
Rafa perdeu a conta de quantas vezes a menina havia batido o pezinho até que aceitasse. E só o fez porque a fazendeira prometeu descontar do salário das irmãs.
No entanto, Rafa nunca faria semelhante coisa. Se aproveitando do fato de que Bianca ainda não sabia quanto ia ganhar fingiria apenas.
— Seu carro é bonito, mas confesso que ainda dá um medo danado de andar assim sentada enquanto ele se move — A Andrade menor confessou enquanto balançava os pés encobertos por uma sandália gasta.
Botas, camisas, calças, chapéus, lingerie, vestidos e sandálias.
Rafa foi repassando a sua própria nota mental.
— Bianca! Elas vão pensar que somos dois bichinhos do mato! — Marcela disse ficando subitamente vermelha com a admissão da irmã.
Também achava esquisito andar em automóveis. Era só a terceira vez que o fazia na vida, no entanto, tinha muita vergonha de demonstrar estranheza diante de Gizelly.
E de Rafa também.
Completou na sua mente depois de quase um minuto.
— Tudo bem, Marcela. Se querem saber eu também fiquei nervosa quando andei num carro pela primeira vez — Tinha três anos, entretanto, não diria essa parte nem sob tortura, afinal, era uma história para que as Andrade se sentissem mais a vontade.
— Tá vendo? Até a Rafa teve medo e ela não tem medo de nada — A morena falou cruzando as mãos a frente do peito e mostrando a língua para a irmã.
— E quem disse que não? — A veterinária questionou olhando pelo retrovisor para a menina cujo pé já ganhava vida.
— Eu vi você apontar uma arma contra uma porta e a abrir sem saber quem e como estava do outro lado. Você é corajosa, Rafaella — A loira corou de maneira que a mulher de mechas douradas não deixou de reparar.
Gi sorriu, cutucou Rafa com o ombro e moveu a cabeça de Bianca a sua amiga.
A fazendeira revirou os olhos e apertou mais forte o volante.
O que Bianca via de tão bom nela? Porque a estava sempre a elogiando como se fosse alguém digno?
Não tinha ideia.
Mas a sensação fazia o sorriso inevitavelmente voltar aos seus lábios assim que sentiu que não estava mais sendo observada...
✨
Chegaram a Santo Antônio Escondido depois de meia hora de estrada.
Para Rafa, usualmente, não era nada sério. No entanto, com Bianca a puxando pela mão o tempo todo com sua típica inocência pela loja a experiência se tornava quase boa.
— Olha que chapéu bonito! Ficaria muito bem em você — A menina disse tomando o item do cabideiro vendo Rafaella negar.
Como explicaria que os seus ela gostava de mandar fazer?
E não, ela não admitiria que tinha a ver com os muitos centímetros de cabeça.
— Em você bem mais — Foi como respondeu pegando o chapéu da mão da Andrade mais jovem para depositar sobre sua cabeça — Muito melhor — Rafa disse pressionando a aba com a ponta do indicador para que Bianca pudesse enxergar bem.
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O rugido da leoa
Fiksi PenggemarPara viver em Santo Antônio Escondido não é necessário muita coisa. Basta que goste do clima campestre, de moda de viola e, sobretudo, entenda que nesse espaço distinto do mundo os conflitos se resolvem na ponta de uma bala, ou de uma faca se é o qu...