Capítulo 17 - A visita

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Rafaella passou suas mãos pelas pontas afiadas quase sentindo rasgar a pele da ponta dos dedos.

Era perto da meia-noite de uma terça-feira e, com sorte, pegaria o homem em sua cama.

Vagaria pelo seu quarto na calada da noite e o faria pagar por sua impertinência com juros e correção.

Por ela o mataria, mas essa decisão não era só sua.

Dessa maneira, se limitou a correr os olhos verdes da coleção de facas e punhais até as armas.

Sentiu pela Buck 119 Special, a de estimação com capa de couro e material inoxidável, mas estava decidida a não ser muito sangrenta.

Temeu sentir o sangue de perto e trucida-lo com a facilidade de respirar.

Tinha razões de fazê-lo.

Seguiu para a parede ao lado e liberou o painel com as inúmeras pistolas. Escolheu a Beretta Cheetah.

Leve e fácil no gatilho.

Abriu uma das gavetas do seu humilde arsenal e tirou projéteis o suficiente para carrega-la como queria. Pôs mais alguns por precaução entre os seus bolsos e saiu acomodando sua arma no coldre.

Quando deu alguns passos pelo quintal identificou a luz da noite a figura de outrora não desejando, no entanto, encontrar os olhos de águia dessa vez.

Porém, sabendo que não era nada diante de uma imensidão opressora das coincidências aceitou quando Bianca também percebeu sua silhueta pelo espaço e se aproximou.

Aspirou o cheiro suave assim que a menina ficou a centímetros de si.

— Noite bonita, não? Até termino inspirada a fazer coisas necessárias — A morena falou com um sorriso inevitável por encontrar com Rafa naquele mesmo lugar de dias atrás.

Não é que não tenha calculado que estava exatamente debaixo da janela da mulher, mas o fato de ter ocorrido de uma maneira natural a deixava radiante no meio da noite.

E não é que não tivessem se visto outras vezes pela semana. Com os cuidados de Marcela direcionados a Gizelly e o trabalho na plantação eventualmente estavam juntas, mas não exatamente sozinhas.

E Bianca queria desfrutar um pouco da companhia de Rafa assim não entendia as razões.

Buscou os olhos verdes tentando decifrar algo em si com a ajuda deles.

Não conseguiu definir.

Torturar um homem desprezível é sempre necessário.

Era o que passava na mente da mineira da forma mais oculta e obscura.

Mas não queria que Bianca soubesse. Portanto, em sua mente, concordou em nunca falar sobre isso com a menina.

— Como o que? — Rafa perguntou colocando as mãos nos bolsos enquanto inclinava o corpo e voltava ao lugar num movimento de frente e trás que demonstrava, mesmo que não fosse sua intenção, a pressa de seguir o caminho que traçou para aquela noite.

— Atrapalho? Porque se achar melhor eu posso simplesmente encontrar outra rota  — A menor perguntou com uma inocência que fez Rafa se lembrar o porque precisava ser cautelosa em relação ao seu lado oculto com Bianca.

A menina era só luz.

Não podia contamina-la.

— Você não atrapalha, se o fizesse, não estaria perguntando nada — Suas palavras serpentearam por sua língua antes que o cérebro registrasse a sua imbecilidade. Iniciou uma briga interna.

O rugido da leoa Onde histórias criam vida. Descubra agora